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terça-feira, outubro 27, 2015

Amnésia IX

Capricórnio está vendo o vídeo, fica um pouco assustado e surpreso:
- Certo, vamos ver se consegui entender. Meu irmão foi assassinado, por alguém desconhecido, logo descobri que quem morreu foi um clone, até aí tudo bem, pois eu sou um clone, depois eu sou contratado por alguém para matar o meu próprio irmão, então tendo coragem para isto, atiro na minha cabeça, pedindo para o meu irmão me salvar, que ao que parece deu certo, pois eu sou o resultado do meu pedido, mas isto deixa mais perguntas do que respostas.
- Bom, agora você sabe como foi morto e porque, os detalhes que estão faltando são: quem o contratou e por que mandou matar seu irmão, além de por que você aceitou o trabalho.
- Eu ainda não sei o que eu fazia, mas pelo jeito era uma vida perigosa.
- Ser jornalista é perigoso sim, mas não sei se nesse nível.
- Evidentemente eu tinha uma profissão paralela. Sabe o que mais me intriga?
- O que?
- É que lá no jornal, me contaram uma história diferente para a minha morte.
- Diferente? - diz Sheila – Um pouco nervosa.
- Sim, me disseram que fui assaltado, que desarmei os assaltantes e que ao chamar a polícia para encerrar o assunto, fui baleado e roubado e pela minha narração da vida passada eu tirei a minha própria vida. Alguém teria que ser muito criterioso para criar uma história como essa para ser aceita como verdade de modo que a polícia abandonasse o caso.
- Tem razão Pandiá, o suicídio seria mais simples e a polícia também arquivaria o caso já que ficou bem claro quem foi o autor dos disparos.
- A partir de agora, não sei o que fazer, onde devo procurar o meu irmão, o galpão onde estávamos perece ser um local ermo e sem localização aparente, devíamos começar por lá, mas como saber onde é?
Pandiá olha pela janela e vê um movimento nas folhagens:
- Sheila, acho que não precisaremos encontrar ninguém.
- Por quê?
- Porque já nos encontraram.
LaBanca derruba a porta com o pé acompanhado de Epaminondas e diz:
- Desculpe o mau jeito Sheila, mas onde está o seu marido?
Sheila desconcertada o procura, mas Capricórnio foi mais rápido, ela responde:
- Onde o deixou da última vez LaBanca, no cemitério.
- Sabe Sheila, estou com pouca paciência hoje, ele apareceu lá no jornal, não foi mesmo Epaminondas, eu imagino que se eu morresse e ressuscitasse procuraria alguém conhecido como a minha esposa.
- Olha LaBanca não sei que tipo de droga você anda usando, mas eu...
LaBanca a pega pelo pescoço e diz:
- Capricórnio, acho que tenho uma coisa aqui que talvez você queira, apareça!
- Não faça isto, não se preocupe comigo. – Diz Sheila quase sufocando.
- Largue a moça LaBanca. Ela não tem nada com a nossa briga.
- Eu tinha certeza que o seu lado herói estava aí em algum lugar, mas não pense que salvou uma donzela em apuros, esta sua esposa não é tão santa quanto pensa.
- LaBanca não faça isto.
- Sheila eu perdi tudo porque confiei em você, não vou cometer o mesmo erro.
- O que está havendo – Diz Pandiá.
- Ah sim, você é daquelas pessoas que acha que as esposas contam tudo para seus maridos, é claro que não é o caso da Sheila, não é mesmo?
- LaBanca, deixe-me falar com ele.
- Claro adoro estas reuniões de família, você tem 5 minutos, tem algo para comer nesta casa. – Diz isto e se encaminha para a cozinha.
- Diga Sheila, o que é tudo isto?
- Bem, não fui totalmente sincera com você.
- Em relação a que? É tudo mentira: a pesquisa, a clonagem, sobre o que exatamente não falou a verdade, talvez o hipnólogo.
