Total de visualizações de página

terça-feira, outubro 27, 2015

Amnésia IX

Capricórnio está vendo o vídeo, fica um pouco assustado e surpreso:
- Certo, vamos ver se consegui entender. Meu irmão foi assassinado, por alguém desconhecido, logo descobri que quem morreu foi um clone, até aí tudo bem, pois eu sou um clone, depois eu sou contratado por alguém para matar o meu próprio irmão, então tendo coragem para isto, atiro na minha cabeça, pedindo para o meu irmão me salvar, que ao que parece deu certo, pois eu sou o resultado do meu pedido, mas isto deixa mais perguntas do que respostas.
- Bom, agora você sabe como foi morto e porque, os detalhes que estão faltando são: quem o contratou e por que mandou matar seu irmão, além de por que você aceitou o trabalho.
- Eu ainda não sei o que eu fazia, mas pelo jeito era uma vida perigosa.
- Ser jornalista é perigoso sim, mas não sei se nesse nível.
- Evidentemente eu tinha uma profissão paralela. Sabe o que mais me intriga?
- O que?
- É que lá no jornal, me contaram uma história diferente para a minha morte.
- Diferente? - diz Sheila – Um pouco nervosa.
- Sim, me disseram que fui assaltado, que desarmei os assaltantes e que ao chamar a polícia para encerrar o assunto, fui baleado e roubado e pela minha narração da vida passada eu tirei a minha própria vida. Alguém teria que ser muito criterioso para criar uma história como essa para ser aceita como verdade de modo que a polícia abandonasse o caso.
- Tem razão Pandiá, o suicídio seria mais simples e a polícia também arquivaria o caso já que ficou bem claro quem foi o autor dos disparos.
- A partir de agora, não sei o que fazer, onde devo procurar o meu irmão, o galpão onde estávamos perece ser um local ermo e sem localização aparente, devíamos começar por lá, mas como saber onde é?
Pandiá olha pela janela e vê um movimento nas folhagens:
- Sheila, acho que não precisaremos encontrar ninguém.
- Por quê?
- Porque já nos encontraram.
LaBanca derruba a porta com o pé acompanhado de Epaminondas e diz:
- Desculpe o mau jeito Sheila, mas onde está o seu marido?
Sheila desconcertada o procura, mas Capricórnio foi mais rápido, ela responde:
- Onde o deixou da última vez LaBanca, no cemitério.
- Sabe Sheila, estou com pouca paciência hoje, ele apareceu lá no jornal, não foi mesmo Epaminondas, eu imagino que se eu morresse e ressuscitasse procuraria alguém conhecido como a minha esposa.
- Olha LaBanca não sei que tipo de droga você anda usando, mas eu...
LaBanca a pega pelo pescoço e diz:
- Capricórnio, acho que tenho uma coisa aqui que talvez você queira, apareça!
- Não faça isto, não se preocupe comigo. – Diz Sheila quase sufocando.
- Largue a moça LaBanca. Ela não tem nada com a nossa briga.
- Eu tinha certeza que o seu lado herói estava aí em algum lugar, mas não pense que salvou uma donzela em apuros, esta sua esposa não é tão santa quanto pensa.
- LaBanca não faça isto.
- Sheila eu perdi tudo porque confiei em você, não vou cometer o mesmo erro.
- O que está havendo – Diz Pandiá.
- Ah sim, você é daquelas pessoas que acha que as esposas contam tudo para seus maridos, é claro que não é o caso da Sheila, não é mesmo?
- LaBanca, deixe-me falar com ele.
- Claro adoro estas reuniões de família, você tem 5 minutos, tem algo para comer nesta casa. – Diz isto e se encaminha para a cozinha.
- Diga Sheila, o que é tudo isto?
- Bem, não fui totalmente sincera com você.
- Em relação a que? É tudo mentira: a pesquisa, a clonagem, sobre o que exatamente não falou a verdade, talvez o hipnólogo.
- Pandiá, quase tudo é verdade, depois que você descobriu sobre o projeto do seu irmão eu fui procurada pelo LaBanca, de início recusei a proposta dele, mas eu estava cansada desta vida de mulher de jornalista perseguido, sabia que a qualquer momento estaria viúva e sem dinheiro, então aceitei investigar você, passei todas as informações para eles em troca de dinheiro, eu sabia o dia que você iria morrer e até a forma que foi exatamente como foi contada para você pelo Epaminondas, mas aconteceu outra coisa, você foi encontrado com um tiro na cabeça e a história precisou ser refeita, segundo o LaBanca eu não havia ajudado em nada, o plano tinha ido por água abaixo então eu não merecia mais o dinheiro prometido.
- Mas esta história não se encaixa, quem me contratou para matar o meu irmão?
- Esta é a parte que eu não sei, fiquei surpresa quando ouvi você contar aquela história no hipnólogo.
- Sheila pode deixar que eu assumo daqui – diz LaBanca - senhor Pandiá você também sabia que não tinha futuro como jornalista, nós pesquisamos você, tinha treinamento militar sabia algumas artes marciais e trabalhava de jornalista, era um desperdício, então o Epaminondas me ligou disse que tinha o cara perfeito para resolver nossos pequenos problemas e você trabalhou para nós durante muito tempo cobrando de quem não pagava e matando quem era necessário ser morto, o teste para você entrar foi o tal assalto, quando você desarmou três pessoas usando apenas as suas mãos, sabíamos que tínhamos o nosso homem. Acontece que seu irmão fez uma grande descoberta e você precisava matá-lo para conseguir as suas pesquisas, não sei como seu irmão escapou e você apareceu morto, daí a minha curiosidade, como você renasceu, alguém do vodu o ressuscitou?
Neste momento um projétil entra na cabeça de LaBanca, Epaminondas corre desesperado e é alvejado com várias tiros ao sair para fora da casa. A casa estava cercada pela Polícia Federal.
- Senhor Pandiá?
- Sim.
- Eu sou o agente Milho
- Milho?
- Sim, Gustavo Milho, senhor, é uma honra finalmente conhecê-lo.
Depois:
- Como souberam que eles estavam aqui, agente Milho?
- O seu irmão Francisco.
- Onde ele está?
- Está vindo para cá. Ele escapou da morte várias vezes, mas ele tinha um localizador em você, sabíamos que a sua suposta ressurreição abalaria os bandidos que perseguiam o seu irmão, então quando você retornou passamos a monitorá-lo.
- Por que não apareceram quando metralharam a minha casa.
- Bom neste dia eu estava de folga e o agente Nelson teve dificuldades para lidar com a situação, quando chamou reforço, você já havia dominado a situação e o nosso objetivo maior sempre foi o LaBanca.
Francisco chega:
- Você deve ser o meu irmão Pandiá.
- Sim. Preciso te fazer umas perguntas.
- Tenho certeza que sim.
- A sua pesquisa está salva?
- Sim. Foi repassada aos cientistas do governo, achei melhor não guardar para mim.
- Confia neles?
- Como confio em um gambá esquizofrênico, também mandei cópias para todos os meus amigos cientistas do mundo, esta patente não será exclusiva.
- Quem era o LaBanca?
- Ele tinha sido contratado para roubar a pesquisa da clonagem e entregá-la a uma indústria que teria o monopólio da pesquisa.
- Eles não precisavam matá-lo.
- Era uma situação com reféns, ninguém queria lidar com processos ou papelada.
- Eu sou realmente um clone?
- Sim.
- Porque fez isto?
- Porque você me pediu além de tudo era a prova que eu precisava.
- Mas você já havia feito um clone seu.
- Mas estava morto, além de tudo preciso saber quanto tempo você pode durar e gostei muito do sacrifício que fez por mim, não poderia deixá-lo morto.
- E agora?
- Não entendi a pergunta.
- O que vou fazer, minha esposa é uma traidora, eu nem sou um homem de verdade, nem sei que tipo de emprego posso ter.
- Que tal se você fosse o meu guarda-costas eu soube que você tem treinamento militar e sabe artes marciais.
Ambos riem muito.
FIM.

