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sexta-feira, dezembro 28, 2007

DIA DIFÍCIL

"Ô vida dura" pensava Marcelo novamente apertado feito sardinha no seu costumeiro ônibus a caminho de casa, eram altas horas da noite, mas era o “rush” noturno todas as faculdades saíam na mesma hora, o que deixava Marcelo desanimado, todos os dias acordando cedo e indo dormir tarde da noite (algumas vezes de madrugada), nesta noite especificamente, algo incomum estava para acontecer. No meio do caminho havia uma viatura. O policial adentra ao coletivo e prolata:
- Todos os homens, para fora!
Como ninguém é besta de contrariar o policial, todos saem, Marcelo é o primeiro a ser revistado, o policial faz as perguntas de rotina:
- De onde você está vindo?
- Da faculdade, senhor.
- Agora, todo vagabundo deu para dizer que é estudante.
- Ué, por que o senhor não acredita em mim?
- Escuta aqui negão, eu estou cansado de ouvir justificativas sem nexo de pilantras que nem você, estou o dia inteiro nessa merda procurando uns vagabundos que assaltaram um banco e segundo as pistas vão passar por esta avenida, como fugiram a pé, tenho que parar todos os coletivos para ter certeza que não estão aqui.
- Pois é, sinto muito que o senhor esteja cansado, mas caso não tenha percebido, não o único por aqui, toda esta gente está cansada de trabalhar, de estudar e de agüentar gente cansada que nem você interrogando a gente.
- Tá me desafiando crioulo, to doidinho para dar uns murros em alguém e é só você me dar motivo.
- Ô Almeida, pega leve, o rapaz é estudante, não fica incomodando ele não.
- Tá com sorte, crioulo.
Mais adiante, um policial se desculpa com um homem trajando um terno Armani:
- Perdoa-me senhor, não sabia que o senhor era juiz, pode voltar para o ônibus, mas desculpa a minha curiosidade, o que houve com o seu carro?
- Tive um acidente há pouco tempo, ainda não voltou da oficina, na verdade vou pegá-lo amanhã.
- Tudo bem e desculpa mais uma vez.
Marcelo vendo aquela cena, não entende, a forma de agir da polícia, mas infelizmente, se conforma, vivemos num país racista, não só de cor, mas de classe e até, pasmem, de roupas.
Terminada a batida, o ônibus segue viagem, e a poucos pontos do final onde Marcelo desceria e teria o descanso dos justos. Um homem de terno se levanta e dá voz de assalto:
- Cobrador, não perca tempo e encha este saco de dinheiro. Vamos lá pessoal, não tenho a noite toda, podem passar relógios, dinheiro e tudo o que tiverem nas bolsas e carteiras ou então a magnum vai começar a soltar azeitonas.
Feita a coleta, o magnata desce do ônibus, diante da perplexidade de todos:
- Mas, esse aí não era o juiz, que o policial não revistou?
- Era sim, infelizmente, justo onde não procuraram é que havia o que apreender.
E o ônibus segue viagem, mas no outro ponto, o motor arria e todos os cento e vinte passageiros têm que sair e esperar no sereno para que o ônibus reserva apareça. Como a tecnologia é boa nestas horas. O celular de Marcelo toca:
- Oi amor, onde você está.
- Oi, Regina, o ônibus quebrou, estou a poucos quilômetros de casa, não fosse a penumbra seguiria a pé, devo chegar em 15 minutos.
- Tudo bem, vou estar esperando.
Ao desligar o celular Marcelo avista o coletivo reserva que rapidamente é preenchido e segue viagem.

Ao desligar o telefone Regina diz:
- Ainda bem, que aquele corno se atrasou, assim você pode ir sossegado, Rui.
- Regina, quando você vai abandoná-lo.
- Eu, nunca, enquanto você for um Zé Ruela, sem eira, nem beira, não posso fingir que vou ser feliz com você.
- Pô, não precisa humilhar também, só porque o negão faz faculdade.
- Não, Rui, é porque o negão trabalha e muito para me dar a vida boa que tenho, coisa que você nem pensa em fazer e melhor você ir embora antes que ele chegue.
Rui ainda dá muitos amassos em Regina esquece-se da hora até ser tarde demais. Marcelo abre a porta e dá de cara com Rui:
- Quem é este sujeito, Regina?
- É, é um primo meu, ele veio fazer uma visitinha.
- À meia-noite?
- Mas não se preocupe ele está de saída.
- Não, não está não, agora quero saber direitinho esta história, tá na minha casa porque ô rapa?
- Ela já não te disse, eu sou primo dela.
- Ah é, então de qual tia dela tu é filho?
- Bem, da...da...da...
- Da tia Zilu completa Regina.
- Tia Zilú em, e quantos anos tem a tia Zilú, cara?
- Ahn, 62?
- Você tá morto!
A confusão adentra a madrugada, os vizinhos acordam para ver a coça que Marcelo dá no seu, como direi, folguista. Muito sangue, suor e lágrimas depois. Marcelo arruma suas coisas e vai embora, Rui meio morto ainda enxerga Regina vindo em sua direção:
- Viu o que você arrumou, agora já era. Fui.
No outro dia, Marcelo compra um jornal cuja notícia da capa é interessante:
“Policial racista é morto por um branco”, a matéria dava conta de que após o policial chamar uma negra de “macaca suja” seu marido indignado se apoderou da arma do policial e deu cinco tiros na sua face, preso em flagrante o senhor declarou em alto e bom som “faria de novo” disse isto e cuspiu no cadáver do sujeito. Para a surpresa de Marcelo, o policial era o mesmo que o abordara no ônibus na noite anterior.

