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quarta-feira, agosto 23, 2006

Coisas da vida

Leonardo era um grande empresário no ramo das comunicações, diretor de sua empresa, trabalhava cerca de dezesseis horas por dia para cumprir com todos os seus compromissos. Durante muito tempo foi solteiro, pois não conseguia conciliar o trabalho com a vida pessoal, mas depois foi passando de casamento em casamento; ora, as mulheres não agüentavam tanta dedicação ao trabalho e resquícios de tempo para a família. Num happy hour conheceu Celina:
- Leonardo, deixe eu te apresentar a Celina, Presidente do Grupo Jabor Vieira.
- Como vai, Celina?
- Ouvi muito falar em você, Leonardo.
- É mesmo? Bem ou mal?
- Difícil dizer, dependia da pessoa que falava, você é amado e odiado por muitas pessoas, por causa do seu ramo de negócios.
- Ossos do ofício, minha cara.
Conversaram muito naquela noite e depois houve uma grande lacuna até se encontrarem novamente, o serviço de Leonardo mantinha-se massacrante, tantas reuniões, que às vezes nem sabia que assunto estava resolvendo naquelas salas grandes e frias. Num período de férias que era de quinze dias, isto que já é um milagre no meio empresarial, acabou encontrando Celina numa Praia de Alagoas, A praia da Pajuçara. Estava andando pela calçada quando viu aquela fisionomia conhecida:
- Celina?
- Sim. Respondeu ela confusa, ainda sem conhecer seu interlocutor.
- Leonardo, nos conhecemos num happy hour há uns oito meses.
- Nossa, você realmente é um bom fisionomista.
- Você é a presidente do Grupo Jabor Vieira.
- É, costumava ser.
- Como assim?
- Bem, olhe para este mar.
- O que que tem?
- Eu percebi que eu estava perdendo isto, ao me matar de trabalhar e não aproveitar o fruto do meu trabalho.
- Ta dizendo que se demitiu.
- Não exatamente, eu estou dizendo que, agora tenho mais tempo para mim e consigo delegar algumas funções daquela empresa, mas não sou mais ser presidente, tenho um cargo menor e você, onde trabalha mesmo?
- Na Multicomunicações.
- Hum, propaganda, em? É preciso ser muito criativo. Você está com alguém?
- Não.
- O que acha de tomarmos um café.
A conversa fluiu muito bem, já que passavam pelas mesmas situações no serviço, mas o que Celina enxergava, Leonardo estava longe de imaginar. Trocaram telefones. Leonardo ainda não entendia o ponto de vista de Celina, para ele a empresa era a sua vida, como poderia trocá-la por um pôr-do-sol sem graça no nordeste. Em uma das reuniões em que fazia teve um pensamento agradável em relação à Celina, finda a reunião pegou o telefone e tentou falar com ela:
- Alô, eu gostaria de falar com a Celina.
- Quem deseja?
- É o Leonardo.
- A Celina não trabalha mais com a gente, ela saiu há algumas horas, na verdade foi convidada para trabalhar com turismo em Cancun e está indo para o aeroporto agora.
- Você sabe me dizer o horário do vôo.
- Sim, é o das onze horas.
