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sexta-feira, dezembro 03, 2010

Teoria da Conspiração II

- Não acha que me assusta com este papo. né, Pedro? Eu sou detetive, cara, já vi coisas que não posso negar e sequer duvidar se começasse a te falar os tipos de casos que me trazem todos os dias você ficaria de cabelo em pé.
- Sei, encontrar mulheres e homens adúlteros são casos assustadores, agora.
- Pedro Medário, peculiar este seu nome, não.
- Peculiar taí, um comentário que eu nunca ouvi, os comentários mais comuns são estranho e engraçado.
- Posso te dizer sem medo de errar os meus casos são mais difíceis de solucionar do que encontrar os foragidos do FBI.
- Tudo bem, Raul, você mereceu o seu dinheiro, mas não venha querer me provar que você é um bom detetive. Além do mais detetive é que nem padre, ou já fez muita besteira ou está em vias de fazer.
- Você tem uma visão simplista das coisas meu rapaz, talvez você queira discutir sobre o DNA único de sua futura esposa?
Silêncio e um olhar incrédulo de Pedro Medário para Raul "Vaselina":
- Então, o que sabe sobre o DNA da Daniele.
- O que há para saber?
- Vaselina, eu não tenho tempo para perder com você.
- Este é o problema dos jovens de hoje, estão sempre apressados e nunca têm tempo para o que é essencial.
- Pare de fazer discursos, quero saber o que você sabe sobre isto?
- Certo, vamos dizer que tenho minhas fontes e que elas são muito quentes, ferventes para ser mais exato.
- E o que você quer para esquecer o que esta fonte lhe disse?
- Por enquanto senhor Medário o dinheiro que me deu é o suficiente, mas não me subestime eu não sou como os imbecis que você tem tratado ultimamente, portanto respeite os meus cabelos brancos e a minha reputação. Tenha um bom dia.
- Certo Sr. Vaselina, mas isto não acabou.
- Disto, eu tenho certeza.
Mais tarde na casa de Sílvio:
- Daniele, como vai, quanto tempo não aparece aqui em casa, aconteceu alguma coisa.
- Não, só estava com saudades de vocês.
- Como vai a vida com o dromedário?
- Pai, já vai começar?
- Desculpe eu não consigo resistir, como ele está no serviço? Aliás o que ele faz mesmo?
- Na verdade, eu não tenho certeza.
- E isto não te incomoda?
- Incomoda sim, mas ele diz que não é nada ilícito, mas que é um segredo que pode derrubar presidentes, ministros e reis.
- E você acreditou?
- Eu preferi acreditar, não gosto desta história de ficar duvidando do meu companheiro, então deixo assuntos deste tipo de lado.
- Bem, você é adulta. Ele falou algo sobre novas contratações.
- Não, por quê?
- Nada não, só curiosidade.
- Ih, pai você está muito estranho hoje, vou falar com a mamãe.
Diz isto e anda pela casa, encontra a mãe no corredor do quarto:
- Oi minha filha.
- Oi mãe, tudo bem. Preciso te contar uma coisa.
-... Grávida - o grito sai quase sem querer.
Sílvio pergunta da sala:
- Quem está grávida?
Fabíola responde:
- A Cachorra "Lilica" dos vizinhos do Pedro.
- E precisa gritar, como se o mundo fosse acabar amanhã.
- Desculpe, Sílvio é que eu fiquei surpresa.
- Não tem problema.
- Quando vai contar para o seu pai.
- Ai, mãe eu não sei, eu tenho um medo danado que ele fique nervoso e queira matar o Pedro.
- Mas que bobagem minha filha, vocês estão juntos há cinco anos, eu acho até natural.
- Mas durante todo este tempo ele sempre olhou o Pedro de soslaio.
- Eu entendo, mas não poderá esconder isto por muito tempo, pelo menos o Pedro sabe.
- Era outra coisa que eu queria conversar com você.
- Porque está escondendo isto do seu namorado.
- Ele é um pouco distante às vezes e acho que ele dá pouca ou nenhuma importância a filhos.
- Mas ele já disse isto?
- Não com todas as letras, mas você sabe como nós mulheres percebemos mais as coisas do que os homens.
- Tá e o que você vai fazer.
- Eu queria dar uma festa e aí eu conto para todo mundo, acho que assim o pai não vai ter coragem de brigar com ele e ele tampouco vai ter coragem de ir embora na frente de todos.
- Parece um bom plano a não ser pelo fato de o seu pai estar com viagem marcada pelos próximos 15 dias e o Pedro, segundo você, não parar em casa.
- É, eu sei, mas não se preocupe eu vou achar uma data, só queria fazer aqui, me sinto mais à vontade.
- Parece ótimo.
E o dia chegou, todos muito bem vestidos, ninguém sabia ao certo o motivo da festa, mas quem realmente se importa Daniele pede um momento de atenção:
- Senhoras e senhores, tenho um anúncio a fazer.
Pedro a interrompe e diz:
- Não me diga que você descobriu?
- Descobriu o que?
- Que eu vou... Digo...- olha bem fundo nos olhos de Daniele - Você quer se casar comigo?
- Sim, claro, é só uma formalidade já estamos juntos há cinco anos, mas o meu anúncio não é este.
- Não é?
- Não. Quero anunciar que você vai ter um filho que meu pai será avô.
Sílvio desmaia e Pedro fica perplexo, neste mesmo instante janelas se quebram com quatro homens presos a cordas, um deles pula em cima de Pedro e outro arrasta Daniela pelos cabelos, um homem se apresenta:
- Meu nome é Capitão Mendes, estamos realizando uma prisão; aqui está o mandado de prisão preventiva para quem quiser se certificar que estamos dentro da lei, espero que tenham uma ótima festa.- Diz isto e sai.
Sílvio volta a si, vê Daniele ser arrastada e desmaia novamente.

Continua

segunda-feira, novembro 08, 2010

O futuro do Brasil

Começo elogiando o Brasil, afinal o processo eleitoral é pioneiro, em nenhum país do mundo se tem tanta facilidade na apuração de votos como aqui, apesar de muitos ainda acharem que a fraude no processo eleitoral é possível e que estamos sendo enganados há anos no que se refere ao voto eletrônico, em minha opinião, esta é a melhor forma de se escolher os nossos representantes, sem perda de tempo e com um processo extremamante rápido, uma vez recebi um e-mail(vale ressaltar que internet nem sempre é confiável)que dizia que em outros países os cidadãos não têm tanta higiene quanto os brasileiros, não são tão comunicativos, receptivos ou que não tem tanta vontade de ajudar quanto na terra "brasilis", então é a pura verdade que o Brasil tem um potencial imenso e pode conseguir grandes conquistas em todas as áreas. Não obstante, há problemas crônicos que devem ser pensados projetados e solucionados pela política a curto, médio e longo prazo, os grandes exemplos a curto prazo: é absurdo que grande parte da população brasileira ainda passe fome e não tenha saneamento básico, tenho os números de um programa dando conta que 36 milhões de brasileiros ainda não possuem saneamento básico, isto é tão absurdo quanto o sujeito não ter roupa para vestir; outro exemplo a médio prazo é a educação, apesar dos índices de crianças na escola terem subido, o analfabetismo funcional só aumenta, ou seja, pessoas que leem e não entendem o que estão lendo, sem educação o país estará as portas do abismo e isto só será curado com um processo a médio prazo ou seja dezenas de anos de investimento em qualificação de profissionais da educação, traçando metas para as escolas e firmando uma porcentagem de capacidade de ensino para cada instituição, estes processos podem se utilizar dos programas já em vigor como o enem e o provão, o que não pode é simplesmente fechar os olhos para o absurdo de pessoas totalmente despreparadas com diplomas nas mãos e sem a menor qualificação para qualquer cargo trabalhista; já o problema crônico a longo prazo é a cultura da corrupção, o brasileiro é um povo estranho, individualmente fica indignado com as mamatas, fraudes em licitaçãoes, grandes gastos públicos para viagens desnecessárias, aumentos desproporcionais de obras públicas caixa dois e por aí vai, mas não faz o mínimo para evitar que a corrupção permaneça na sociedade, ou seja, ele próprio é corrupto com o cobrador de ônibus, com o caixa do supermemrcado, com o verdureiro, às vezes com próprios parentes, em quantas oportunidades não se veêm carros totalmente destruídos a preços absurdos que não se pagam nem o guincho para reboque, esta situação cultural tem que ser removida o mais rápido possível se quisermos ter condições de crescimento, trocar o lucro individual pelo lucro social, ou seja, a comunidade precisa ganhar e não apenas eu, ou a minha família ou o meu clã. Para encerrar, o pleito eleitoral ficou longe daquilo que se pode esperar de um representante nacional, a candidata do PT pareceu ter uma proposta melhor para os desvalidos, mas como o projeto não ficou totalmente claro e nenhuma meta foi apresentada ou estipulada, fica difícil imaginar que vá surtir algum efeito, o candidato do PSDB tentou ir por esta esteira, mas preferiu a política da desconstrução da reputação da candidata adversária, usando um política, antiga, tosca e demérita, dinamitando as próprias posibilidades de eleição, espero que no futuro tenhamos candidatos mais preparados para a liderança nacional ou estaremos condenados a escolher sempre o menos pior.