segunda-feira, setembro 14, 2015

Poder de Cura II

- Então Senhor Amarillo, nem sei por onde começar, como consigo ver você, você está morto não está?
- Tenho muita coisa para te dizer, digamos que esteja certo quando diz que sou seu amigo imaginário é mais fácil do que dizer como consigo me comunicar com você.
- Mas então tente.
- Todos nós temos o que podemos chamar de antena, ou seja, uma ligação com o mundo espiritual, antes de morrer ativei a sua antena, por isto estamos nos comunicando.
- Certo, então por que eu, poderia ser qualquer outro, não é?
- Na verdade Bóris, não poderia, eu vi a sua aura, sei que você é a pessoa certa, vai entender, quando chegar a sua hora.
- A minha hora de que?
- De desencarnar, pois terá que passar pelo mesmo processo que passei.
- Deixe-me ver se entendi, você me passou um poder de cura.
- Sim.
- E quando eu estiver próximo da morte vou saber porque terei que encontrar alguém para ficar no meu lugar.
- Correto.
- Como sabe disto, como recebeu este poder?
- Olha Bóris, eu o recebi quando estava caminhando no meio de Santiago, alguém esbarrou em mim e disse que finalmente havia me encontrado e então poderia descansar em paz.
- Quem era ele?
- Eu tive muita dificuldade para descobrir, mas ele era um turco chamado Mohamed Assad, soube muito pouco dele, apenas que tinha poder de cura e depois de muito tempo descobri que também tinha, pois percebi que não havia mais adoecido depois do contato e que todas as pessoas que se sentiam indisposta, gripadas e com doenças de todas as formas eram curadas por mim ao simples toque, de início achei que fosse coincidência, mas depois do vigésimo curado, passei a acreditar.
- Ele conversou com você, como você está conversando comigo.
- Não, não foi necessário, entendi muito rápido o que deveria fazer, virei um curandeiro e ajudei centenas de milhares de pessoas.
- Mas por que então está conversando comigo.
- Porque eu sei o que está se passando com você, nunca teve uma oportunidade na vida, acha que foi um acidente o seu nascimento, cometeu vários crimes, sempre em busca de riqueza e conforto, acredite isto precisa mudar se quiser manter o dom, se usá-lo de forma errada ele se voltará contra você e talvez se perca para sempre.
- O que está dizendo, que não saberei usar o meu dom?
- O dom não é seu Bóris, é uma dádiva passada de geração a geração, vou ficar com você até que aprenda a usá-lo e então o deixarei para tomar suas próprias decisões, mas não estarei contigo o tempo todo venho te visitar de tempos em tempos para saber como está.
- Tudo bem, o que devo fazer agora, abrir uma tenda.
- Onde acha que deve ir? Onde estão os doentes?
- Nos hospitais.
- Sim, pode começar por aí, esta semana voltaremos a conversar.
Logo, o telefone toca:
- Oi Jamil.
- E aí Bóris.
- Você não tem ideia do que conversei com o Virgílio.
Depois na casa de Jamil:
- Então, o que vai fazer, vai virar um curandeiro, abrindo uma tenda e saindo por aí cobrando das pessoas que estão doentes.
- Eu não sei, mas não seria uma má ideia.
- Sério que está pensando nisto.
- Sei o que estou fazendo.
Bóris tem uma ideia interessante, vai até o hospital da cidade e conversa com o diretor:
- Senhor Bóris, o senhor é médico?
- Não.
- Tem curso de enfermagem, patologia clínica ou algo laboratorial.
- Não.
- Por que o senhor acha que seria útil a um hospital.
- É mais fácil mostrar do que falar, me leve ao seu pior paciente, o de pior estado no hospital.
- Senhor, desculpe meu ceticismo, mas o que acha que pode fazer por ele.
- Como é mesmo o seu nome senhor diretor?
- ´Carlos Ruiz.
- Senhor Carlos o que você verá hoje, mudará a sua compreensão de vida. O que o senhor tem a perder.
Na UTI do hospital:
- Este paciente tem câncer de cérebro, já houve falência do rim e seu cérebro é uma grande gelatina tem poucas horas de vida, a sua família é muita rica, já recomendei desligarem os aparelhos, mas não aceitaram e disseram que se o fizéssemos fechariam o hospital.
- Vamos fazer o seguinte, quando eu disser, você vai desligar os aparelhos, garanto a você que ele vai sobreviver.
- E se não der certo?
- Quanto tempo ele tem sem os aparelhos?
- 3 no máximo 4 minutos.
- Antes disto eu darei o sinal para ligarem de novo se não der certo.
E assim foi feito, Bóris pegou na mão do paciente, fez o sinal para o médico, os aparelhos foram desligados; o paciente sentiu uma energia subindo por sua mão e a percorrer o seu corpo todo e logo se levantou, perguntando quanto tempo havia dormido. Todos ficaram estarrecidos e o hospital ficou sabendo do curandeiro em poucos minutos. Após vários exames, perceberam que não havia mais câncer no cérebro que o rim havia se recuperado e que tudo estava em ordem com o paciente e que na verdade poderiam até lhe dar alta naquele mesmo momento. Logo depois no escritório do diretor:
- Como fez aquilo senhor Bóris, este paciente está com a gente há muitos anos e você só o tocou e ele ficou bom.
- Olha Carlos, já disse tinha que mostrar porque se eu contasse você não iria acreditar.
- O que me leva a grande pergunta, por que veio aqui senhor Bóris.
- Eu quero um emprego.
- Um emprego, mas como vou empregá-lo, não tem nenhuma credencial para medicina.
- Já viu o que posso fazer, dê um jeito de me aceitarem e prometo a vocês que seu hospital será o mais famoso do mundo.
Os olhos do diretor brilharam e ele prometeu pensar no assunto:
- Não demore muito, posso ir para outro hospital.
Carlos pensa muito no assunto, conversa com amigos, com a diretoria e até com religiosos a respeito do curandeiro, ouve as opiniões das mais diversas e resolve aceitar a proposta de Bóris.