Leonardo, que tinha mais compromissos neste dia, abandonou tudo e correu para o aeroporto, pois já era 10:20, enquanto dirigia tresloucadamente pelas ruas a secretária liga para Celina:
- Oi Celina, ligou um cara aqui, ele disse que se chamava Leonardo e perguntou o horário do seu vôo.
- Obrigado Rúbia.
Celina pega o celular e liga para a empresa de Leonardo:
- Oi, eu gostaria de falar com o Leonardo.
- Ele está numa reunião, quem deseja falar com ele?
- É a Celina, você sabe se ele vai demorar?
Nisso passa um office-boy e diz:
- O Leonardo não está na reunião.
Cristina tampa a boca do telefone e diz:
- Tem certeza?
- Sim.
- E onde ele está?
- Eu não sei, só sei que vi, ele cantando pneu no estacionamento.
- Obrigado.
Voltando a Celina, Cristina revela a nova informação:
- Nossa, mas onde será que ele foi?
- Não tenho certeza, Celina.
- Você, poderia me passar o celular dele.
- Claro.
Depois, Celina encucada liga para o celular de Leonardo:
- Pronto.
- É o Leonardo.
- Não.
- Ué, será que disquei o número errado.
- Acho que não, senhora, é que o Leonardo acabou de sofrer um acidente e ele está indo para o Hospital Madalena Sofia, quem deseja falar com ele.
- É a Celina, obrigado pelas informações.
Desligando o telefone, Celina fica confusa, não sabe se pega o avião ou se vai ver Leonardo, o que será que ele queria com ela, que valia a pena abandonar uma de suas reuniões e arriscar-se a sofrer um acidente:
- Última chamada para o vôo 88734596 com destino a Cancun da Suzano Airlines, passageiros retardatários, por favor, dirijam-se à aeronave.
Leonardo acorda sem entender o que aconteceu, nem saber onde está, seu irmão preocupado diz:
- Até que enfim, você acordou.
- O que houve?
- Bem, você sofreu um acidente.
- Nossa; agora me lembro, eu estava correndo muito, o celular tocou e eu me desconcentrei, capotei o carro e não me lembro de mais nada.
- Este aqui é o Flávio ele chamou o socorro.
- Flávio muito obrigado, não fosse por você, talvez eu nem tivesse por aqui.
- Já falou para ele. - Dirigindo-se ao irmão de Leonardo.
- Sobre o que?
- Sobre ela.
- Ah sim; deixe-nos a sós, por favor.
- O que houve Manuel?
- Leonardo meu irmão, não quero que fique nervoso, mas aconteceu uma coisa que é difícil de explicar.
- Ah é, e o que foi?
- A Celina esteve aqui.
- Claro a Celina, foi por isso que eu estava dirigindo tão rápido e acabei sofrendo o acidente, estava indo para o aeroporto falar com ela, você disse que ela esteve aqui?
- Sim.
- E onde ela está?
- Ela já foi para Cancun.
- Ela não quis esperar eu acordar?
- Ela esperou quase dois meses.
- Dois meses, quanto tempo eu dormi?
- Você dormiu por dois anos, Leonardo.
- Dois anos, eu não acredito, parece que foi ontem que sofri um acidente.
- É a sensação que se tem, conforme o médico.
- Ela ainda está em Cancun?
- Não sei dizer.
Moral da história:
Mesmo com muita pressa é importante ser cuidadoso no trânsito, aproveitar os momentos é muito importante, pois eles podem nunca mais se repetir.