quinta-feira, outubro 07, 2010

Escrevo por não saber dizer

Querido Herbert

"Ontem foi um dia muito duro, descobri a sua traição, na verdade, descobri que eu sou a traidora, pois você é casado, como pôde me esconder isto por tanto tempo, tenho vontade de matar: você, sua mulher e até, Deus me livre, seus filhos; mas isto é só raiva e deve passar com o tempo; o que faz eu me odiar ainda mais é saber que ainda gosto de você e que talvez eu ainda aceite esta situação só para não ficar longe de você, mas não quer dizer que eu não esteja magoada, apenas não sei como sufocar este sentimento, por isto escrevi, não sei se um dia você irá ler, mas saiba que neste dia minha vida mudou para sempre, porque jamais me sentirei segura novamente em um relacionamento, tudo por culpa exclusivamente sua."

Amanda.

...

Ao meu Psicólogo

"Hoje foi o melhor dia da minha vida, finalmente descobri que posso resolver meus problemas sozinho que não preciso de ninguém para roubar o meu dinheiro e não me tratar dignamente; apesar da depressão, percebi que a minha vida é totalmente perfeita com todos os defeitos que achei que existiam e alguns criados por você. Na verdade os fantasmas criados em torno do meu relacionamento, a possível falta de amor dos meus familiares e até o suposto assédio moral do meus superiores no trabalho foram apenas subterfúgios utilizados por você para continuar na minha folha de pagamento, hoje estou livre 30.08.2002, o melhor dia da minha vida, o primeiro de muitos dias felizes que terei."

Hélio Silva

...

Ao meu Pai

"Não sei como dizer, quanto mais escrever, você poderia ter sido bem melhor do que foi, hoje me pergunto, como seria a minha vida se meu pai fosse mais presente e olha que você nem se separou da mamãe, mas nunca passou de um móvel na casa ou de uma almofada de sofá que só sabia usar o controle remoto, nunca percebeu um momento sequer o quanto eu precisava de seus conselhos, de sua ajuda, de sua experiência; entretanto, surpreendentemente, todos meus primos, colegas e amigos me parabenizavam pela sabedoria do meu pai que sempre tinha uma palavra amiga e um bom conselho para dar. Santo de casa não faz milagres, para os outros tudo, para a família nada. Pai, você devia ter sido padre assim ajudaria as pessoas certas e nunca frustraria ninguém e pensar que ensaiei tanto para dizer isto e acho que jamais terei coragem de confrontar você, ninguém entenderia, nem mesmo eu entendo."

Regina


...

Amada Fabiana

"Ainda hoje, te amo tanto que dói, vejo o seu rosto em todos os lugares, sei que nosso relacionamento terminou, não por minha culpa, não somos nem compatíveis, altura, convicção, grau de instrução, anatomia, religião; em tudo somos diferentes, mas não deixo de te amar, talvez porque não tenha dado certo, sempre imagino como seria a nossa vida se você não tivesse escolhido ir embora, a vida continua, você do seu lado, eu do meu; se nossos mundo não colidirem e se destruírem ainda poderemos nos encontrar e nos acertar, meu coração dilacerado pode se reunificar e se aquietar e te amar mais uma vez."


Rodolfo.

sábado, setembro 11, 2010

Conselhos para juventude e da juventude

Temos uma tendência muito forte a achar que somos muito mais inteligentes e preparados que os jovens, principalmente devido a quantidade decisões e caminhos que tomamos na vida, quando nos deparamos com algum jovem, o nosso olhar já começa errado, o olhamos com algum desdém, pois achamos que este jamais poderá se comparar a nós. É inegável que algumas experiências se repetem na vida dos seres humanos, exemplos não faltam: o primeiro emprego, a(o) primeira(o) namorada(o), o primeiro carro, a primeira casa e até porque não, a primeira decepção, mas em algumas oportunidades temos muito a aprender com os jovens. Em muitas ocasiões, nós, como antigos, temos a necessidade de viver no passado, quantas pessoas conhecemos que não usam internet, não gostam de celulares, não sabem mexer em controles remotos, não aprendem como dirigir um carro, têm medo de avião (não fobia) e outros exemplos que parecem absurdos diante do admirável mundo novo. Neste quadro é muito mais difícil encontrar um jovem com estas dificuldades, geralmente já nascem com um chip na cabeça como brincava uma amiga minha, tudo é muito fácil para eles e ficam até surpresos ao verem que temos dificuldades com coisas tão elementares para eles. Por outro lado, não raras vezes estes mesmos jovens se veêm perdidos ao tomarem decisões que são simples para nós, como escolher um bom emprego, onde ir com a namorada, se deve ou não estudar, sair ou não sair da casa dos pais, se tornarem pais, na escolha da religião; eles se sentem perdidos porque a falta de experiência os deixa inseguros. Cabe a nós experientes aconselhar sobre o que conhecemos e a tentar quebrar o vício do passado para crescermos como seres humanos. O vício do passado é quando não paramos de dizer "No meu tempo não era assim. Quando eu era criança as coisas eram diferentes. Eu nunca fiz isto, na minha época não existia. Vocês é que perdem nunca ouviram um LP. Eu gostava era de andar, esse negócio de metrô é coisa de preguiçoso." Vivemos no mesmo mundo e o nosso tempo é agora, o que passou é apenas um vaga lembrança, se não nos adaptarmos a este mundo ele vai nos engolir. Não devemos ser inconsequentes como os jovens, ao contrário devemos ser exemplos para eles, mas também não devemos ser ranzinzas e achar que está tudo errado e que o mundo, para usar uma palavra nova, deve fazer um "upgrade" e voltar ao passado para sermos felizes. Como disse um grande amigo meu Luiz de Aquino: "Começamos aprendendo com nossos pais, avós e tios depois continuamos aprendendo com filhos, sobrinhos e netos"