Continua.

quarta-feira, agosto 19, 2015

Mephisto II

Na clínica:
- Dr. Marcelo, não precisava vir tão cedo.
- Eu sei que não Dr. Bruno, mas eu quase não consegui dormir por causa das revelações do bar; ele está aí?
- Sim está.
Dr. Bruno está olhando para o monitor na sua sala que tem uma câmara de segurança que dá direto para o quarto de Mephisto, enquanto olha para o paciente vai dizendo:
- Sabe o que é interessante Dr. Marcelo?
- O quê?
- Ele disse que tem um equivalente, mandamos investigar, quero dizer, eu tenho um amigo na polícia federal, sabe, e localizaram as suas digitais, o sujeito que é dono das digitais mora no interior do Paraná e sabe do que mais, ele tem apenas 20 anos.
- Mas este homem tem pelo menos 40, e como pode ele estar no interior do Paraná, ele está aqui, estamos olhando para ele.
Neste momento Mephisto se levanta da cadeira e desaparece depois de 2 passos, deixando os doutores perplexos, eles correm desenfreadamente pelos corredores da clínica para o quarto de Mephisto e depois de uma procura minuciosa, inclusive imaginando que o sujeito poderia estar invisível, concluem que Mephisto desapareceu:
- Qual era o nome dele Dr. Bruno?
- Se lhe dissesse você não acreditaria.
Mephisto acorda dentro de um carro com a sua esposa dirigindo:
- Ei, finalmente, “belo adormecido”.
- O que aconteceu?
- Você pegou no sono.
- Tive um sonho estranho.
- É! “Sonho”!
- Você está estranha. Onde estamos indo?
- Visitar a minha irmã.
- Sim, a Soraia. Desculpe, mas só pra confirmar, você é a Jéssica não é?
A esposa olha para ele, descrente:
- Ainda acha que eu estou estranha, não se lembra do nome da sua mulher?
- Se eu te disser que não me lembro do meu nome.
- Sim eu sou a Jéssica e você é o Mephisto.
- Não, não é possível, Mephisto não é um nome.
- É claro que não, é codinome, assim como Jéssica, nunca dizemos nossos nomes verdadeiros. Podemos estar sendo vigiados. Você não está muito bem não é?
- Me diga, o que nós somos?
- Viajantes do tempo.
- Tá brincando?
- É claro que eu estou brincando, somos pessoas comuns, na verdade não tão comuns assim, trabalhamos para a polícia federal e estes nomes são codinomes.
- A Soraya também está nessa?
- É claro, ela foi presa por isto e nós a visitamos para coletar informações.
- Jéssica, eu viajei no tempo e encontrei a Soraya com 15 anos.
- Sei, e quando isto aconteceu?
- No início desta viagem de carro, passei 4 dias no ano de 1995.
- Você só pode estar doente. – pausa - mas agora que mencionou, quando mostrei uma foto sua para a Soraya, ela disse ter certeza que já havia visto você, exatamente como na foto em 1995. Ela disse que é uma coisa difícil de esquecer.
- Sim, porque eu a encontrei numa praça, logo depois de ter entrado neste carro para visitá-la.
Eles chegam ao presídio:
- Soraya, já conhece o Mephisto.
- É claro, você é o sujeito que apareceu para mim a cerca de 20 anos, como conseguiu viajar no tempo?
- Eu não sei, talvez você possa me dizer.
Neste momento tudo fica congelado, as pessoas estão paralisadas o relógio está parado, somente Mephisto e Soraya conseguem se mexer:
- Mephisto, é assim que você é conhecido não é?
- Sim. O que aconteceu?
- Você provocou um problema no espaço tempo.
- Como?
- A partir do momento que você apareceu em 1995, você mudou a vida de dois médicos, o Dr. Bruno e o Dr. Marcelo, você precisa consertar isto, porque senão, nós teremos um problema muito sério em 2015.
- Do que está falando?
- O Dr, Bruno curou um sujeito no ano 2003 de uma doença mental, ele descobriu um psicotrópico capaz de evitar alucinações e este homem virou Secretário Geral da ONU, por causa de sua interferência o interesse do Dr. Bruno mudou e ele passou a se dedicar em descobrir como funciona a viagem no tempo, tem que voltar e consertar isto, porque senão, se instaurará uma guerra nuclear na metade 2015, porque o secretário não irá se curar e não poderá negociar a paz entre as grandes nações, estaremos condenados.
- Soraya como você sabe tanto do futuro?
- Porque eu sou uma agente do tempo.
- Se você é uma agente do tempo porque não conserta isto?
- Você não entendeu, eu não posso consertar nada, somente o causador do dano tem poderes para evitar que ele fique maior ou para anulá-lo, posso apenas ciceroneá-lo.
- Então pode me dizer uma coisa?
- Sim.
- Como eu me chamo?
- Albert Einstein.
- Tá brincando?
- Não, Mephisto, você é uma das mentes mais brilhantes da história da humanidade, não poderíamos deixá-lo morrer.
- O que vocês fizeram?
- É chamada, engenharia genética de dados, baixamos a sua personalidade para o hospedeiro há anos você recebe todas as memórias dos hospedeiros e suas memórias anteriores são apagadas, então mantemos a sua inteligência e a usamos para monitorar o tempo, mas sempre ocorrem danos colaterais como lapso de memória, distúrbio de personalidade, mas você nos ajudou a criar a rede de vigilância temporal.
- E o nome Mephisto?
-Tem sido o seu codinome há muito anos, você o escolheu, disse que tinha um significado especial, quem somos nós para questionar uma mente brilhante como a sua.
- Certo e o que deu errado, desta vez?
- Na última viagem que fez ocorreu um erro de logaritmo e você perdeu a capacidade de se lembrar da missão.
- Que era?
- Incentivar o Dr. Bruno a encontrar este psicotrópico.
- Então eu comprometi a missão.
- Sim e terá de desfazer o dano.
- Como?
- Desta vez não haverá erros, você vai voltar a 1995, evitar que o seu equivalente seja tratado pelo Dr. Bruno, deve deixá-lo com alguém que seja cético, deve fazer amizade com o Dr. Bruno e incentivá-lo a pesquisar o psicotrópico.
- E quanto a você devo evitar o encontro?
- Não, foi por isto que entrei para a agência se evitar este encontro pode por tudo a perder, só estou falando com você por causa do encontro que tivemos.
- E qual o nome do remédio.
- Colinabinezol.
- Mais uma pergunta, como faz para o tempo parar assim?
- Senhor Einstein, isto foi criado pelo senhor, devia saber.
- Como eu viajo no tempo?
- Procure o senhor Guarabira lá na Delegacia da Federal, ele te dará as coordenadas.
Neste momento tudo volta ao normal e as pessoas voltam a se mexer:
- E então Soraia alguma novidade?
- Tá difícil de conseguir informações, mas acho que na próxima visita poderei ajudar mais, Jéssica.
Saindo do presídio:
- Mephisto você está com uma cara, aconteceu alguma coisa?
- Não, conhece alguém chamado Guarabira?
- Sim, é o diretor geral da PF.
- Você poderia me ajudar a falar com ele?
- Sim, o que você quer? Se demitir?
Mephisto olha com ar de indagação:
- Brincadeira, é que é muito estranho você quere falar com ele, não imagino que assunto tenha a tratar com ele, mas já que insiste.


Continua.