Nota do autor: Que fique claro que isto é apenas uma estória, não estou de maneira alguma fazendo apologia a mortes por vingança, ou a racismos exacerbados, só estou contando a verdade sobre o que o ser humano é capaz de fazer, se acuado. E que quem vive perigosamente tem mais chances de encontrar a morte.

terça-feira, dezembro 11, 2007

A batalha do século

Um burburinho, muita agitação, os meninos estavam super excitados, as meninas nem tanto, algumas nem sabiam o que estava havendo, mas a maior batalha da história estava para ocorrer, os meninos não conseguiam se concentrar, não conseguiam namorar, alguns não conseguiam dormir, tudo ficou em segundo plano, o assunto não podia ser outro, até a batalha acontecer, só se falava nisto, até os professores se perguntavam se isto era saudável, eles ficarem tão ligados nesta famosa batalha, alguns não se importavam, afinal eram apenas crianças, as pedagogas já queriam chamar psicólogos, mas não parecia ser o caso, o dia estava se aproximando. Hélio era um dos que mal podiam esperar pelo desfecho, a batalha entre o bem e o mal seria na sexta-feira, ainda estavam na quarta, a batalha aconteceria pela manhã, Hélio chamou vários amigos, pelo menos vinte crianças estariam presentes para testemunhar o triunfo do bem contra o mal, era evidente que o bem venceria, mas eles ainda não sabiam como, pois o vilão era super poderoso e imortal o que deixava a tarefa do mocinho quase impossível, e o melhor, teria de lutar contra este inimigo sem armas, na mão livre, de peito aberto e “todas as outras expressões neste sentido”; na quinta-feira, alguns meninos até passaram mal ante a ansiedade, mas a sina da espera estava acabando. Alguns professores tiveram a idéia de cancelar as aulas pela manhã, a idéia não foi bem recebida, mas havia uma promessa de gazeta coletiva liderada apenas pelos meninos é claro, o corpo docente argumentava, não temos discentes apenas masculinos, ora. E no dia esperado sexta-feira 9:00h da manhã, a casa de Hélio estava uma loucura, ele havia acordado, às 6:00h para encaminhar a pipoca, organizar os lugares em frente à TV, dizia para a mãe que não se preocupasse que ele cuidaria de tudo, apesar de ter apenas oito anos ele era um bom anfitrião e preparou tudo, os meninos foram chegando se acomodando até que o silêncio pairou. Xuxa anunciava:

- E agora com vocês a maior batalha de todos os tempos, assista agora Thundercats