quinta-feira, agosto 26, 2010

O Brasil é um navio desgovernado

Apesar do que possam pensar os caros leitores, talvez, por causa do título, que o autor destes dizeres é totalmente pessimista, não sou não, apenas analiso os fatos digo que o Brasil realmente não tem comando e quando digo isto não estou falando só de governo ou representantes ministeriais; estou falando também das grandes mídias e da cultura influenciável do brasileiro. Exemplificando: alguém vira uma celebridade e todos aceitam isto como normal e dão cada vez mais audiência a nova estrela do momento. Quem não lembra dos "grandes pagodeiros", grupos de axé, da bundalização da tv e tantos outros exemplos que tornam o país cada vez menos respeitado, tanto pelos brasileiros como pelos organismos internacionais, em que pese a nossa mídia ter pouca influência lá fora. Agora a melhor forma de resolver os problemas financeiros é se candidatando; desde que o falecido Clodovil ganhou uma cadeira na Câmara dos deputados, todos acham que tem condições de fazer o mesmo sem sequer conhecer as exigências do cargo, que não são poucas, por outro lado os "profissionais da área" não têm agido de maneira tão ilibada para termos este tipo de reserva, não obstante é claro e notório que todos os candidatos que são ou foram famosos de uma forma ou de outra não estão preocupados com seus eleitores, podem haver exceções, mas a verdade é que querem retornar a fama e ganhar uma grana fácil, não preciso citar nomes, os leitores sabem a quem me refiro. Ainda falando de política, temos um quadro político que precisa de muito tempo para ser limpo se é que um dia será, pois a cultura do brasileiro precisa mudar para que os políticos mudem. Vejo muitos brasileiros indignados porque um analfabeto foi eleito presidente da república, mas muitos destes que reclamam não sabem o que faz um deputados estadual ou federal ou mesmo um senador, Quem é o analfabeto? Mesmo assim o nosso digníssimo presidente poderia ser muito melhor do que foi; representou muito bem o Brasil nas organizações internacionais e vários acordos benéficos ao Brasil foram fechados, mas abandonou o setor de educação que já vem se arrastando a anos, agora com analfabetos estudados, pois não são poucos os casos de pessoas com segundo grau completo que não sabem interpretar um texto. Enfim, a corrupção é uma cultura do povo brasileiro, arrisco dizer que 70% do povo brasileiro não tem senso de nação, comunidade, país, pensam só nos próprios umbigos, quando reclamam dos políticos, na verdade só querem ter as mesmas regalias que os eles têm e não um país igualitário e uma sociedade justa, se é no meio deste grupo de indivíduos que queremos achar alguém sério, estamos muito mal arranjados. A esperança é a evolução sociológica que só ocorrerá com as gerações futuras que se devidamente educadas mudarão a forma de pensar da sociedade e então, quem sabe, possamos escolher o melhor entre os melhores e assim crescer como nação e sociedade.

segunda-feira, agosto 09, 2010

Miragem

Suzana vivia na cidade Caineiras do Oeste, era garçonete de uma lanchonete chamada Esquina do Tadeu, tinha 20 anos não estudava, achava isto uma perda de tempo, trabalhava desde os 14 anos, ali mesmo nesta lanchonete por isto era muito conhecida na região como a garota da esquina, ela não gostava muito deste apelido, mas não havia como negar pois ela trabalhava nesta lanchonete de nome excêntrico. Houve uma grande festa promovida pela prefeitura, era o aniversário da cidade de Caineiras do Oeste completava 120 anos de fundação. Suzana comia uma maça do amor quando foi abordada por um forasteiro:
- Olá moça, sou novo na cidade...
- É, eu já havia notado.
- ...Você poderia me dizer onde há um lugar agradável para passar algumas noites na cidade?
- Sim, no Palace Caineiras, é o melhor hotel da cidade e, para você que é da capital, será o lugar ideal, irá sentir-se em casa.
- Obrigado moça, como é mesmo o seu nome?
- Eu sou a Suzana, a garota da esquina.
- Garota da esquina?
- Antes que você possa pensar bobagens, sou chamada assim porque trabalho numa lanchonete que se chama “Esquina do Tadeu”, e você como se chama?
- Kleber, prazer em conhecê-la, garota da esquina.
Apesar de saber que a vida no interior caminha à passos de jabuti, Suzana esperava mais da vida, não queria ficar 30 anos trabalhando na lanchonete do Tadeu, achava que poderia fazer muito mais e se recusava a viver uma vida medíocre de interiorana e sabendo que Kleber se hospedaria naquele hotel que é o melhor da cidade, não teve dúvidas:
- Espere um pouco senhor Kleber.
- Não é necessário formalidades Suzana, pode me chamar pelo meu nome.
- Obrigado Kleber, no que você trabalha?
- Eu sou representante comercial da fábrica “Coelho e Jugular”.
- Coelho e Jugular?
- Sim, não são sobrenomes, são os apelidos dos sócios, talvez uma outra hora eu possa te contar sobre isto.
- Então, você acha que poderia me encaixar nesta empresa e me levar para a capital?
- Não sei, você não tem família?
- Tenho sim, mas eu converso com eles e posso partir no momento que você quiser partir.
- Esta cidade parece tão pacata, não sei se você vai se adaptar a capital.
- Vou sim, sempre foi o meu sonho ir para lá.
E assim foi feito, quando Suzana chegou à rodoviária logo viu a diferença, a rodoviária já parecia uma cidade, ela precisava de um mapa para sair de lá, Kleber, experiente em capital, notou o deslumbramento da moça.
- Nunca viu nada igual, não é?
- Não, tudo é muito grande por aqui, isto parece um formigueiro.
- Você precisa ver isto em época de feriado, é uma loucura.
- Quer dizer que hoje está pacato?
- É isto mesmo, geralmente a gente não conseguiu nem respirar. Já sabe onde vai ficar?
- Não ainda.
Assim, Suzana foi trabalhar na fábrica da “Coelho e Jugular” que era uma fábrica de açúcar, como lhe faltava qualificação foi trabalhar de auxiliar de produção, quando viu seu primeiro hollerith, vibrou de alegria, o salário era 5 vezes maior que aquele que ganhava na lanchonete, apesar de ser um trabalho árduo, valia a pena pelo salário, mas nem sempre nossos sonhos se realizam completamente, o salário dela era grande mas o custo de vida também era, e mesmo tentando economizar nunca sobrava dinheiro sequer para um passeio, um cinema e às vezes nem para uma pipoca. Ela nunca mais viu o Kleber, parece que sua última viagem tinha sido para o Oiapoque, em menos de 6 meses estava estabilizada na capital, mas morta de saudades do interior dos amigos e parentes, uma vez teve uma crise de depressão e quase conseguiu o intento do suicídio, foi salva por uma vizinha que andava de olho na solitária do apartamento 12. Depois de alguma conversa:
- Suzana por que você veio para capital?
- Vim atrás de uma cenoura.
- Uma cenoura, ela deve ser importante.
- Desculpe, é uma figura de linguagem, quando você quer que um burro ande depois de empacado é só colocar uma cenoura na sua frente, ele vai para onde você quiser, mas nunca consegue apanhar a cenoura.
- Entendo e qual seria a sua cenoura?
- Eu achei que era infeliz por morar num fim de mundo, então pensei que vindo para a capital eu seria feliz, me enganei com a propaganda das novelas passei a perseguir esta miragem de um vida melhor, então acho que a saída é voltar.
- Você tem dinheiro para isto?
- Este é o problema, não tenho e nem tenho previsão de quando terei.
- Se é de uma passagem que você precisa eu a darei a você.
- A senhora é um anjo, dona angélica.
- Nunca conte isto para o meu marido, ele não entende este meu jeito, sabe.
- Pode deixar.
Neste mesmo dia estava a caminho de Caineiras do Oeste e Suzana voltou a ser a garota da esquina, mas desta vez com muito mais orgulho e felicidade, pois estava entre os seus. Ela precisou andar dezenas de quilômetros para entender que a felicidade estava ali bem debaixo do seu nariz.