sexta-feira, julho 31, 2015

Xadrez dos Deuses IV

- Mas deixa eu te perguntar uma coisa, Javé.
- Pois, não.
- Por que tudo isto, qual o sentido da existência destas criaturas?
- Olha Mazda, na verdade, o negócio é bastante complexo, porque em cada um deles há um pedaço de mim, quando os criei, eu quis que fosse assim, porque o jogo da vida deles e o sentido de suas existências é a busca deste detalhe divino que, se encontrado, pode mudar a maneira que eles vêm a vida.
- Acha mesmo que isto era necessário?
- Na verdade a decisão é do criador, mas eu recomendo que o faça.
- Por quê?
- Assim você terá acesso a todos eles, entenderá suas angústias, seus sofrimentos e terá acesso a toda a sequência do crescimento individual deles.
- E isto não te deixa maluco, tantas vozes e informações assim na cabeça.
Movimento de Mazda BF8-C5:
- Ora, Mazda, às vezes você fala como se fosse uma de minhas criaturas, nossa capacidade é infinitamente superior, consigo equacionar todos os pensamentos dos indivíduos que criei, você também conseguirá e acredite ainda vai sobrar espaço nesta cachola.
Movimento de Javé BF1-C4.
- É claro que eu já sabia disto, na verdade só fiquei preocupado que isto atrapalhasse os meus afazeres.
- Por isto eu recomendo o livre arbítrio, porque se tiver que tomar decisões por eles aí será uma dificuldade imensa, mas é interessante ressaltar que se você seguir o meu projeto pode ser que ele funcione e se funcionar e todos encontrarem você dentro deles mesmos pode ocorrer o que você temia, todos ficarem dependentes de suas decisões.
- E aí o que eu posso fazer?
- Aí é que vem a grande jogada.
- Não está falando do jogo, não é? Porque é a minha vez.
- Não, eu sei que é a sua vez estou falando que se este, vamos chamar de “milagre” – utiliza os dedos indicador e médio de cada mão para simular aspas – acontecer você tem uma prerrogativa .
- E qual seria?
- A de acionar o piloto automático, ou seja, uma vez que todos estão agindo da forma que deveriam, não há o que ser mudado ou cuidado, seria apenas uma questão de gerenciamento, pois todos agindo de maneira bondosa, as energias se completariam de forma que a sua atuação seria quase que desnecessáriae assim você esuas criaturas atingiriam o estágio final e estaria pronto para a próxima etapa.
Movimento de Mazda, CG8 – F6
- Você conseguiu isto?
- Bela Jogada Mazda. Não, eu não consegui ainda, um dos problemas do livre arbítrio, alguns não acreditam em mim e lideram outros para o mesmo caminho.
- É tão difícil entender porque você não se revela a eles.
- Tenho dois motivos para isto, eu sou a fonte, eles que devem me procurar, é a regra do conhecimento, eles devem vir atrás do conhecimento e como disse antes, eu estou com eles, bastam que eles queiram, se eles não quisesem e eu me revelasse, eu estaria interferindo no livre arbítrio, a outra razão é, eu já tentei me revelar a alguns deles.
- E aí?
Movimento de Javé CB1-C3.
- Aconteceram coisas que eu não previa, como a adoração do profeta que tinha me visto e conversado comigo e o internamento de alguns onde diziam que estavam esquizofrênicos, uma maneira que arrumaram para explicar pessoas que são capazes de ver coisas que outras não podem ver.
- Devo imaginar que esta doença não existe e que isto os ajuda a dormir a noite em vez de aceitar que isto pode ser a verdade.
- Não exatamente, a doença existe, mas em determinados casos são apenas pessoas que têm capacidade de enxergar entidades que outras não podem, por causa do seu desenvolvimento espiritual superior; como a doença se encaixa nesta capacidade, eles preferem achar que é disto que se trata.
Movimento de Mazda CB8-C6.
- Olha Javé este plano parece muito minucioso e deorado, às vezes tenho vontade de desistir.
- Mazda, quanto a demora, você sabe, o tempo nada significa. Devo ser sincero, também já tive vontade de desistir, se há um bom momento para isto é agora, porque depois da criação é muito mais difícil, já dizimei quase todos eles uma vez, deixei uns poucos que ainda achei que valiam a pena, mas hoje não penso mais nisto, acho que foi uma precipitação da minha parte.
Movimento de Javé PD2-D3.
Um sujeito está passando por ali, para, olha bem e diz:
- Você é o Javé.
- Sou sim, nos conhecemos?
- Se nos conhecemos, já conversamos tantas vezes que não teria como não reconhecê-lo.
- Claro, você é o Dartagnan.
- Sou eu mesmo?
- Dartagnan este aqui é o Ahura Mazda.
- Como vai senhor Mazda?
- Vou bem, prazer em conhecê-lo.
- Você é o pai do Zaratustra, correto?
- Vejo que minha reputação me precede.
- Javé, não sabe como estou feliz em encontrá-lo. Tem algum recado para os infiéis.
- Não desta vez Dartagnan, estou apenas jogando xadrez com um grande amigo.
- Certo, eu tenho que ir, como deve saber tenho alguns compromissos.
- É claro que sei, afinal eu sou o seu Deus.
- Com certeza, se precisar não hesite em me chamar.
- Sei que posso contar com você Dartagnan, estarei sempre com você.
- Quem é este Dartagnan?
- Lembra-se que falei dos profetas, este é um deles. Teve muitas dificuldades, primeiro para aceitar que era eu quem falava com ele, depois para lidar com a sociedade descrente, mas ele é um bom rapaz, quis ajudá-lo a se manter firme em sua fé, vi o seu potencial e como estava se perdendo com as tentações do mundo, hoje perambula por aí praticamente sem morada, mas garanto a você que poucas pessoas neste mundo são tão felizes como ele.