Diante da abertura do desenho os olhinhos das crianças brilhavam, a TV conta. “...nos episódios anteriores Lion venceu: Pantro, Tygra, Cheetara e Wilycat e Wilykit, e conquistou suas respectivas insígnias, agora precisa provar que merece ser o chefe dos Thundercats, vencendo seu maior rival” Lion pergunta:
- Mas quem é meu maior rival? O Escamoso?
Pantro responde:
- Claro que não, se não tivéssemos vindo para o terceiro mundo com certeza seria, mas agora seu maior inimigo é o Mumm-ra.
- E eu devo enfrentá-lo?
- Não só enfrentá-lo Lion, você deve derrotá-lo.
- Então, vai ser fácil.
- Não Lion, desta vez não será fácil, você não pode usar o olho de Thundera, deve desafiá-lo e derrotá-lo somente com as mãos e a sua inteligência....
Neste momento cai a luz, há um desespero na casa, muito protestos, o pai de Hélio tenta verificar os fusíveis, mas parece estar tudo em ordem, a porta é aberta e uma enxurrada de crianças corre para os vizinhos tentando em vão assistir ao episódio, pois por uma infeliz coincidência toda a cidade estava sem luz elétrica, somente os rádios de pilha funcionavam e a notícia não era nada animadora, a luz retornaria em vinte minutos, a mãe de Hélio diz:
- Viu meu filho, não há motivos para desespero a luz vai voltar em vinte minutos.
- Mas mãe em vinte minutos o episódio dos Thundercats vai ter acabado e não teremos visto a batalha do século.
- Não temos saída Hélio, temos que esperar.
Cada um dos amigos de Hélio percebendo a fatalidade, vão embora para as suas respectivas casas, Hélio desconsolado, começou a se culpar, havia deixado tudo para trás, chamado tantos amigos, havia perdido tanto tempo só por causa deste dia e no momento de maior deleite, tudo se transforma num fel, difícil de tragar, passados os vinte minutos como prometido a imagem retorna e na TV; Lion está vestido com um manto vermelho com olho de thundera acima de sua cabeça e todos gritando:
- “Viva Lion, verdadeiro chefe dos Thundercats”.
E a música do final do episódio. A maior tristeza não é perder o episódio, é assistir ao fim sem ter visto o meio.
Qual lição se tira disto? Não podemos parar a nossa vida por causa de um acontecimento pode não valer a pena esperar. Como no filme Gênio Indomável, em que o coadjuvante perdeu a maior jogada da história dos Red Sox porque foi ver uma garota, a mulher de sua vida. Temos que entender o que é mais importante na vida.
Mas para que ninguém diga que o escritor é um sádico e que não termina as suas estórias direi que Hélio conseguiu ver o episódio dos Thundercats, um primo dele havia gravado em vídeo cassete, era um desses malucos que enchem as suas casas de fitas de desenhos, filmes e programas que jamais serão assistidos, mas que um dia salva o amor-próprio de alguém. Lion havia desafiado Mumm-ra para tirar uma de mano, como estava sem a espada justiceira, Mumm-ra ficou muito animado se transformou com ajuda dos antigos espíritos do mal e Mumm-ra faz Lion sofrer muito, dando-lhe muitos golpes e atirando raios de energia contra ele, mas em um momento de lucidez, Lion pega o sarcófago da múmia e mostra o reflexo horrendo do monstro para ele, Mumm-ra começa a perder a força, mas ao contrário do que acontecia em outros episódios, não pode retornar ao seu sarcófago para recuperar as forças, pois o sarcófago estava nas mãos de Lion e foi jogado no Espelho D’água onde o Mumm-ra costumava enxergar tudo o que ocorria com os Thundercats, quando o sarcófago caiu no Espelho D’água se dissolveu e Mumm-ra se transformou em areia, após isto a cena da consagração Lion como Chefe dos Thundercats.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Amor Destrutivo

Ela não era das mulheres mais belas, tampouco chamava atenção dos homens, não se sabe exatamente onde o conheceu, apenas sabe-se que ele, segunda ela, era seu namorado. Ela se chamava Gertrudes, ele Givanildo. Givanildo era casado, não havia contado esta novidade a Gertrudes que estava cega de amor, vez por outra Givanildo pousava na casa de Gertrudes depois de uma noitada nessas boates da vida. Um dia Gertrudes ficou doente e precisou fazer uma operação. Givanildo como todo bom canalha, terminou com Gertrudes, apesar de já ter separado da mulher, não queria ser enfermeiro de ninguém. Gertrude desconsolada, se socorreu da irmã para cuidar de seu pós-operatório, esta com o maior desvelo o fez. Após alguns meses já curada, trabalhando e ganhando um salário considerável, Gertrudes reencontrou o ex-"namorado", Givanildo inventa uma desculpa qualquer, mas sem perda de tempo Gertrudes o perdoa e logo Givanildo volta a frequentar a casa da mesma. A vizinhança se perguntava: "mas este não é o canalha que a largou no pior momento da vida dela, que era aquela doença gravíssima, como ela pode perdoá-lo tão rapidamente." Ora, o amor tem razões que a própria razão desconhece, já diria o poeta. Givanildo tem filhos do casamento anterior e estes frequentam a casa de Gertrudes como se fossem deles, e por incrível que pareça até a ex-mulher frequenta a casa de Gertrudes. Algumas vizinhas fofoqueiras comentam que ali há um triângulo, mas é apenas inveja, rebate Gertrudes, e o casal está feliz; importante ressaltar que Gertrudes gasta mundos e fundos para manter a relação, empresta e compra no seu nome para o seu amado e fica muito brava quando perguntam em que ele ajuda? A resposta está na ponta da língua. "Ele não tem obrigação de me sustentar". Vai entender. Nunca mais vi a Gertrudes, nem ouvi falar do Givanildo. Na verdade tem uma história não oficial que conta que um dia Givanildo não voltou mais pra casa e Gertrudes não sai de lá desde então, curtindo um amor desesperado por alguém que jamais retornará. Se você se identificou com esta história, qualquer coincidência é mera semelhança.