quarta-feira, junho 09, 2010

A Intrincada Vida de Zaratustra

Zaratustra ou Zoroastro nasceu na Pérsia em meados do século VII antes de cristo, Zaratustra era um messias, por assim dizer, quando ninguém era. Zoroastro significa contemplador de astros, já Zaratustra, não se sabe ao certo, o que se sabe é que ushtra sinifica camelo. No sexto dia da primavera, perto do Mar Aral, na família Spitama nascia um menino chamado por sua mãe e seu pai de Zaratustra, ele não chorou ao nascer, ao contrário deu uma sonora gargalhada, ele foi o único bebê de que se tem notícia que realizou tal proeza. O sacerdote da vila achou que era um mal sinal, procurou o pai de Zaratustra e disse que os deuses estavam furiosos e que Zaratustra deveria morrer. Naquela época os sacerdotes tinham grande influência sobre as pessoas assim Pourushaspa, pai de Zaratustra, fez uma grande fogueira e colocou o seu filho dentro dela, para a surpresa de todos ele não sofreu ferimentos deixando o sacerdote confuso. Então levaram o menino para um vale que era o caminho de uma boiada e o deixaram para ser pisoteado, havia mais de mil cabeças de gado, o primeiro boi o avistou e deitando-se sobre ele, protegeu-o dos outros, novamente Zaratustra escapava ileso. Mais uma tentativa, o bebê foi colocado em frente a uma toca de uma loba que ao invés de devorá-lo cuidou dele até que sua mãe Dugdav fosse buscá-lo. Acuado e envergonhado o sacerdote deixou a vila. Ao crescer Zaratustra estava meditando em uma oportunidade e foi abordado por um ser de beleza e brilho intenso, a pergunta inevitável: - Quem é você? o ser respondeu: - Sou Vohu Mano A Boa Mente e vim lhe buscar.- Tomou-o pela mão e o levou a um lugar onde sete outros seres o esperavam. Zaratustra tinha muitas dúvidas a respeito da existência e segundo Vohu Mano as respostas estavam dentro dele próprio. Disse a Boa Mente que Ahura Mazda resolveu partilhar a sua divindade com os seres que criou e assim o imbuiu de anunciar esta mensagem as pessoas. Zaratustra em sua humildade disse que não tinha poderes e que não era nada, porque deveria fazer isto, os outros responderam que ele tinha o que precisava, principalmente a bondade no coração. Quando Zaratustra retornou contou a todos o que lhe havia acontecido, sua família acreditou nele, mas os sacerdotes não e novamente a vida de Zaratustra corria perigo. Então ele fugiu com alguns companheiros para um lugar governado por um sujeito chamado Vishtaspa, ele o procurou partilhou sua descoberta, mas foi desacreditado e botou em cheque o poder do tal Ahura Mazda. Zaratustra foi muito insistente com Vishtaspa, por dois anos tentou convencê-lo, até chegou a ser preso, mas um incidente com cavalos resolveria a questão. O cavalo de Vishtaspa estava a beira da morte, após tentativas inúteis dos sacerdotes, brigas e oferecimento de sacrifícios a outros deuses, Zaratustra foi chamado e logo descobriu que o cavalo havia sido envenenado, por sua experiência rural. Zaratustra sugeriu um remédio usado em sua região nestes casos, mesmo descrente Vishtaspa seguiu seu conselho e em dois dias o cavalo estava em pé sem sinais de doença. Todos achavam que Zaratustra havia feito um milagre, apesar de ele dizer que era apenas o uso da boa mente que teria curado o animal.

Zaratustra teria nascido de uma virgem, desde a tenra idade já era muito bondoso com pobres, enfermos e desvalidos. Viveu por dez anos isolado, alguns relatos dão conta que foi tentado pelo diabo no deserto assim como Jesus, aos trinta anos recebeu a revelação, mas em dez anos de pregação só tinha um seguidor: o seu primo, por isto ficou conhecido como a voz que clama no deserto, pois ninguém o escutava. Mas aos 40 anos realizou muitos milagres e conseguiu converter o rei Vishtaspa e este fez uma reforma religiosa difundindo os ensinamentos de Zaratustra. Mais tarde o Masdeísmo ou Zoroastrismo chegou a ser a Religião oficial da Pérsia. Zaratustra teria morrido diante do fogo sagrado enquanto rezava no templo aos 77 anos. Uma coisa curiosa, os três reis magos que foram em busca de Jesus em Belém pertenciam a religião do Zoroastrismo. (fonte: Wikipédia.org)

terça-feira, maio 25, 2010

Teoria da Conspiração

Seu nome era Pedro Medário, não se sabe exatamente de onde veio ele, só apareceu na família Silva. Um dia Daniele disse:
- Mãe, hoje vou trazer o meu namorado para você conhecer.
- É mesmo minha filha, como é o nome dele?
- Se chama Pedro, mãe, você vai adorar.
A noite:
- Mãe, este é o Pedro.
- Muito prazer.
- Pedro esta é a minha mãe Fabíola.
- Dona Fabíola, prazer imenso.
- Sem essa de dona, Pedro, me chame de Fabíola, ainda não tenho idade para estas formalidades, mas então, como vocês se conheceram.
- Naquela baladinha, mãe.
- Naquela "baladinha"?
- É. Você não lembra que eu disse que tinha conhecido alguém especial?
- É, vagamente;mas então, no que você trabalha?
- Eu trabalho com camelos.
- Tá brincando?
- É, eu tô sim, na verdade trabalho com carros.
- Sei, mas não puxa carro não, não é?
- Mãe.- Diz a filha com ar de reprovação.
- Minha filha, como ele brincou com os camelos, achei que não teria nada de mais, brincar com os carros, nunca é demais perguntar, não é?
- Tudo bem, Fabíola esta brincadeira é mais normal do que você imagina. - Diz Pedro
Nisso chega o pai:
- Oi filha, tudo bem? Quem é este? estamos com visitas?
- Sim, pai, este é Pedro Medário, meu namorado.
- Seu nome é Pedro Medário?
- Sim.
- Então, muito prazer, eu sou o Zéca Mundongo.
- Eita que tá todo mundo besta, hoje. Pai, pare com isto. Pedro, ele não se chama Zeca, O nome dele é Sílvio.
- Filha, quer dizer que ele não está brincando?
- Não pai, este é o nome dele.
- E onde você achou este sujeito peculiar.
- Na balada.
- Claro, onde mais?
- Então Pedro o que você faz da vida?
- Eu vendo carros, senhor.
- Que profissão interessante.
Mais tarde:
- Pessoal, o que vocês acharam do Pedro?
- O dromedário?
- Pai, não começa com isto de novo, e aí?
- Ele contou umas histórias difíceis de engolir, filha. A herança que vai receber do tio da itália, dizer que já participar do júri do American Idol, que sabe falar francês e ajudou a construir diques na Holanda, parece fora de propósito.
- É, eu também acho que ele exagera em algumas coisas, mas será que ele não fez isto mesmo.
- Filha o Pedro não sabia o que era morfologia, como ele pode ter feito todas estas coisas, abre o olho minha filha.
Por óbvio, Daniele não abriu o seu olho, pois já estavam a cinco anos juntos, Pedro e ela, sem se casar é claro e vivendo sabe Deus do que, pois o Pai Sílvio não ajudava em nada, mas o casal jogava a prata no ar. Sílvio nunca se importou em saber de onde vinha o dinheiro. Mas um dia , ele se dispôs a descobrir o que havia de errado com o seu genro, então:
- Deixe me ver se entendi, senhor Sílvio, você quer que eu descubra sobre este tal Pedro Medário tudo o que ele era antes de conhecer a sua filha e também se a sua filha está envolvida em algo que o senhor imagina que ele está fazendo.
- Sim, descrição perfeita.
- Bem, senhor Sílvio, diante deste quadro, tenho que fazer umas contas aqui, aguarde um minuto por gentileza.- Diz alguns muxoxos incompreensíveis e depois apresenta a conta da vigília.
- Não pode ser, senhor vaselina.
- Não me chame de vaselina.
- No jornal estava escrito detetive Vaselina.
- Eu sei, mas eu prefiro que me chame de Raul.
- Raul, você, não pode me cobrar 5000 reais por este trabalho.
- Por que não, você conseguiria fazer melhor?
- Então, vamos fazer o seguinte Vase... digo Raul, você me apresenta os resultados dos primeiros dias e então eu assino o contrato e te dou um cheque dos primeiros 2.000 reais.
- Sendo assim, aumentarei para 7.000.
- Se o seu trabalho for bom, eu pago até 10.000.
- Agora, acho que nos entendemos.
Relatório do Detetive Vaselina, quero dizer "Raul"
"29/03/1996
Pedro Medário ficou hoje o dia todo em casa, não saiu nem para tomar sol.
30/03/1996
A atividade aumentou na casa de Pedro Medário, cerca de quarenta pessoas o visitaram hoje, detalhe é que Daniele não estava em casa.
31/03/1996
Hoje grampeei o telefone do Pedro e descobri alguns contatos questionáveis um deles falava francês e Pedro o respondia com desenvoltura. Nota: "Preciso estudar francês"
01/04/1996
Pedro recebeu um sujeito chamado Franz Dubois, na minha investigação, descobri que este homem é dono de uma empresa aérea francesa e sócio de uma empresa de telefonia da Espanha, mas o melhor de tudo é que Franz falou com ele em português, tirando a suspeita de ser o homem do telefone."
Ao apresentar o relatório para o senhor Sílvio:
- Interessante, Raul, alguma idéia de que tipo de atividade ele faz?
- Ainda não, mas tenho certeza que vou descobrir, amanhã.
- Porque tanta certeza?
- Amanhã, ele vai levar a Daniele, na Galeria de Dança, mas com certeza não irão lá para se divertir, o senhor quer me acompanhar.
- Acho que não, é melhor você continuar só, provou ser um grande detetive, vou confiar em você.
No outro dia:
- Então senhor Raul, o que pode me dizer sobre a investigação?
- Não sei se o senhor vai gostar de saber.
- Bem, foi para isto que o contratei.
- É o seguinte, tudo o que ele disse era verdade, exceto o fato de o tio dele ser francês e se chamar Franz Dubois, mas tem algo intrigante.
- O que é?
- Ele também está investigando o senhor.
- Porque?
- Ele está pensando em levar o senhor para morar na França, mas precisa ter certeza que o senhor não está envolvido em nada fora da lei, acha que talvez você possa trabalhar na empresa do tio. ele não trabalha por isto, ele é um tipo de correspondente da família no exterior, assim ele recruta os melhores para a empresa do tio.
- Que coisa estranha, sendo assim, obrigado pela ajuda aí estão os seus cheques.
- Sempre às ordens, precisando sabe onde me encontrar.
Depois quando Sílvio sai, detrás de uma cortina surge Pedro:
- Muito bom trabalho senhor Raul, será muito bem recompensado.
- Escuta Pedro, isto que eu disse é tudo verdade?
- Claro que não, mas não se preocupe com a verdade, isto pode te machucar muito...
CONTINUA