Continua

quarta-feira, julho 01, 2015

Voo 3756

Ele estava no aeroporto para pegar o voo 3756, na companhia de sua mulher; objetivavam passar as férias em Fortaleza, já durante o check in, descobriram que houve uma confusão e o número da poltrona da sua esposa havia sido trocado, ao menos foi isto o que acharam que tivesse ocorrido:
- Senhor Silva tente entender.
- Entender o quê? - Gritando a plenos pulmões – Que esta empresa é uma espelunca, nós compramos as passagens com muita antecedência, acabamos de fazer o check-in e você está me dizendo que aquela máquina que acabou de emitir os bilhetes está maluca? Que a minha mulher não poderá embarcar comigo nas férias que planejamos? Nunca vi uma loucura como esta, além de tudo a droga do voo foi transferido, me diga como você quer que eu entenda?
- Então senhor Silva, para começar o senhor não comprou estas passagens.
- Como não comprei, é evidente que eu comprei.
- No meu computador está dizendo que o senhor ganhou um concurso de uma marca de margarina com acompanhante.
- Sim, mas...- já baixando o tom de voz gradativamente – ... é a mesma coisa, não é?
- Vamos fazer o seguinte, o senhor vai neste voo e resolveremos o problema da sua esposa em breve.
- Em breve? O que isto quer dizer, ela não vai? Vou só eu?
- Sim. Até no máximo amanhã o mal entendido será resolvido.
Ainda constrangido com a revelação do atendente ele se despede da esposa e diz:
- Pobre é uma desgraça mesmo, um dia meu amor, eu vou poder comprar nossas próprias passagens.
- É claro que vai meu amor, tenho certeza disto.
A esposa de Silva vai para casa esperar a resolução do problema enquanto Silva fica no aeroporto buscando o que fazer para passar o tempo:
- Barra né, amigo?
- Barra o quê? Te conheço?
- Não, você não me conhece, eu sou o Januário.
- Prazer Januário, Raimundo Silva.
-Estava dizendo que é barra aguardar 5 horas no aeroporto por um voo que já devia estar a caminho de Fortaleza.
- Voo 3756?
- Isto mesmo, agora é ter criatividade para não ficar maluco enquanto esperamos, quis economizar olha o que deu.
- Comigo foi diferente, o tal concurso de margarina é que escolheu a empresa.
- Entendo, mas o que houve com você?
- Fiz o check in ...
- Naquela primeira máquina? – aponta Januário.
- Foi, como sabe?
- Eu também fiz lá.
- Certo. – Silva percebe que o bilhete emitido na mão de Januário é o mesmo número da poltrona de sua esposa – Como disse que se chamava?
- Januário.
- Januário o seu número de poltrona é o mesmo que o da minha mulher, como a máquina pode ter emitido o mesmo número de poltrona para você e para a minha mulher?
- Não tenho a menor ideia, a única coisa que sei é que o voo foi transferido.
- Entendi, Januário será que tem alguma forma de resolvermos isto e você me ceder esta passagem?
- Ta falando do que? De dinheiro?
- Não exatamente, na verdade se eu tivesse dinheiro, não estaria nesta enrascada.
- E do que está falando então, lembre-se que as passagens têm os nomes das pessoas, por ela ser mulher ia ser bem difícil de ser identificada.
- Na verdade o bilhete dela diz o mesmo núnero de poltrona, mas infelizmente acabei rasgando ele de raiva.
- É o jeito é esperar, o que você faz para viver?
- Sou dono de uma oficina.
- Quantos funcionários você tem?
- Funcionários? Não, sou só eu mesmo.
- Exército de um homem só?
- Literalmente, curte Engenheiros...?
- Que engenheiros?
- A música “Exército de um homem só” é do Engenheiros do Havaí..
- Na verdade estava citando o livro.
- Livro?
- Sim, aquele do Moacir Scliar.
- Não conheço, não sabia que existia um livro sob este título
- E eu não sabia que existia a música.
- E você trabalha no que?
- Eu sou representante.
- O que você representa? - Uma marca de iogurte.
- Nossa sempre quis trabalhar para uma fábrica de iogurte.
- É mesmo, estamos precisando de representantes.
- Mas infelizmente, sou um péssimo vendedor. O que acha de caminharmos um pouco pelo aeroporto.
- Será, cara? - Não vai querer ficar 5 horas sentado neste banco, né.
- Tem razão, caminhar vai me fazer bem e aonde vamos?


/Continua

quinta-feira, junho 25, 2015

Amnésia VIII

- Tá me dizendo que sou um tipo de protótipo?
- Sim, na verdade você seria o primeiro de muitos, mas acabou sendo o único.
- Tem certeza disto?