terça-feira, setembro 04, 2007

O agente

Um homem e uma mulher tomam café calmamente em um bar:
- Sara, me conte o que tem feito, parece que está muito melhor do que quando a vi pela última vez.
- Pois é, Gordon, eu tenho me cuidado, alguns cremes anti-rugas, tratamento de beleza coisas de mulher, nada muito excepcional, e você?
- Se eu contar, não vai acreditar.
Nisso a janela do bar é quebrada com uma bomba de gás, a fumaça se espalha, as pessoas correm em pânico, Gordon agarra Sara e a leva para fora do recinto. Lá fora dois sujeitos armados apontam para Gordon:
- Chegou a sua hora, Gordon.
Ambos atiram, Gordon cai, enquanto os homens fogem, Sara sem entender nada, tenta socorrer Gordon e grita por socorro, mas Gordon a detém:
- Ué, não está morto?
- Colete a prova de balas, não saia de casa sem ele.
-Era disso que estava falando, quando disse que eu não iria acreditar.
- Mais ou menos.
- Conhece esses caras.
- Sim, conheço, eles trabalham para o dinamite.
- Dinamite, devo saber quem ele é?
- Prefiro que não. Ajude-me a levantar.
- Você virou policial.
- Não, sou agente secreto
- Como o James Bond?
- Bem, não como o James Bond, apenas tento descobrir provas para que os bandidos sejam presos, como deve ter percebido, eles não gostam muito do meu trabalho.
- Entendo, Gordon, prazer em vê-lo tenho que ir.
- Como eu encontro você.
- Eu te ligo
- Tá bem.
Logo mais Gordon pensa:
“- Como ela vai me ligar, se não pegou meu telefone?”
Mais tarde num bar, um homem que joga sinuca, recebe um recado no ouvido e olha para a porta, se concentra novamente:
- Bicanca, como vai? O serviço ta feito.
- Tem certeza – diz o homem com o taco de sinuca.
- Claro eu o vi tombar.
- Isto não significa que morreu, quero ter certeza antes de comemorar, vá até o necrotério e veja se ele está lá, senão terá que terminar o serviço, só receberá o dinheiro quando eu tiver provas de que ele está realmente morto.
- Bicanca você é muito neurótico, eu disse que ele está morto.
- Já ouvi isto antes, ele sempre volta dos mortos, como se fosse um maldito highlander (para quem não sabe, referência a um filme no qual o sujeito só morre se lhe cortarem a cabeça).
Na agência:
- Gordon, ouvi dizer que estava morto.
- A maioria pensa que sim, isto facilita o meu trabalho.
- O Hugo quer vê-lo na sala dele.
- É deve ser mais uma daquelas missões impossíveis.
Logo:
- Gordon, você é um dos melhores agentes que temos, por isso vou te passar esta missão, a partir de hoje você vai se infiltrar na gang do Bicanca.
- Bicanca, e como vou fazer isto.
- Você é o agente, se tivéssemos que dizer o que deve fazer sempre, para que você serviria.
- Eeeehhh, ignorância, em.
- Desculpe é que estou sendo pressionado por causa dessa turma você precisa prendê-los em 24 horas.
- Ta, brincando, pensa que sou o Jack Bauer?
- Ninguém mais conseguiria fazer isto, além do mais, você conhece uma moça que trabalha para eles
- É mesmo, quem é ela?
Hugo joga uma foto na mesa:
- É a Sara, como isto é possível?
- Não tenho esta resposta, mas você descobrirá em breve. Vamos lá, o tempo tá correndo.
Pouco depois:
- Olá, Sara é o Gordon.
- Gordon, como conseguiu meu telefone.
- Esqueceu que sou agente secreto, que tal se a gente se encontrasse.
- Gordon, agora eu estou ocupada, na verdade vou estar ocupada o dia todo.
- Será que eu posso ajudá-la.
- Quando disse que era agente secreto, falou sério?
- Falei, mas na verdade, sou apenas um detetive particular, as pessoas me contratam, pessoas de todos os tipos, às vezes até mercenários, sabe como é, a vida ta difícil, não dá pra ficar recusando serviço, por acaso você não tem um serviço para mim.
- Pensando bem, eu tenho sim, eu preciso descobrir tudo sobre um tal de Hugo Açores de Lima.
- Ah é, e pra quando precisa disto.
- Pra ontem, quero dizer, no máximo em uma hora, preciso estar com todas as informações sobre ele.
- Por quê? O que irá acontecer em uma hora?
- Vamos capturá-lo e se não soubermos nada dele, será muito mais difícil, posso contar com você?