sexta-feira, agosto 18, 2006

A mão do destino

Gabriela era uma auxiliar de enfermagem, aprendeu no curso que o melhor profissional é aquele que não se envolve emocionalmente com seus pacientes; num hospital, isto nem sempre é fácil; exemplos clássicos: crianças queimadas pelos pais; mulheres que apanham freqüentemente de seus maridos e insistem em dizer que caíram da escada; e tantas e tantas vezes, pessoas com as cabeças abertas pelos mais variados motivos, desde brigas domésticas até assaltos a mão armada. Gabriela achava que estava encarando bem a situação, já tinha dado plantões acima de 30 horas sem perder a razão. Um jovem de 20 anos bateu o carro num poste e entrou em coma, ele foi parar na ala de Gabriela, o médico estava pessimista, dizia ele que o garoto deveria ficar pelo menos cinco meses naquele estado, só depois disso e que poderiam dizer se ele sobreviveria ou não. O que foi peculiar é que ninguém vinha visitar o Glauco, este era o nome do rapaz, e Gabriela estava num duelo mental. Deveria ou não se envolver neste problema, mas já era tarde, já estava envolvida, começou a perguntar como ia o rapaz, como era um hospital público não havia problemas com despesas, mas com certeza ele não era um dos pacientes mais bem tratados por lá, a não ser por Gabriela que conversava com ele e lhe contava histórias sobre grandes homens que conseguiram atravessar dificuldades e conquistar seus objetivos: como Martin Luther King Jr.; Muhammad Ali; Nelson Mandela; Abraham Lincoln, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e por aí vai. Passaram-se alguns meses e findo o prazo estipulado pelos médicos, Gabriela foi a primeira a estar na sala do Dr. Flávio:
- E então Doutor, ele vai sobreviver?
- Quem?
- Ora, quem, o Glauco é claro.
- Ah sim, vai sim, é possível que ele acorde hoje mesmo.
O Coração de Gabriela quase lhe salta pela boca de tanta felicidade, foi direto ao quarto contar a novidade a seu paciente mais querido, mas qual não foi a sua surpresa que ao chegar no quarto, ele já não estava mais, aflita, perguntou ao zelador:
- Seu Amarante, você viu para onde levaram o Glauco?
- Ah, aquele gringo?
- Gringo, como assim?
- Bem, ele acordou agora pouco e começou a falar inglês, pelo menos eu acho que era inglês, o pessoal disse que ele estava bem, aí ele foi liberado.
- Liberado, mas ele acabou de acordar de um coma, quem o liberou?
- O Dr. Júlio.
Segundos depois:
- Doutor Júlio o senhor liberou o Glauco?
- Liberei sim, achei que ele estava em coma, mas na verdade ele só estava catatônico, como as funções dele estavam boas, não havia porque o segurar aqui, pra dizer a verdade é a primeira vez que vejo alguém ficar catatônico por tanto tempo.
- Ele realmente fala inglês?
- Sim, fala, ele é de Nova York, estava aqui de passagem, alugou um carro, não conhecia ninguém, por isso ninguém veio procurá-lo e aí acabou aqui por seu descuido e pela estranha doença dele.
- Minha nossa e ele perguntou de mim?
- Na verdade, perguntou sim, disse que enquanto estava catatônico ouviu uma mulher que parecia um anjo, lhe contar histórias, disse que nunca a havia visto antes, mas o problema é que ele não entendia o que você falava, sabe como é, ele é americano, fala muito pouco o português.
- Ele deixou o telefone?
- Você fala inglês?
- Um pouco.
- É, ele deixou sim.
Logo:
- Alô, eu quero falar com o Glauco.
- What?
- Ai, esqueci, I want to speak with Glauco (Eu quero falar com o Glauco).
- Yes. I am Glauco (Sim, Eu sou o Glauco).
- Sorry, but I not speak English very well (Lamento, mas não sei falar o ingles muito bem.).
- You are the nurse? (Você é a enfermeira?)
- O que?
- You take care of me, told me many stories. (Você cuidou de mim, me contou muitas estórias)
- Yes, more or less, when and how I can find you. (Sim, mais ou menos, quando e como posso encontrar você?)
- Well, you are free to a dinner. (Bem, você está livre para um jantar?)
- Sure, when? (Claro, quando?)
- Tonight. (Hoje à noite.)
- Where? (Onde?)
- You choose. (Você escolhe.)
- You know the Restaurante Sírio Libanês? (Você conhece o Restaurante Sírio Libanês?)
- Sure, at 8:00 p.m. (Claro, que tal às oito da noite)
- Perfect. (Perfeito.)
De início, foi muito difícil à comunicação, como puderam notar, mas o amor é universal e logo transpuseram esta barreira, Gabriela largou o hospital, foi viver em Nova York com Glauco, que era roteirista, com alguns espetáculos em cartaz na Brodway. Lá, Gabriela conheceu o mundo do teatro e se apaixonou, começou a dirigir peças e hoje, são conhecidos como "THE SUCESS COUPLE" (O CASAL SUCESSO).