- Tenho sim, com o Francisco morto a sua pesquisa está perdida.
- Será que ele não me disse onde colocou as suas anotações.
- Irrelevante, você não é o Pandiá, não teria como lembrar.
- Mas podíamos tentar.
- O que tem em mente?
- Conhece algum hipnólogo?
- Sim, acredita nisto?
- Não, mas é a melhor chance que temos.
- Tudo bem, não temos nada a perder, mas é importante ressaltar que mesmo que achemos as anotações do Francisco a linguagem é científica, não sei se poderemos dar continuidade ao seu trabalho.
- Nos preocuparemos com isto quando tivermos as anotações.
Andando pelas ruas de Curitiba encontramos nossos amigos diante de uma placa preocupante:
- “Vidas passadas, memórias trancadas, abduções, neuroses e tudo o que sua mente tem feito para te escravizar pode ser resolvido por mim, Lécito Penópolis – sem reembolso.”
- É aqui.
- Lécito Penópolis, o cara é grego?
- Sei lá, só sei que ele é hipnólogo.
Na sala de Lécito.
- Que história mas confusa, tem certeza que me contaram tudo?
- Claro, queremos que nos ajude senhor Lécito.
- Não sei se posso, se o que me disse é verdade a memória dele não irá alcançar além daquele dia em Rondônia.
- Mas o ponto é a vida passada, no caso dele a sua vida passada é o Pandiá.
- Tem razão, não tinha pensado nisso, vamos lá.
Lécito coloca Capricórnio em posição, faz ele dormir e dá as seguintes ordens:
- Capricórnio retorno 10 anos, onde você está?
- Com a minha esposa Sheila.
- Em casa?
- Sim, estamos vendo uma comédia na TV, é muito engraçado – começa a rir desontroladamente.
- Capricórnio ande pelo tempo e encontre o seu irmão Francisco.
- Ele está conosco na Sala.
- Certo, se fixe nele e tente lembrar quando conversaram sobre o trabalho dele.
- Sim, estamos falando sobre isto, ele diz que conseguiu fazer algo que vai mudar a história da humanidade, mas não quer me dizer do que se trata.
- Tente insistir e lembrar quando conversaram sobre a sua pesquisa.
- Conversamos sobre isto há um ano atrás, ele disse que não pode me fornecer detalhes técnicos porque eu não entenderia.
- Ele disse se tem isto guardado em algum lugar?
- Disse que está no lugar mais seguro do mundo, a sua cabeça, nâããããããoooooooooooooo.
- Capricórnio o que está acontecendo.
- Não, maldito, não faça isto, ele é meu irmão, canalha, malçdito.
- Capricórnio concentre-se na minha voz, o que está acontecendo.
- Alguém nos abordou na rua e atirou no Francisco ele está nos meu braços sangrando muito, está me dizendo que tem uma pessoa que pode continuar a pesquisa e que poderia encontrá-la no galpão da sua casa, ele morreu.
- Capricórnio, ta tudo bem, podemos continuar?
- Sim.
- Vá até o galpão e encontre esta pessoa.
- Consegui encontrei-a, Francisco? Você está morto!
Na sala de Lécito a Sheila olha assustada para o hipnólogo:
- Capricórnio, quem morreu?
- O Francisco.
- Com quem você está no galpão?
- Com o Francisco.
- Qual deles é seu irmão?
- Os dois.
- O que está acontecendo? – pergunta Sheila.
Capricórnio está tremendo.
- Está me dizendo que tem 2 Franciscos.
- Sim.
- Pode me explicar como isto é possível.
- O Francisco está me dizendo que fez um clone de si mesmo e que quem morreu nos meus braços foi o clone dele e que a pesquisa está a salvo.
- Podemos continuar?
- Sim, vá até o dia da sua morte.
- Sim estou aqui.
- O que está havendo?
- Alguém está no laboratório do meu irmão Francisco.
- Quem está lá?
- Sou eu.
- Como assim.
- Meu irmão me perguntou como eu tinha ido parar lá e eu respondi que não poderia deixá-lo naquela situação.
- Que situação?
- Eu fui contratado para matá-lo e roubar a sua pesquisa, chego a apontar a arma para a sua cabeça, mas digo para ele me salvar e dou um tiro na minha fronte e tudo fica escuro.
- Capricórnio onde você está?
- Estou no escuro, uma pessoa vestida de branco vem em minha direção me coloca num veículo e me leva até Rondônia na Pensão Sardinha e me deixa lá para que eu acorde na minha nova vida.
- Como é o veículo?
- É feito de nuvens ele coloca um aparelho na minha cabeça diz que é um instrumento que me fará esquecer da minha vida passada.
- Capricórnio quando eu contar até três você vai retornar para nós, um, vem retornando, 2 está mais perto, 3, despertar.
Capricórnio acorda:
- E aí deu certo?
- Você não tem idéia.