- Claro, e o pagamento.
- Será na entrega das informações, encontro você em uma hora em frente ao Shopping da cidade.
Alguns minutos depois, Gordon liga para Hugo:
- Hugo é o Gordon.
- Olá Gordon, alguma novidade?
- Você nem imagina.
Mais tarde na sala do diretor:
- Como é, eles vão me capturar? Mas, porquê?
- Eu não sei, só sei que tenho que conseguir informações sobre você, mas isto pode nos dar uma vantagem.
- Qual?
- Se eles te capturarem...
- Não está pensando em me usar como isca não é Gordon?
- Chefe, é a nossa única chance.
- Mas eu não sou agente de campo,isto não vai dar certo.
- Nos vamos seguí-lo; não vai acontecer nada com você.
- Não sei não.
Depois de muita conversa e estratégia, Hugo acaba concordando em ser a isca. Passado o tempo proposto Gordon se encontra com Sara no shopping da cidade.
- Olá, Gordon, achei que não viria mais, iríamos continuar sem você, trouxe o que pedimos.
- Aqui está, todos as informações dele, horários endereços, pessoas com quem se relaciona, emprego, tudo o que precisam, trouxe o dinheiro.
- Mereceu o seu dinheiro, Gordon, aqui está.
- Se puder ajudar mais?
- Não, você já ajudou o suficiente.
- Pode me dizer quando e onde irá ocorrer o seqüestro?
- Isto não é importante.
- Não seria um detetive se não tentasse.
- Tem razão – diz isto soltando um leve sorriso.
- Quanto te vejo de novo?
- Agora você tem meu telefone, quando você quiser a partir de amanhã.
O telefone de Hugo toca:
- Diretor da Unidade Hugo
- Oi, chefe, temos um problema.
- Não sabemos quando, nem onde vão atacar.
- É, isto pode ser um problema.
Na sala do chefe:
- Mas e agora, não posso ir para lugar nenhum, vou ficar o dia todo preso nesta sala,ou sair com um bando de gorilas para evitar que me capturem.
Nisso chega uma notícia:
- Pessoal, vamos embora, o shopping da cidade foi assaltado.
No shopping:
- Há quanto tempo isto ocorreu?
- As câmaras filmaram os possíveis assaltantes.
Na câmara aparece Gordon e Sara conversando, logo depois que Gordon vai embora Sara põe um capuz e juntamente com outro sujeito também com capuz assaltam todas as lojas do shopping, minutos depois as câmaras são bloqueadas com um spray de tinta preta. Hugo pergunta:
- Vocês tem um banheiro por aqui?
- Claro, no final do corredor.
Ao adentrar o banheiro, Hugo leva uma paulada na cabeça e é seqüestrado, enquanto isto o gerente da loja reconhece Gordon.
- Você se parece muito com este sujeito da fita.
- Pois é, eu tenho uma cara comum.
- Onde está o chefe?
- Foi no banheiro.
- Ta demorando, Ozias, vai lá dar uma olhada.
Logo:
- Acho que seqüestraram o chefe.
- E agora, como vamos encontrá-lo.
O telefone de Gordon toca:
- Gordon.
- Você trabalha com este desgraçado?
- Bem, eu disse para você,os tempos estão difíceis não posso ficar recusando serviço.
Faz um sinal para rastrearem a ligação:
- Como pôde me enganar?
- Eu vivo disso, de enganar as pessoas, onde ele está?
- É uma pena Gordon, podíamos ter sido grandes.- e desliga o telefone.
- Alguma coisa senhores?
- Não, não deu tempo.
Procurem nos arredores do shopping, alguém tem que ter visto um carro sair com alguém sendo carregado. E finalmente:
- Este garoto disse que viu um Tempra preto saindo com um gordo sendo carregado.
- Com certeza é o Hugo. Viu para onde foram garoto?
- Saíram em direção ao centro da cidade.
- Por acaso não anotou a placa do carro?
- Não senhor, mas poderão reconhecer o carro, eu escrevi o meu nome nele com uma pedra, Sandoval.
- Obrigado garoto.
- Como assim, obrigado, a vida ta dura, vocês não vão me dar nem um dinheiro para um lanche.
- Tome dez reais garoto, você mereceu.
- Sujeito mais pão-duro.
Depois de muito perscrutar, encontraram um carro num estacionamento do centro da cidade; com o status de policiais conseguiram o endereço do dono do Tempra preto e lá:
- Abram a porta é a polícia!