terça-feira, agosto 15, 2006

O caminho da luz

Pierre era um motorista de funerária, por anos dirigiu o rabecão, sempre teve a sensação de que o morto poderia levantar e conversar com ele, mas depois de um tempo parou de pensar nisso e acabou por se acostumar com o serviço. Um dia estava transportando outro infeliz e voltou a ter aquela sensação de principiante, tentou pensar em outra coisa, mas não conseguiu e de repente o morto se levanta e diz:
- Pierre.
Como não poderia deixar de ser, Pierre se assusta e quase bate o carro, depois olha para trás e vê o morto sentado:
- Pierre, você precisa me ajudar!!
- C-C-C-o-o-omo e-e-eu po-po-posso ajudá-lo???
- Pierre eu tenho que sair daqui e você precisa vir comigo.
- Como eu vou com você; está morto e sua família está lá esperando você para enterrá-lo.
- Não Pierre, temos que ir para o centro da cidade.
Disse isto se levantou e saiu do carro fúnebre e começou a caminhar. Pierre ainda embasbacado com a situação disse:
- Não é melhor irmos de carro.
- Claro que sim, mas achei que não queria me ajudar.
- Querer mesmo, eu não quero, mas quero ver onde isto vai dar, nunca presenciei uma situação com esta e gostaria de tentar entender.
- Não há nada para entender Pierre, apenas faça o que eu digo e tudo ficará bem.
Mais tarde no centro da cidade o ex-morto que se chamava Rafael diz:
- É aqui nesta Praça, a Praça Presidencial. Agora Pierre você deve dizer.
- Dizer o que Rafael???
- Você sabe, está caminhando na sua mente, Diga de uma vez!!!
- Tudo bem, o que está na minha cabeça são está palavras "Aqui está ele o Rafael, ele veio encontrar a luz".
Diante dos olhos dos dois, uma estátua de bronze de um homem sentado em um cavalo começa a se iluminar e se abre, Rafael se encaminha para a estátua entra na luz e a estátua se fecha. Nesse momento Pierre coça os olhos e para a sua surpresa o carro funerário continua com o morto no caixão e seu celular está tocando, ele atende:
- Oi, é o Pierre.
- Pierre, onde você está, é o Roberto, você já devia estar no cemitério, a família do Rafael não pára de me ligar.
- Eu, eu estou no centro da cidade.
- O que você, está fazendo aí, se perdeu, depois de tanto tempo, não sabe mais o caminho do cemitério.
- É Roberto, eu me perdi, acho que estou cansado, talvez esteja na hora de eu tirar umas férias.
- Faça o que fizer, venha agora para o cemitério, senão eu vou ter problemas com a família do morto.
- Tudo bem, estou indo.
Meia hora, mais tarde, todos dizem em coro:
- Nossa, até que enfim.
Depois, a mãe do Rafael, chega ao motorista e com uma voz quase inaudível diz:
- Obrigada pela ajuda, senhor.