Continua.

sábado, maio 23, 2015

Poder de Cura

Bóris era um boêmio, procrastinado, desempregado, revoltado, alcoólatra e com pouquíssimos amigos, sua vida era bastante comum, já havia cometido alguns delitos, mas quase ninguém sabia disto; sua vida começou a mudar em uma manhã que foi muito diferente das que estava acostumado.
- Bóris, você não pode estar falando sério, esta história é uma loucura, não faz nenhum sentido.
- Eu estou te falando Jamil, aconteceu exatamente do jeito que te contei.
- Tudo bem, vamos supor que seja verdade, como você acha que isto ocorreu?
- Eu não sei, mas garanto que aconteceu.
- Certo, vamos lá, me conte de novo o que aconteceu?
- Esta manhã eu acordei, levantei com a cabeça estourando de dor, nenhuma novidade, afinal isto aconteceu muitas vezes comigo, era a dor da ressaca....
- Certo e aí?
- ...então eu coloquei a mão na minha cabeça e a dor desapareceu, neste mesmo momento eu senti uma dor forte no estômago que também era bastante comum ocorrer comigo, aí eu coloquei a mão no meu estômago e a dor sumiu também.
- Será que não é coincidência?
- Coincidência? Acho que não, estas dores me acompanham há anos e somente hoje isto mudou.
- Mas que outra explicação existe, você lembra de alguma coisa quetenha ocorrido ontem?
- Agora que falou; eu me lembrei de ter encontrado um senhor idoso e barbudo que me tocou e disse a seguinte frase: “Receba o dom que lhe dou e use-o com sabedoria”, depois disso sumiu em uma esquina.
- Entendi, este senhor por acaso não é este aqui. – Diz isto mostrando um jornal cuja manchete principal é: “Morre Virgílio de Amarillo aos 85 anos.”
- Incrível, como você sabia? É ele!
- Não sei, apenas palpite.
- Quem é Virgílio de Amarillo?
- Ele é chileno, veio para o Brasil há cerca de 45 anos e desde então tem curado pessoas.
- Curado pessoas, que tipo de cura?
- Todos os tipos.
- Será que ele passou este poder para mim?
- Por que acha isso?
- É a única explicação plausível, vamos fazer um teste.
- Que tipode teste?
- Você sente alguma dor?
- Sim, eu tenho uma dor crônica nas costas.
- Vamos lá, posso tocar nas suas costas?
- Pode.
No mesmo instante em que Bóris tocou Jamil, sua dor passou: - Meu senhor amado, como é possível, eu não tenho mais nenhuma dor, eu a tenho desde de os quinze anos.
- Acho que está provado, eu tenho poder de cura. Mas e o Virgílio de Amarillo, quando ele morreu?
- Ontem, o jornal diz que ele morreu de morte natural.
- Certo, Jamil, acho que o meu problema está ficando maior.
- Por quê Bóris?
- Virgílio de Amarillo está aqui.
- Onde?
- Na minha frente, você não está vendo ele, está?
- Não, não estou.
Virgílio toma a palavra:
- Bóris, é melhor conversarmos em outro lugar, não é muito bom conversar com pessoas que outras pessoas não podem ver.
- Bem colocado senhor Virgílio. Jamil tenho que conversar com o meu amigo imaginário.
- Vai lá e me mantenha informado.

Continua.

sexta-feira, abril 10, 2015

Piadas em Série.