- Pandiá, quase tudo é verdade, depois que você descobriu sobre o projeto do seu irmão eu fui procurada pelo LaBanca, de início recusei a proposta dele, mas eu estava cansada desta vida de mulher de jornalista perseguido, sabia que a qualquer momento estaria viúva e sem dinheiro, então aceitei investigar você, passei todas as informações para eles em troca de dinheiro, eu sabia o dia que você iria morrer e até a forma que foi exatamente como foi contada para você pelo Epaminondas, mas aconteceu outra coisa, você foi encontrado com um tiro na cabeça e a história precisou ser refeita, segundo o LaBanca eu não havia ajudado em nada, o plano tinha ido por água abaixo então eu não merecia mais o dinheiro prometido.
- Mas esta história não se encaixa, quem me contratou para matar o meu irmão?
- Esta é a parte que eu não sei, fiquei surpresa quando ouvi você contar aquela história no hipnólogo.
- Sheila pode deixar que eu assumo daqui – diz LaBanca - senhor Pandiá você também sabia que não tinha futuro como jornalista, nós pesquisamos você, tinha treinamento militar sabia algumas artes marciais e trabalhava de jornalista, era um desperdício, então o Epaminondas me ligou disse que tinha o cara perfeito para resolver nossos pequenos problemas e você trabalhou para nós durante muito tempo cobrando de quem não pagava e matando quem era necessário ser morto, o teste para você entrar foi o tal assalto, quando você desarmou três pessoas usando apenas as suas mãos, sabíamos que tínhamos o nosso homem. Acontece que seu irmão fez uma grande descoberta e você precisava matá-lo para conseguir as suas pesquisas, não sei como seu irmão escapou e você apareceu morto, daí a minha curiosidade, como você renasceu, alguém do vodu o ressuscitou?
Neste momento um projétil entra na cabeça de LaBanca, Epaminondas corre desesperado e é alvejado com várias tiros ao sair para fora da casa. A casa estava cercada pela Polícia Federal.
- Senhor Pandiá?
- Sim.
- Eu sou o agente Milho
- Milho?
- Sim, Gustavo Milho, senhor, é uma honra finalmente conhecê-lo.
Depois:
- Como souberam que eles estavam aqui, agente Milho?
- O seu irmão Francisco.
- Onde ele está?
- Está vindo para cá. Ele escapou da morte várias vezes, mas ele tinha um localizador em você, sabíamos que a sua suposta ressurreição abalaria os bandidos que perseguiam o seu irmão, então quando você retornou passamos a monitorá-lo.
- Por que não apareceram quando metralharam a minha casa.
- Bom neste dia eu estava de folga e o agente Nelson teve dificuldades para lidar com a situação, quando chamou reforço, você já havia dominado a situação e o nosso objetivo maior sempre foi o LaBanca.
Francisco chega:
- Você deve ser o meu irmão Pandiá.
- Sim. Preciso te fazer umas perguntas.
- Tenho certeza que sim.
- A sua pesquisa está salva?
- Sim. Foi repassada aos cientistas do governo, achei melhor não guardar para mim.
- Confia neles?
- Como confio em um gambá esquizofrênico, também mandei cópias para todos os meus amigos cientistas do mundo, esta patente não será exclusiva.
- Quem era o LaBanca?
- Ele tinha sido contratado para roubar a pesquisa da clonagem e entregá-la a uma indústria que teria o monopólio da pesquisa.
- Eles não precisavam matá-lo.
- Era uma situação com reféns, ninguém queria lidar com processos ou papelada.
- Eu sou realmente um clone?
- Sim.
- Porque fez isto?
- Porque você me pediu além de tudo era a prova que eu precisava.
- Mas você já havia feito um clone seu.
- Mas estava morto, além de tudo preciso saber quanto tempo você pode durar e gostei muito do sacrifício que fez por mim, não poderia deixá-lo morto.
- E agora?
- Não entendi a pergunta.
- O que vou fazer, minha esposa é uma traidora, eu nem sou um homem de verdade, nem sei que tipo de emprego posso ter.
- Que tal se você fosse o meu guarda-costas eu soube que você tem treinamento militar e sabe artes marciais.
Ambos riem muito.
FIM.