terça-feira, maio 04, 2010

JOGO DE GATO E RATO

Era assim há muito tempo, uma rivalidade que ninguém sabe ao certo quando começou, Pauline queria muito construir uma empresa quando criança, quando Guaraci soube disto também alimentou este sonho. Nenhuma delas conseguiu virar empresária, mas a obsessão de uma querer sugar a vida da outra as acompanhou por muito tempo. Bastava uma namorar que a outra criava situações para tomar o namorado da outra e vice-versa, já que o ódio crescia exponencialmente a cada derrota de uma delas. Em uma ocasião Pauline comprou um carro:
- Olá, possa ajudá-la?
- Olá. Gilda, não é mesmo?
- Sim.
- Gilda, eu estive aqui hoje de manhã para finalizar a transação do meu astra, eu vim para buscá-lo.
- Claro, eu me lembro de você. A negociação foi difícil, mas acabou dando certo. Por aqui por favor.
Logo:
- Então, como está se sentindo de carro novo?
- Me sinto muito bem, principalmente porque este é o primeiro carro que compro, agora a minha vida vai mudar.
Pauline sai da concessionária muito alegre, mas mal ela sai da concessionária Gilda faz uma ligação e diz apenas:
- Oi, sou eu, ela acabou de sair.
Pauline tinha uma mania muito perigosa, a de falar ao telefone enquanto dirigia, isto logo significaria prejuízo (barulho de sirene da polícia), Pauline para e pergunta:
- Pois não, policial, algum problema?
Uma moça com um corpo bem definido em sua farda diz:
- Sim, minha senhora, a senhora estava falando ao celular enquanto dirigia.
- É, eu estava sim, mas pode aplicar a multa e rápido por gentileza que eu estou com pressa!
- A carteira de habilitação por favor.
- Claro aqui está.
- Então senhora Pauline, parece que a senhora deveria usar lentes corretoras para dirigir, coisa que não está ocorrendo neste momento.
- Tudo bem, eu ponho os óculos, posso ir agora?
- Não minha senhora, infelizmente, eu terei que apreender o seu veículo.
- Tá brincando?
- Não minha senhora, o veículo precisa ser retido segundo o artigo 162 do Código Nacional de Trânsito, a senhora poderá reaver o seu veículo no pátio do Detran mediante o pagamento de multa a partir de amanhã. Saia do carro por gentileza.
- Não vou sair, eu acabei de comprar este carro.
- A senhora quer ser detida junto com o veículo por descumprimento do Código Nacional de Trânsito?
- Não.
- Então é melhor fazer o que eu disse.
Então Pauline sai do carro e vê a policial sair dirigindo o carro de uma maneira estranha, cantando pneu e dando cavalinho de pau, depois da demonstração a policial tira o óculos e o quepe e revela-se é a:
- Guaraci, sua descarada.
E Guaraci some pela estrada:
Usando de seu celular, Pauline chama a polícia.
- Delegacia de Polícia, um momento...
Após uma espera de 10 minutos:
- Delegacia de Polícia.
- Oi, o meu nome é Pauline, eu gostaria de relatar um roubo.
- A qual bem se refere minha senhora.
- Um carro Astra.
- A senhora quer fazer um boletim de ocorrência?
- Sim, eu sei quem roubou.
- Sabe, então você deve comparecer a delegacia para relatar o roubo.
- Tudo bem eu irei.
Na delegacia:
- Eu sei quem roubou o carro, foi a Guaraci.
- Não está falando da Policial Guaraci, não é?
- Ela é policial mesmo?
O delegado aperto uma tecla no telefone e diz:
- Ligue para a Guaraci para mim, Solange me passe a ligação e enquanto isto vai adiantando o boletim de ocorrência da senhora Pauline por favor, obrigado. A senhora pode aguardar lá fora por gentileza.
Depois:
- Senhora Pauline, pode entrar por gentileza.
Fecha a porta atrás dela:
- Olha Senhora Pauline, o procedimento está correto, ela percebeu que a senhora estava falando ao celular, verificou a falta do uso das lentes corretoras e apreendeu o veículo, que estará disponível a partir de amanhã no pátio do Detran, por que a senhora acharia que o carro foi roubado?
- Porque eu a conheço e ela vive fazendo armadilhas para me pegar.
- Neste caso não houve armadilha, está tudo dentro da lei e eu não posso registrar uma ocorrência contra um policial que agiu no cumprimento do dever.
- Obrigado por nada, senhor delegado.

CONTINUA

domingo, março 28, 2010

Difícil de acreditar.