Guilherme recebe uma carta ao chegar em casa, estranhou, pois não havia remetente, mesmo assim, não teve nenhum receio de abri-la. Um leve sorriso toma conta de sua face ao perceber que se trata de uma piada.
“O professor diz aos alunos:
-Ninguém tem tudo e eu vou provar para vocês. Pedrinho, o seu pai tem um carro?
- Sim. - diz o garoto.
- Mas o seu pai tem um avião?
- Não professor.
O professor continua:
- Juquinha e o seu pai tem um avião?
- Tem sim, professor.
- Mas o seu pai tem um iate?
- Não tem não professor.
Neste momento Joãozinho se levanta e diz:
- O meu pai tem tudo professor.
- Como assim Joãozinho?
- Um dia a minha irmão chegou em casa e disse: - Pai este aqui é o meu namorado. - O cara tinha um piercing na língua, usava uma camisa rasgada uma calça de couro, penteado punk, se dizendo ateu e contra o sistema capitalista. Aí o meu pai disse: - Era só o que me faltava.”

- Quem será que me escreveu isto. - pensa consigo. À noite, no bar, Guilherme mostra a carta a Soares, seu colega de bar:
- Então você tem um admirador piadista.
- Não sei o que pensar.
-Recebeu alguma carta anterior?
- Não é apenas a primeira, mas tenho a impressão que não será a última.
- Por que pensa assim?
- É porque não faz sentido, duvido que o objetivo desta pessoa seja apenas me divertir.
No outro dia:
- Guilherme, já disse para não trazer mulheres aqui na pensão. – Diz Dona Filomena que é a dona do estabelecimento.
- Mulheres, do que está falando?
- Uma mulher loira esteve aqui hoje à tarde e disse para lhe entregar esta carta, faz favor de não deixar isto acontecer de novo.
- Uma loira? Como ela era?
- Sei lá, 1,70, cabelos longos e lisos, maquiagem pesada e vestida com uma blusa amarela e um shorts branco.
Guilherme treme e quase desmaia:
- Senhor Guilherme, tudo bem?
- Sim é que na verdade você acabou de descrever a minha mulher morta.
Filomena faz o sinal da cruz e larga a carta no chão, quando está ao final do corredor, grita:
- Deixe os seus mortos longe da minha pensão.
Guilherme abre a carta e se trata de mais uma piada:
“O diretor do hospício desenha uma porta no muro com maçaneta e tudo e diz para os internos que quem conseguir passar pela porta estaria livre, esta solução foi pensada por haver pouco espaço para os internos, então quem percebesse que não era de fato uma porta seria liberado. Então após muitas tentativas dos internos e várias escoriações, o médico percebeu que um deles não havia tentado abrir a porta, então o diretor pensou este deve estar são, mandou que o chamassem e ao perguntar ao interno porque ele não havia tentado abrir a porta, o mesmo respondeu de maneira firme ao pé do ouvido do diretor, eles não vão conseguir abrir a porta, porque a chave está comigo.”
- Já é a segunda carta?
- É Soares, mas tem algo diferente desta vez.
- O que?
- A Dona Filomena, dona da pensão me deu uma descrição da pessoa que deixou a carta.
- Então o mistério está resolvido.
- Não exatamente.
-Como assim?
- Ela descreveu a minha mulher...que morreu há uns três meses.
- Nossa, esta história está cada vez melhor, agora tem até fantasma.
- Pois não é, rapaz, eu estou perplexo e morrendo de medo que ela apareça.
No terceiro dia, outra carta aparece por baixo da porta, Guilherme se ajeita na cama, levanta-se e percebe a carta perto da porta:
- Por quanto tempo isto irá acontecer?
“Um homem estava procurando alguma coisa embaixo de um poste de luz. Uma pessoa chega e pergunta:
- O senhor perdeu alguma coisa?
O homem que estava bêbado respondeu:
- Eu perdi as minhas chaves e estou procurando ela.
A pessoa perguntou:
- Mas você perdeu as chaves por aí?
O Bêbado responde:
- Não eu perdi lá na outra esquina.
- Então porque o senhor está procurando aí?
- É porque aqui tem luz.”

- Ao menos as piadas são engraçadas.
Guilherme sente um misto de apreensão e alegria, pois as piadas são boas, mas o que o preocupa é quem as escreve. No outro dia recebe nova carta:
“Amanhã você saberá quem sou? ‘Qual o cúmulo da rapidez? Trancar uma gaveta com a chave dentro.’”
Guilherme começa a andar pelo corredor da pensão e encontra Dona Filomena:
- Dona Filomena, a senhora viu quem pôs esta carta embaixo da minha porta?
- Acha que não tenho o que fazer?
- Dona Filomena, você me entregou uma destas cartas, por isto estou perguntando.
- Sim, a carta da morta.
- Exato, Você a viu de novo por aqui?
- Desta vez não Senhor Guilherme. Alguma pista dela?
- Bem, a carta diz que amanhã eu saberei quem manda as cartas.
No outro dia, o última carta chega:
“O meu nome, a metade você passa no pão, a outra metade você compra na concessionária.”
Desta vez não há resposta, depois de muito pensar e até fazer anagramas, gritou a plenos pulmões:
- Margareth.
A campainha toca e para surpresa de Gulherme quem está a porta é a sua mulher morta, chamada Margareth, Guilherme não resiste a emoção e desmaia. Depois de várias tentativas de reanimar Guilherme, Margareth finalmente consegue:
- AI, meu Deus, não foi um sonho. – Diz Guilherme se afastando de Margareth.
- Não Guilhereme, não foi sonho.
- Mas você morreu, eu fui ao seu enterro, como pode estar viva.
- Naquele dia ocorreu uma coisa inusitada, eu tinha parado no sinal e de repente uma moça me encostou uma arma na cabeça e roubou o meu carro, logo que ela arrancou, bateu o carro e capotou e o carro pegou fogo, por isto acharam que era eu, inclusive você.
- E por que você não me procurou depois disto?
- Além do susto que obviamente você levaria, a nossa vida não era tão boa assim né, senhor Guilherme.
- E o que tem feito nos últimos meses?
- Comédia de Stand-up, por isto mandei algumas piadas para você, acho que está funcionando, tenho feito espetáculos todos os dias.


FIM.