E começa o tiroteio, a porta vira uma peneira, todos se jogam no chão, alguém chuta a porta e o policiais entram abaixados; Gordon derruba dois bandidos, mais dois, ainda dentro do apartamento, tentam fugir, mas são capturados e Hugo é salvo. Sara diz:
- Agora é tarde demais, isto foi só um chamariz.
- Como assim?
- O Bicanca estava certo, ele sabia que se pegássemos o chefe da divisão, a polícia não estaria atenta o suficiente para evitar o seqüestro do prefeito.
- Vocês queriam seqüestrar o prefeito.
- Ligue o seu rádio da polícia e a minha história será confirmada.
Feito isto:
“- Atenção todas as unidades, o prefeito da cidade acabou de ser seqüestrado, fechem as estradas, rondas em todos os arredores da prefeitura e da casa do prefeito.”
- O que vocês querem?
- Queremos entrar para a história, como a primeira organização que deixou a cidade de joelhos.
- E quanta tortura acha que é capaz de agüentar?
- Vão perder o tempo de vocês, eu também não sei onde colocaram o prefeito.
- Mas sabe quem fez isto?
- Só tenho o codinome que não servirá para nada para vocês.
- Tente.
- Salvador Aleluia.
- Salvador Aleluia.
- Você o conhece Gordon?
- Sei a sua história, o Homem é uma sombra, ninguém nunca o viu, alguns acham que ele é um tipo de profeta que veio para mudar a humanidade, já lhe foi atribuído o seqüestro de várias autoridades, mas nunca o pegaram, alguns acham que é apenas um nome que adotaram para ficar o mistério no ar, há um homem que talvez possa nos ajudar, chamam ele de jornalista do incrível Hulk, o Rafael, ele tem um dossiê completo de Salvador Aleluia.
Mais tarde:
- Salvador Aleluia seqüestrou o prefeito, mas isto não faz sentido, ele nunca foi de fazer nada pessoalmente, sempre usou de laranjas e sempre trabalhou sozinho, nunca foi de se filiar a organizações. Dizem que ele era um pastor, tinha um congregação, então teve uma epifania, viu um anjo que disse para ele salvar a humanidade a qualquer custo, ninguém sabe qual o real plano dele, mas desde então, ele tem seqüestrado muito gente e juntado muito dinheiro, talvez a coisa seja realmente grande. Um único sujeito o Coronel Vilasboas diz tê-lo visto de relance, só lembrou que era um cara gordo, mas morreu antes de dar outras especificações.
- Gordon venha, os seqüestradores fizeram contato.
“- Estamos com o seu precioso prefeito e queremos 3 milhões de dólares na conta que enviaremos mais tarde ao gabinete da prefeitura ou então mandaremos o prefeito em pedaços.”
- Gordon venha comigo, o secretário do prefeito quer que fiquemos a frente da operação.
- Tudo bem Hugo, vamos lá.
Mais tarde na prefeitura:
- Ta chegando um fax. A conta corrente é das Ilhas Caymman. Então Hugo, fazemos o depósito.
- Não podemos arriscar a vida do prefeito.
- Como vamos justificar isto ao Banco Central.
- Eles vão entender.
Terminada a transferência, chega um carro forte à prefeitura, a parte de trás é aberta e o prefeito cai desfalecido, um sujeito encapuzado sai correndo do carro, os policiais o perseguem e o capturam:
- Você é o Salvador Aleluia?
- Não. Sou apenas um entregador.
- Como se chama?
- Rui.
- Quem o contratou Rui
- Salvador Aleluia.
-Você o viu?
- Não, no meu serviço, só recebemos ordens nada de rostos.
Na prefeitura:
O prefeito já consciente agradece a todos pelo empenho e desempenho no processo de resgate:
- Mas onde está o Hugo,o verdadeiro herói da polícia.
- Ele foi ao banheiro, senhor.
O carro forte abandonado começa a andar como se tivesse vida, no entanto, na da fantasmagórico, um sujeito encapuzado que estava escondido no carro pega volante depois de algumas quadras tira o capuz e pára para que um homem fumando cachimbo adentre o furgão.
Na prefeitura,o prefeito diz:
- O Hugo não saiu do banheiro ainda.
- Vou lá investigar senhor.
- Tragam-no aqui, eu preciso agradecê-lo.
Logo:
- O Hugo não está no banheiro, ele sumiu, será que foi seqüestrado de novo, desta vez não há nenhum indício disto.
No Furgão:
- Senhor Salvador, o senhor é o maior, que nome adotou desta vez?
- Um que ninguém desconfiaria “Hugo”.