A chuva caía naquela tarde de outono, Paráclito havia perdido o ônibus chegaria atrasado no seu primeiro dia de serviço. Como isto aconteceu? Ele acordou, se levantou, tomou banho, tomou café e quando estava se preparando para sair, olhou no relógio, 6h40min. ainda tinha tempo, pegaria o ônibus e chegaria no horário, mas para o seu azar tudo isto não passava de um sonho, acordou realmente as 7h00min. e tinha que fazer tudo o que supostamente já havia feito. Ao chegar no serviço o chefe o está esperando na porta:
- Como vai senhor Paráclito?
- Vou bem, Godofredo.
- Não preciso mencionar que está atrasado, não é mesmo?
- Não, não precisa, mas eu tenho uma idéia que fará você esquecer o atraso.
- É mesmo, vamos a ela.
- Que tal se as personagens passassem por uma situação de deja vú?
- Não sei se teria lógica, visto que estão pendurados a 700 metros de altitude.
- Mas aí é que está a pertinência da idéia, se eles tivessem um deja vú, talvez pudessem escapar de uma situação trágica.
- Claro, um lance igual do filme premonição.
- Sim.
- Paráclito, não esqueça que estamos gravando um comercial, não há tempo para deja vús
- Acho que se trabalharmos bem, poderemos encaixar esta situação.
- Está bem, então pode falar com os atores.
E assim foi feito, o comercial ficou um pouco enigmático, mas conseguiu transmitir a sua mensagem e um público mais atento e inteligente que comprou o produto de maneira até desordenada, o produto ficou conhecido como o produto dos gênios, apenas intelectuais os compravam. Paráclito era roteirista de comerciais com idéias as mais mirabolantes possíveis, era disputado por empresas de propaganda, com ele era garantia de venda, após aquela primeira idéia do primeiro dia. Subitamente ocorreu um incidente diplomático no país, o presidente mandou chamar o homem mais criativo da propaganda, Paráclito se apresentou no Itamaraty, sem saber ao certo porque havia sido chamado:
- Senhor Paráclito.
- Senhor Presidente.
- Pode me chamar de Raimundo.
- Raimundo, porque estou aqui?
- Vamos direto ao assunto, você está aqui para criar uma história plausível sobre o assassinato do embaixador de um país da oceania.
- Sei, o que houve de verdade?
- Ele foi confundido com um traficante, enquanto passeava pelo calçadão do Rio de Janeiro e foi assassinado a tiros.
- Quanto tempo eu tenho?
- A partir de agora?
- Sim?
- Cerca de 75 minutos.
- Puxa, vocês gostam de fazer as coisas em cima da hora, em?
- Chamamos você porque é criativo, uma vez que criar a sua versão, ela será confirmada até mesmo por testemunhas, a imprensa nos cobrou muito caro para não divulgar a informação.
- Quanto ao pagamento, o que eu vou receber?
- Se a história for aceita, o que quiser.
- Certo, eu consigo a história em uma hora, vou trabalhar aqui mesmo?
- Sim, voltamos em uma hora.
Esgotado o tempo:
- Senhor Paráclito.
- Raimundo, tenho uma história fantástica para ser confirmada pelas suas testemunhas, mas precisaremos plantar umas pistas aqui outras ali e também precisaremos de uma casa de prostituição, supondo que ele não seja muçulmano.
- Não ele não é.
- Ótimo, a história é simples, este embaixador queria conhecer umas brasileiras, como não queria perder tempo com jantares, flores e coisas do gênero, fez o que era mais fácil foi a uma casa de prostituição e para o seu azar pegou uma protituta ninfomaníaca que fez sexo com ele até ele morrer.
- O homem foi crivado de balas, como vão acreditar nesta versão?
- Bem, o marido desta ninfomaníaca, não sabia que ela trabalhava nesta função, descobriu toda a farsa e a pegou com o seu ilustre cliente no momento do ato libidinoso e não se conteve, sem saber que o era o embaixador e que o mesmo estava morto, o crivou de balas ainda na cama.
- Que história sensacional, um pouco fantasiosa, mas podemos tentar, obrigado senhor Paráclito.
Algumas horas mais tarde:
-Quando eu vou sair daqui, Dolores.
- O Presidente já está chegando.
O Presidente chega e toma a palavra:
- Para a nossa sorte, o Embaixador Jhivago tinha rompantes sexuais conhecidos em seu país, a comitiva não só acreditou na história como baixou um decreto que os embaixadores estão proibidos de frequentarem este tipo de estabelecimento em qualquer país que estejam. Parece que devemos algo a você Paráclito. O que você deseja?
- Disse que me daria o que quisesse.
- Sim, qualquer coisa.
- Eu quero saber a verdade sobre os extraterrestres no Brasil.
O Presidente fica um pouco desconfortável, faz um sinal e todos abandonam a sala:
- Paráclito, o que vou dizer a você, somente os presidentes dos países sabem, peço que você não divulgue esta informação nem sob tortura.
- Que tipo de homem acha que sou?
- Do tipo que salva seu país, sempre que necessário. A resposta é: Não existe extraterrestres, não existe espaço, o homem não viajou a Lua, tudo o que foi dito criado ou transmitido pela TV, foi mentira, a única coisa verdadeira disto tudo é a viagem no tempo, todas as formas de vida vistas, todos as abduções, todas as luzes são de máquinas do tempo do futuro, em sua grande maioria vinda do ano de 2897, quando o então cientista Filorgâmino de Guillermo inventou o que ele chamou de Partímeno, partícula capaz de evitar a transformação da matéria em energia, assim os visitantes do futuro estão entre nós para aprender com os seus erros e em alguns casos para terem aulas de história ao vivo.
Paráclito ainda boquiaberto diz:
- Com certeza não direi isto a ninguém, ninguém vai acreditar, eu mesmo não acredito.
- Então assista a este filme.
Um compartimento na parede se abre e uma TV do futuro noticia a grande descoberta de Filorgâmino Guillermo; o sujeito que apresenta o jornal é semelhante aos reticulinos vistos em abduçôes.
- Obrigado por ser sincero comigo senhor Presidente.
- Tenho que pedir a sua palavra quanto a não divulgar os fatos, sabe que isto pode provocar um pandemônio na população, além de nos obrigar a criar um nova história para rebater a sua.
- Não se preocupe senhor Presidente esta história vai morrer comigo.
No outro dia Paráclito não se sentiu a vontade para ir trabalhar ficou remoendo aquela história o dia todo, mas acordou novamente e desta vez no horário certo para o trabalho, novamente havia sonhado e vivido algo que realmente não aconteceu, era apenas o seu segundo dia de trabalho.

terça-feira, março 23, 2010

Rumos

Como saber qual a hora certa, Golias tinha um emprego de guarda municipal, estudava Direito, nas horas vagas fazia desenhos animados, todos diziam que ele era muito bom e que devia seguir carreira, mas não é necessário dizer que as contas não esperam a fama, nem o sucesso. Então surgiu algo inesperado, na verdade três coisas inesperadas. Uma revista em quadrinhos queria entrar no mercado e enviou uma proposta a Golias que poderia solucionar os seus problemas financeiros, mas como nada é tão perfeito, se a revista não vingasse, estaria sem emprego teria que começar de novo além de ter dificuldades em pagar a faculdade. A outra proposta era de um escritório de advocacia muito conceituado na cidade, apesar da proposta ser de um salário baixo, era a chance que ele esperava no ramo do Direito, além de conseguir a experiência de campo, entraria para o seleto grupo de estagiários de Direito da Advogados Preferenciais. Desgraça pouca é bobagem, mas proposta pouca também é, o seu futuro sogro iria abrir uma filial em outra cidade e também ofereceu-lhe uma oportunidade de chefiar a nova filial. Três propostas, todas mudariam radicalmente a sua vida, Golias tinha 24 horas para tomar a decisão. Preferiu a proposta do sogro, parecia mais viável, trabalhou por dois dias como o principal homem da cidade de Filhos de Agripino, afinal ele chefiava a fábrica que colocaria a cidade no mapa, mas houve um incêndio e tudo foi perdido inclusive a vida de Golias...

...