sexta-feira, agosto 11, 2006

LIMITE DA SANIDADE

Sabe aquela paixão avassaladora que faz você caminhar nas nuvens quando está perto do ser amado e se sentir a coisa mais nojenta e insignificante quando não está. Pois é, isto estava acontecendo com Rosário:
- Ô meu bem, como vai?
- Que meu bem o que, onde você estava seu safado?
- Rosário, o que houve? Estou chegando agora e você já me recebe com quatro pedras na mão o que foi que eu fiz agora?
- Sabe quantas vezes eu tentei ligar para o seu celular?
- Não, mais tenho certeza que você vai me dizer.
- 32, Plínio, 32 e é sempre a mesma resposta, caixa postal, caixa postal.
- Por que você não me atende quando eu ligo? Estava com a outra, né?
- Que outra, mulher, eu estava em reunião no escritório, você sabe que eu não posso atender o telefone no meio da reunião, é no mínimo fora de propósito.
- Sei que tipo de reunião você anda fazendo.
Plínio abraça Rosário por trás e diz:
- Vamos parar com essa discussão meu amor, não foi para isso que eu vim para a sua casa.
- Eu sei Plínio, é que eu me sinto insegura quando não estou com você, tenho necessidade física de estar ao seu lado, acho que me suicidaria se você fosse embora.
Plínio olha para ela, um pouco assustado. Alguns dias depois, a situação se repete:
- Plínio, onde você estava?
- Como sempre trabalhando, Rosário. Será que você gosta de homem vagabundo que não precisa ir para o serviço, toda vez que venho na sua casa você vem com esta história de onde você estava, quer me ligar o dia todo, me perseguindo como se fosse um perdigueiro e tentando descobrir o que só existe na sua cabeça. Sabe, deste jeito não dá pra continuar, a nossa relação não tem mais razão de ser.
Rosário dá um grito, ensurdecedor:
- NNNNNNNNÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO,você não pode me abandonar, o que eu vou fazer sem você, você é a razão da minha vida, eu sei que sou ciumenta, mas eu morro de medo que você vá embora e que a minha vida volte a ser vazia sem amor, sem esperança e sem expectativa, se você for embora, eu vou me matar.
- Rosário, FUI.
Ela se agarra nos pés de Plínio e é arrastada até a porta, toda chorosa, ele se desvencilha dela e vai embora. Algumas horas depois o jornal, dá uma notícia extraordinária:
- Estamos aqui direto do Edifício Melbourne, onde uma mulher ameaça pular para a morte, caso o seu namorado Plínio não venha socorrê-la, o Edifício tem 25 andares, seria uma queda muito dolorosa, voltamos a qualquer momento com o Plantão do Jornal Abre Alas.
Exatamente quando termina a reportagem, Plínio chega em casa e liga a TV, e o filme Noiva em Fuga volta a ser apresentado.
Um bombeiro chamado Matos está a caminho do local da anunciada tragédia, ainda sem saber exatamente o que vai fazer ele parece muito tenso, já enfrentou fogo, enchentes e até testes de sobrevivência, mas é a primeira vez que terá que convencer alguém a não se matar, este, que é considerado entre os bombeiros, o momento limite entre a sanidade e a insanidade. Quando Matos chega ao local, a equipe de reportagem corre para falar com ele, mas ele se esquiva, logo depois ele está no terraço do prédio olhando para Rosário em cima do parapeito de frente para a rua e gritando o nome de Plínio, Matos tenta puxar assunto:
- É por causa dele que você quer se matar?
Ela se assusta, quase cai, mas consegue se equilibrar:
- Quem é você, cadê o Plínio?
- Não creio que ele virá, como é mesmo o seu nome?
- Que diferença faz, daqui a pouco será apenas um nome numa lápide.
- Mas você não deveria estar fazendo isso.
- Ah é, e por que não? Se você conseguir me dar uma resposta satisfatória, eu desisto de pular.
- Você não tem pais, filhos, irmãos parentes?
Ela dá uma risada e diz:
- Meus pais, ah meus pais, só me botaram no mundo e acharam que tinha feito muito, sumiram e nem sei onde andam, irmãos só aparecem quando precisam de dinheiro e na hora de pagar somem, filhos não tenho ainda.
- Boa resposta, ainda, porque ainda os terá.
Nisso, o plantão do Jornal Abre Alas volta a noticiar:
- Estamos aqui no Edifício Melbourne, onde ainda não foi solucionado o problema da suicida, mas já temos o nome da infeliz, ela se chama Rosário Rodrigues.
Plínio salta da cadeira e tenta ligar para Rosário, O bombeiro está muito perto dela e o celular dela toca, ela se assusta, se desequilibra e cai, o bombeiro num ato reflexo segura a sua mão e ela fica pendurada, com os transeuntes lá embaixo na rua fazendo um OOOOHHHHHH, o celular cai e se espatifa no chão, tudo devidamente coberto pelo jornal local, o bombeiro pergunta:
- Você ainda quer viver?
- Não tenho certeza, ainda espero aquela resposta.
- Rosário, você está fazendo isto por amor, não é?
- Sim.
- Então, o mundo precisa aprender a amar incondicionalmente como você.
- Era a resposta que eu estava procurando.
Neste momento chegam os outros bombeiros, a puxam e salvam do perigo, logo depois no hall do hotel a reportagem tenta chegar até Rosário, mas ela diz que não quer falar com a imprensa e Plínio aparece na entrada do Edifício, ela corre para ele e o abraça, ele diz:
- Nunca mais faça isso!
Ela diz:
- Nunca mais me abandone!