quarta-feira, agosto 01, 2007

O rubi

Enquanto brincava com um jogo de computador, Maurício imaginou algo estranho. O jogo era de estratégia, quando não se dava bem, ele não salvava o jogo e assim teria outra chance de bolar nova estratégia; sua mente divagava sobre isto. E se ele pudesse fazer isto com a sua própria vida, e se quando algo não desse certo ele tivesse uma outra chance de consertar as coisas. Apesar da pouca idade, 28 anos, já havia cometido erros terríveis, tais como: gritar com o chefe em um emprego em que ganhava muito bem; vender as coisas da mãe para comprar presentes para a namorada; abandonar um amigo atolado em dívidas que tinha sido feitas para saldar as dele. Enfim coisas da vida, mas que poderiam ser muito melhores se pudessem ser refeitas.
Um sujeito chamado Tales chegou para ele e disse:
- Não acha que já jogou demais, Maurício.
- Ué, não estou pagando, posso jogar o quanto quiser.
- É, eu sei, mas você não me pagou ainda e como costuma deixar suas contas penduradas para nunca serem pagas, acho que desta vez, precisa me dar pelo menos um sinal.
- Tá bom, não vou mais jogar nesta espelunca, vou arrumar outra Lan House, tome o seu dinheiro.
- Foi ótimo, fazer negócios com você, Maurício. – disse Tales
Maurício ia para casa quando um mendigo pediu-lhe uma moeda.
- Sai pra lá, seu fedorento, não tenho dinheiro, deixei tudo na Lan House e não tenho tempo para perder com você.
- Se o seu problema é tempo, eu posso ajudá-lo.
- Ah é, e como acha que pode me ajudar.
- Olhe bem para esta pedra.
Era uma espécie de rubi do tamanho de uma bola de golfe.
- Onde conseguiu isto.
- Não importa seu idiota, o que importa é o que ela faz.
- E o que ela faz?
- Te dá uma nova chance.
- Nova chance de que?
- De consertar os seus erros.
- Tá bom, acho que você é um padre disfarçado.
- Deixa de ser burro, eu ofereço a você uma chance de redenção, de ser adorado por todos.
- Ainda não entendi esta sua maluquice.
- Com esta pedra você pode voltar no tempo e fazer tudo diferente. Consertar erros desfazer mal entendidos, evitar inimigos, ou seja reescrever a sua vida.
- Sei, e porque você não usa para si mesmo, porque sempre fui mendigo, nunca tive coisa alguma, nasci na rua e meus dias sempre foram iguais. e para dizer a verdade eu sou de 2020, voltei achando que poderia mudar a minha vida, mas nem sempre dá certo, mas talvez com você dê certo, pelo menos pode tentar.
- E o que você quer em troca?
- Quanto acha que valeria algo assim.
- Uns dez reais?
- Deixa de ser sovina, ao menos poderia me dar um carro.
- E onde vou arrumar um carro? E como posso saber se isto realmente funciona.
- Vou dar-lhe uma demonstração. Pegue a minha mão.
A pedra brilha e eles voltam uma hora no passado e ele de repente se vê na Lan House jogando aquele vídeo game anterior, mas desta vez acompanhado do mendigo.
- Mas isto é incrível, onde descobriu esta pedra.
- Não importa, acha que vale um carro.
- Vale muito mais, vou dar um jeito e vou arrumar o carro.
- Tudo bem, estarei no mesmo lugar de sempre, na rua Esthephano Bueno.
- Ótimo.
Poderia ser verdade, será que não estaria sonhando,poderia consertar todos os erros de sua vida, era bom demais para ser verdade, pouco depois Maurício ouve uma batida, quando vai olhar, o mendigo está estatelado no chão morto atropelado, as pessoas se aglomeram e ele sorrateiramente rouba o rubi que estava caído ao lado do mendigo. Algumas pessoas comentavam: “ele deixou cair esta pedra vermelha e depois foi atropelado”. E por ser um morador de rua, ninguém se importa e a multidão logo se desfaz. Maurício esqueceu uma coisa crucial, como funciona o pedra, só viu o mendigo apertá-la, como poderia viajar no tempo certo para consertar tudo:
- Eu queria tanto voltar aos meus dezesseis anos.
Quando dá por si, está num baile e encontra novamente a Marta sua namorada daquela época:
- Por onde andou Maurício, estou te procurando há quase uma hora,pensei que tinha ido embora, começo a duvidar que goste de mim,não ficou comigo nem um minuto nesta festa.
Maurício pensa: “Peraí, se eu estou na festa de quinze anos da Marta, então eu posso começar tudo de novo e mudar o rumo de minha vida”.:
- Marta, mil perdões, nunca mais vou deixá-la sozinha, a partir de hoje serei o melhor namorado que você já teve.
E Maurício, vive uma nova vida, evita dívidas, mantém-se no emprego, não rouba a sua mãe, além de saber os resultados do esporte, o que o ajuda a ganhar muito dinheiro, todos passam a adorá-lo,muitos chegam a comentar: “parece que ele lê as nossas mentes e sabe tudo o que vai dar certo ou errado com a gente, ele é o nosso guru”. Muito tempo se passou e em 2020. Um sujeito pára Maurício na rua:
- Ei, magnata, me dá um dinheiro, aí, eu to morrendo de fome.
- Cara vou te dar uma coisa muito melhor, esta pedra de rubi, ela vai mudar a sua vida.
Depois ele segue seu caminho:- O mendigo olha desconcertado e mais adiante vê Maurício ser atropelado por um caminhão.