Preferiu ser desenhista afinal era o seu sonho, arriscou tudo, largou a faculdade, o emprego público e nem mesmo a futura esposa o quis acompanhar, isto deu tempo para que ele fosse criativo e mesmo com a tristeza da solidão que durou pouco; a sua criatividade foi decisiva para o sucesso da nova revista, A "Situações públicas e privadas" açambarcou os leitores das outras revistas em quadrinhos e foi um sucesso quase meteórico, Golias ganhou tanto dinheiro que uma infinidade de desconhecidos apresentou-se para ele como parentes de 1º, 2º e 3º grau, foi entrevistado por redes de televisão que nem imaginava que existia, virou um tipo de arquétipo dos homens bem sucedidos...

...
Preferiu ser estagiário de Direito, foi devidamente sugado por seus superiores advogados e também por alguns companheiros estagiários, mas com todo este trabalho e sacrifício se tornou advogado, casou-se com a mulher que era sua noiva, teve 4 filhos e infelizmente não teve tempo para eles, pois trabalhava até mesmo de madrugada, ficou rico e acabou sendo assassinado por um de seus filhos ambiciosos que acabou na cadeia e beneficiou quem, como direi "Não colocou a mão na massa"...

...
Preferiu ficar onde estava, afinal era um serviço fácil, estava quase acabando a faculdade, achava que surgiriam propostas melhores e o melhor de tudo é que no serviço público o salário é garantido, não é mesmo? Passaram-se 30 anos e ele estava formado em direito, ganhando o mesmo salário, passando fome, valorizando o seu serviço como nunca, divorciado, sem nenhum cabelo na cabeça e arrependido de não ter tomado uma decisão acertada no momento certo.

sexta-feira, março 12, 2010

Pusilânime

Gonçalves nunca foi um brigão, ao contrário de seus colegas de escola, era da paz, religioso, acreditava que tudo poderia ser resolvido com uma boa conversa, mesmo assim ficou conhecido como Beterraba pois sua cara estava sempre vermelha de sangue. Seus pais não sabiam mais o que fazer, reclamavam na escola, ameaçavam os pais dos brigões, chegaram até a entrar com um processo por lesões corporais e até ganharam o processo, mas o beterraba continuava passando pelos mesmos problemas. Então Narciso, resolveu ajudar Beterraba:
- Você é que é o beterraba?
- Olha a minha semana já está cheia, segunda o Valmir vai me bater, terça tem o Julião, quarta o Polaco, quinta o Jorge Fernando e Sexta o Ricardo, se vc quiser posso encaixar um horário para você na semana que vem, menos na quarta porque eu com certeza estarei no hospital para me recuperar dos ferimentos.
- Puxa você é um cara organizado em, mas não foi para isto que eu vim aqui, eu quero ajudá-lo.
- Será que estou sonhando? Um fortão que não quer me bater? Minhas preces foram ouvidas.
- Certo, cansei de ver estes idiotas abusarem de você.
- Você vai ser meu guarda-costas?
- Não, vou ensiná-lo a se defender.
- Claro que vai. Você não entende, né? Eu sou um covarde, pusilânime se preferir, não tenho a menor condição de enfrentar quem quer que seja, se o meu pai grita comigo, tenho que trocar de calça, você deve saber o porquê.
- É, eu imagino, acha que há algum motivo para isto, você teve algum trauma que evita que você reaja diante do perigo?
- Você é psicólogo?
- Não, eu só quero ajudar, mas se não quiser, tenho mais o que fazer.- e vai saindo.
- Não, espera, você tem algum plano?
- Tenho sim, como o tempo voa, a primeira coisa que você tem aprender é a não ter medo.
- E como eu faço isto? Tomo algum remédio?
- Não, você precisa aprender a olhar nos olhos, olhe nos meus olhos.
Assim, Narciso mostra a Gonçalves que através dos olhos pode-se antecipar movimentos e que isto poderia lhe dar alguma vantagem, na hora de uma luta corpo a corpo, depois Narciso ensina alguns movimentos de esquiva e a sempre eficiente rasteira. Mas mesmo assim, na luta do dia, Gonçalves volta ensanguentado:
- O que houve Gonçalves?
- Acho que fiquei nervoso e esqueci todos os movimentos.
- Ao menos você conseguiu olhar nos olhos dele, num primeiro momento sim, depois que levei a primeira comecei a ver tudo embaçado.
No outro dia, Narciso leva Gonçalves a um local de treinamento e faz com que ele aprenda a dar socos, nos treinos parece um aluno exemplar, como diria o velho Neném Prancha, "treino é treino e jogo é jogo", assim novamente a situação se repete e assim foi durante a semana, apesar de parecer um caso perdido, Narciso continua com a sua "Capela Sistina" chamou para si a responsabilidade e teve uma grande idéia:
- Qual a coisa que você mais odeia?
- Não sei, acho que não odeio nada.
- Então está na hora de você odiar, por acaso você não odeia as pessoas que te batem?
- Não, sei que são tolos e eu os perdoo por isto.
- Cara, você é um cara difícl de ensinar, vamos fazer o seguinte: ...
Esta luta é entre Juvenal e Gonçalves, Juvenal bate o pé e assusta Gonçalves, após investe contra ele pela direita, Gonçalves dá um passo para trás e soco de Juvenal passa no vazio, desta vez quem investe é Gonçalves para a surpresa de Juvenal e acertá-lhe o queixo, Juvenal vai ao chão e Gonçalves acorda do seu sonho:
- Será que eu consigo fazer isto.
Mais tarde Gonçalves espera por Juvenal e ele não aparece, Gonçalves se sente estranho finalmente se livrou de uma surra, mas não entende o que está acontecendo ele vai para casa e quando chega, sua mãe também fica surpresa:
- Ué, você não apanhou hoje?
- Pois é o Juvenal deve ter tido outro compromisso, estou até preocupado, é a primeira vez que ele falta em meses.
O telefone toca, depois de atender, a mãe de Gonçalves diz:
- O Juvenal está nos Hospital.
- Vamos para lá então, mãe.
- Sabe, Gonçalves você é um garoto estranho, este rapaz te bate há anos e você ainda quer vê-lo no hospital, acho que você já tem a sua vocação; Secretário-Geral da Onu.
No hospital:
- Juvenal, o que houve?
- Eu não sei, estava indo encontrar você para a nossa briga semanal e senti uma forte dor no queixo e quando acordei estava no hospital.
- Sério Juvenal, engraçado você falar nisto porque eu sonhei que tinha acertado você no queixo.
- Tá brincando?
- Não.
A história se espalhou e ninguém teve coragem de lutar com o "garoto bruxo". Gonçalves achava que "Garoto bruxo" era muito melhor que "Beterraba".
O que realmente aconteceu? Narciso se escondeu atrás de um muro de esquina e desferiu um soco em Juvenal assim que ele passou, a ação foi tão rápida que Juvenal nem percebeu de onde veio o soco, Narciso nem imaginava que Gonçalves havia tido o sonho; eles haviam combinado de que Narciso ficaria dando as dicas num local escondido perto da luta para facilitar as investidas de Gonçalves, mas deixou o caso ficar mítico afinal é muito difícil mudar um pusilânime.

segunda-feira, março 08, 2010

Dia Internacional da Mulher

Há registros de que este dia nasceu numa greve cuja reivindicação era a de melhores condições de trabalho e redução de jornada de 16 para 10 horas. Este dia que ainda não se tornou comercial, pode ser a forma de retratação da camada masculina da sociedade em relação a todos os desmandos realizados por seus ancestrais com a classe feminina. Hoje as mulheres tem seu valor demonstrado a cada dia, elas ainda passam muitas dificuldades no que se refere a igualdade em relação aos homens. Ainda há mulheres ganhando a metade ou até mesmo um terço do que ganha o homem e realizando o mesmo serviço; esta situação pode se perdurar por muitos anos ainda. A principal alegação dos empresários é que as mulheres tem mais compromissos médicos e também podem desfalcar a suas empresas por longos seis meses por causa da licença maternidade; esta cultura deve ser combatida e opções devem ser estudadas para que isto não se torne uma desigualdade social, pois no final das contas apenas o setor público é que trata os sexos indistintamente, pois o salário refere-se ao cargo e não ao sexo do funcionário. O fato das mulheres frequentarem mais os médicos denota uma sabedoria que a coloca como infinitamente mais saudável que os homens, elas são mais ponderadas, mais equilibradas e sabem negociar como ninguém, perder esta força de trabalha é algo inadmissível nos dias contemporâneos. Apesar de ser a favor de que o dia da mulher se perdure para que não haja mais nenhum tipo de preconceito em relação a classe feminina, ainda me incomoda que isto seja feito em apenas um dia do ano. Para mim, vale a velha máxima "Quem é importante é importante todos os dias e não em apenas um".