segunda-feira, agosto 07, 2006

O Banco

Rui andava atordoado. Todos os dias, ficava imaginando como fazer mágica com o salário minguado para chegar ao fim do mês. Já havia feito vários empréstimos, o que diminuiu muito o seu poder de compra.
Um dia, se achou o homem mais sortudo do mundo; recebeu um telefonema no seu celular de um tal Ricardo que procurava um sujeito chamado Silas, como não conhecia, descartou-o dizendo que não conhecia nenhum Silas, neste momento teve uma ideia, poderia jogar no bicho aquela primeira milhar do celular 9934, era a cobra nunca tinha ganho no bicho, mas ele gostava muito de jogar na cobra, foi na casa lotérica e fez o jogo, as duas da tarde buscou o resultado e viu que havia ganho, a milhar deu na cabeça, ele ganhou 3 mil reais, o suficiente para resolver o problema do cheque especial, não perdeu tempo foi direto ao Banco Siríaco. Chegando lá havia uma fila quilométrica, mas para quem tinha tido tanta sorte no jogo, aquela fila não era nada.
Esperou cerca de duas horas, quando estava prestes a ser chamado notou um burburinho, que vinha da porta giratória; quando olhou não acreditou, dois homens encapuzados e armados com fuzis entraram no banco e gritaram:
- Isto é um assalto, todos para o chão agora!!!!
E começaram a pegar todos os pertences dos clientes. Rui estupefato, sequer se lembrou de esconder o dinheiro que estava bem a mostra em suas mãos, em apenas 3 minutos, os bandidos limparam os caixas e os clientes e foram embora com a polícia no seus encalços; chegando em cima da hora, mas não evitando a tragédia de Rui.
Perto das cinco da tarde, Rui, já desanimado, recebe um telefonema da esposa:
- Oi, Rui, onde você andou o dia todo, estou ligando pro seu trabalho direto, mas parece que você não apareceu lá!!
- Oi querida! É, eu não fui trabalhar mesmo, tive que visitar uns clientes, mas agora estou indo pra lá para despachar uns papéis e logo estarei, em casa.
- Tudo bem, eu tenho uma novidade boa pra você.
- Eu bem mereço uma novidade boa hoje, o que é??
- Você foi chamado para trabalhar na Petrobrás, lembra aquele concurso que você fez há dois anos??
- Sim, claro.
- Pois é; finalmente chamaram você, Rui! Não é ótimo???
- É claro que sim, querida, eu estava prestes a te contar uma história triste, mas deixa pra lá, hoje é dia de comemorar!!!
A vida, às vezes, não parece justa, mas Deus sempre cuida muito bem de seus filhos.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Escrever é um desafio

Tão difícil quanto escrever é se fazer entender, ora, clareza é o que todo professor de redação cobra. Em uma oportunidade tivesse acesso a uma redação na qual o tema era meio ambiente além de pérolas como a frase a seguir: "Não devemos cuidar apenas do meio ambiente, mas do ambiente inteiro"; o sujeito fugiu completamente do tema dizendo: "Se houvesse vida extraterrena, o conceito de miss universo seria muito mais amplo". Algumas vezes o que escrevemos não fica claro e os profissionais da palavra sabem disso, por isso o esmero ao escrever e ao falar deve ser primordial. Quantas vezes, caro leitor, você não foi enganado pela notícia ou tolhido pela explicação pouco compreensível dos fatos. Uma vez vi num jornal da capital a notícia "Xuxa desapareceu" mais tarde descobri que xuxa era uma cadela de um morador da região metropolitana, isto tira a credibilidade dos meios de comunicação. Falando nisso, o que dizer das nossas novelas, em que nada mais é proibido, os traidores voltam a viver romances com os traídos, os jovens cada vez mais perdidos e a religião que só é lembrada na hora do casamento, os padres já não tem tanta importância na trama, as outras religiões sequer são mencionadas, quando há um religioso, geralmente tem um vida dupla de degradação e o pior, não existem mais heróis, são todos canalhas, sem-vergonhas, imorais, numa falta de respeito sem tamanho, além dos nus, que de artísticos não têm nada. Por outro lado os diretores de filmes parecem que aprenderam com os erros do passado e tornaram suas estórias mais interessantes, filmes como "Deus é Brasileiro", "E se eu fosse você" "Central do Brasil" que não são nada apelativos e ainda têm boas estórias, com alguma reserva cito o "O homem que copiava" que apesar de um texto interessante tem um final desaconselhável para quem quer seguir uma vida regrada. Para fechar o assunto, digo, cuidado com o que você escreve, pode ser um evangelho aos seus olhos, mas para outro pode ser uma afronta.