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Derrota? Inaceitável!

Por que temos tanta dificuldade de aceitar a derrota? Como brasileiros, isto faz parte da nossa cultura, principalmente quem vive com as exíguas quantias pagas pelo salário mínimo. Nos esportes, quando um brasileiro chega ao alto do pódio, ele é festejado, adorado e glorificado, se não é esquecido e algumas vezes até hostilizado, um exemplo clássico é o Rubens Barrichello, que longe de ser uma lenda da fórmula um, teve a difícil missão de substituir nos corações brasileiros, nada mais nada menos que Ayrton Senna, infelizmente somos assim, não aceitamos menos que o melhor e o moço, que é um bom piloto, teve uma carreira de cobranças e depreciações indignas de um representante do esporte brasileiro.Indo por um outro caminho, conheci pessoas que não só não aceitam derrotas, como não conseguem seguir seu caminho, ficam anos perdendo tempo e desperdiçando energia sonhando com o amor que não deu certo, com aquela casa que não conseguiu comprar, com a viagem que não conseguiu fazer, mas sabe o que falta mesmo, além do planejamento que parece óbvio, é exatamente aceitar a derrota e seguir em frente, focar nos objetivos. Ah, mas eu não tenho tempo, não tenho dinheiro, disposição, carro ou qualquer outra desculpa fabricada ou comprada em feira. Se a vida fosse fácil, ninguém sofreria, vitória mesmo é conseguir não ser bandido numa comunidade marcada por tiroteios, vitória é saber se colocar no lugar do outro, entender o seu sofrimento e ajudá-lo a sair do abismo, vitória é ganhar o seu dinheiro honestamente, numa sociedade de hipócritas e trapaceiros. Saber e entender que existem pessoas melhores e mais capacitadas; foco nos objetivos; aceitação dos seus próprios limites e não perder tempo e energia se lamentando com eventuais insucessos são tópicos que devem ser aprendidos e usados sabiamente. Aceitar a derrota também é insistir com o seu sonho, é aprender com as derrocadas para quando a vitória vier que esta seja triunfante.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Em busca do pé de coelho VI

Desta vez Baudelaire estava com medo, se o sujeito austríaco estivesse falando a verdade, o dispositivo valeria muito mais, no entanto se ele recusasse a oferta estaria arriscando a sua vida, então Baudelaire fez algo que normalmente não faria:
- Não me diga e onde ele está? Sei, estou anotando estamos a caminho. Tchau. -Desliga o telefone.
- O que houve Guaianazes?
- Parece que a nossa sorte virou. Acabei de receber um telefone dando conta que Baudelaire quer fazer um acordo.
- Já era hora de uma boa notícia, no entanto, é melhor não ir com tanta sede ao pote, afinal, deve haver caroço neste angu. Diz Jamil
-Vamos lá o helicóptero está esperando aí fora.
Logo:
- É aqui, o Centro de Convenções Henfil.
- Certo onde ele está? - Procura com os olhos e só uma figura estranha vestida com uma roupa roxa.
- Ali está ele Jamil.
A figura roxa chega perto e diz:
- Como vai Guaianazes?
- Faz muito tempo, Baudelaire.
- Você continua esclerosado não é?
- Ué, porque?
- Não ouviu quando eu disse, venha sozinho?
- É, ouvi sim, mas ele insistiu para vir.
- Tudo bem, não importa, trouxe o que pedi?
- Claro.
- Me mostra.
Guaianazes abre a maleta, uma breve olhada e sem perda de tempo Baudelaire mostra o dispositivo e fazem a troca:
- Espero não vê-lo novamente senhor Guaianazes.
- Espero o mesmo Senhor Baudelaire.
Jamil ainda curioso diz:
- Deu dinheiro aquele idiota?
- Não.
- Não? O que havia na maleta?
- Algo que ele precisava muito.
- Algo mais importante do que dinheiro?
- Você está correto.
- Não vai me dizer o que havia na mala não é?
Guaianazes apenas sorri, Jamil fica um pouco desconcertado e pensa consigo:
"- Quer saber tanto faz"
Jamil entra em um carro, Guaianazes noutro este dirige-se a uma sombra:
- Fez um ótimo, trabalho hoje, professor.
- Obrigado, senhor Guaianazes, eu não podia deixar um idiota qualquer botar o meu trabalho a perder. Espero qeu agora tenham mais cuidado com isto e que não mais nas mãos destes oportunistas.
- Não se preocupe, Baudelaire é página virada.
- Posso fazer uma pergunta?
- Sim.
- Porque Milton?
- Milton escreveu o Paraíso Perdido, acho que estávamos bem próximos disto, com este maluco a solta por aí com uma tecnologia que ele próprio não entendia.
Em paris na Champs Elysé, Baudelaire toma um café, enquanto observa uma moça servindo café, ela chega próximo a ele e diz:
- Monsier?
- Sil vous plait.
A xícara de café é completada novamente, então ele suspira e abre um largo sorriso.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

O esporte e a mesmice

Quem pode dizer que não ficou no mínimo chateado com os campeonatos em série do alemão Michael Schumacher na Fórmula 1, ou com as 8 medalhas de ouro do americano Michael Phelps, ou ainda com o tricampeonato do São Paulo no brasileirão. O que aconteceu com o esporte? o que houve com os novos ídolos e a renovação? Salvo raríssimas exceções, como o jamaicano Usain Bolt, um homem que parece alienígena por bater o recorde mundial dos 100 metros e dos 200 metros com uma facilidade absurda, não há mais renovação, até mesmo Bolt pode se tornar chato se não encontrar um adversário a sua altura. É óbvio que os alemães em relação ao Schumacher, os americanos em relação a Michael Phelps, os jamaicanos com o Usain Bolt e os são-paulinos com o São Paulo ficam extasiados de verem seus representantes figurarem constantemente no lugar mais alto do pódio, mas, sem querer ser estraga prazer, as melhores vitórias ocorrem com adversários do mesmo nível; um bom exemplo foi a vitória do Chicago Bulls do Michael Jordan sobre o Los Angeles Lakers do Magic Johnson, quando os adversários se equivalem e há a vitória de um deles o embate se torna inesquecível, mas quando um só se destaca no meio de muitos a vitória perde um pouco o seu brilho. As maiores explicações que ouço é a de organização, que fulano trabalha mais, que ciclano é acomodado ou que beltrano não leva a sério o seu trabalho, pode ser que tudo isto possa fazer uma certa diferença, todavia é mais fácil gerenciar vitoriosos do que perdedores, os patrocinadores aparecem para quem conquista títulos, ninguém vai apostar num derrotado, por isto a balança sempre pende para quem vence, tornando o esporte uma mesmice sem precedentes e com uma tendência absurda a não mudar o rumo das conquistas. Para romper este ciclo, vale o velho ditado do barão de Coubertin "O importante é competir"; pois enquanto o importante for vencer, seremos obrigados a ver, ouvir e aplaudir sempre as mesmas caras, os mesmos vencedores e aceitar o absurdo monopólio no esporte.