terça-feira, junho 12, 2007

SURPRESA

Misael era casado há vinte anos com Guiomar, o casamento já estava desgastado, mas eles insistiam em continuar juntos, Misael trabalhava numa fábrica de selos, também há muito tempo, como não podiam ter filhos e nenhum dos dois sentia falta disso, evitavam o assunto, ao contrário do que possam pensar eles não eram feios apesar de já estarem próximos dos quarenta anos, ainda chamavam muita atenção do sexo oposto. Um dia Misael estava contando as folhas de selos produzidos para informar o seu patrão, quando de repente aparece a Patrícia, com aquela roupa colada dizendo que precisa de um favor de Misael, este não se faz de rogado:
- O que você precisa Patrícia?
- É o seguinte é que eu fui lá na cozinha e perdi os meus brincos embaixo da geladeira, por isso estou precisando de um homem forte para removê-la para mim, para que eu possa reavê-los.
- Tudo bem, vamos lá.
Depois:
- Sabe Misael você é um homem atraente, é uma pena que você seja casado.
- Por quê?
- Senão poderíamos sair e quem sabe até namorar.
- Ta, brincando né?
- Não.
- Como uma mulher como você se interessaria por um cara como eu?
- Você é mais bonito do que pensa.
Guiomar trabalhava num estacionamento, o emprego era recente, mas pagava bem:
- Guiomar, eu preciso de um favor seu.
- Diga patrão.
- Eu quero que você vá neste endereço buscar um bloco de notas fiscais para mim, vá logo que o antigo está acabando.
- Pode deixar patrão.
Algum tempo depois:
- Olá, Ricardo, eu vim buscar um bloco de notas para o meu patrão.
- Como é o nome do estacionamento mesmo?
- Trevo de Quatro Folhas.
- Ah claro, está aqui, Guiomar, escuta, quando você vai me dar a honra de jantar comigo, em?
- Ricardo, eu já falei para você, eu sou casada, é melhor não insistir.
Uma noite qualquer:
- Alô Guiomar
- Oi Misael, ué, você nunca foi de me ligar no serviço.
- Pois é, é que tem uma encomenda grande de selos para amanhã e eu vou ter que ficar até mais tarde no serviço.
- Até que horas?
- Acho que no máximo meia-noite, eu estou em casa.
- Tudo bem, Misael, o estranho é que eu ligar para você para dizer que eu vou sair com uma amiga e vou chegar mais tarde também, em torno de meia noite.
- Tudo bem, então estamos combinados.
Esta tarde Misael pensa com ele mesmo:
- Já que a Guiomar não vai pra casa!!
Misael chega em casa as 8:00 da noite abre a porta e convida Patrícia para entrar, não se contém e a agarra na sala mesmo e vai tirando a roupa dela, logo pensa em ir para o quarto, eles seguem já seminus para o quarto e quando o abrem, a cama já está ocupada com Guiomar e Ricardo:
- Guiomar sua piranha!
- Misael, o que essa vagabunda está fazendo na nossa casa.
- Ricardo?
- Patrícia?
- Ué, vocês se conhecem?
- Misael, apresento a você, meu marido Ricardo.
- Não acredito, você não me disse que tinha marido! Que situação.
Ânimos acalmados, tudo acaba virando uma terapia de casal:
- Como você pode me trair, Ricardo, eu uma mulher tão atenciosa e bonita?
- Ei, não me venha com este papo, você também estava me traindo. A verdade é que você não me dá mais carinho, não transa mais comigo, tá sempre com dor de cabeça e só me procura pra pagar contas, bem diferente da época em que namorávamos, em que não podíamos nos ver que acabávamos na cama.
O outro casal:
- Guiomar, como pode me trair?
- Misael, você fala como se também não fosse culpado.
- A gente se distanciou muito,viramos irmão e deixamos de namorar e na verdade a Patrícia estava disponível quis vir e não ia perder esta oportunidade.
Ricardo toma a palavra:
- Olha pessoal, acho que o que faltou aqui com agente foi diálogo, deveríamos falar como nos sentíamos e talvez isto que ocorreu aqui pudesse ter sido evitado, então que tal se fôssemos todos jantar e tentar digerir toda esta situação, acho que assim, talvez saibamos o que nos incomoda um no outro e possamos retomar nossas respectivas relações.Todos concordam. Na semana posterior, é dada entrada em dois processos de separação no cartório. “Traição não é fácil de perdoar.”

terça-feira, abril 03, 2007

Um ladrão

Ele era ladrão de carros, aprendeu o ofício, com sujeito que era conhecido como o Chave, naturalmente porque não havia fechadura que o Chave não abrisse, Golias conheceu o Chave num viaduto qualquer; viu alguém mexendo num porsche, era bastante óbvio que não era o dono do carro, tentou se aproximar, o Chave se assustou e naquela noite pela primeira vez, não conseguiu completar a sua cota, mal sabia ele que no futuro algo parecido aconteceria com ele, mais tarde se encontraram por acaso no bar, ficaram amigos e entre uma cerveja e outra o Chave contou a Golias o segredo da arte. Enfim, Golias estava com um problemão, precisava arrumar cinco carros Astra para um grande assalto que seus contratantes encomendaram, até aquele momento tinha conseguido quatro, mas o quinto estava difícil, pois as pessoas não estacionam mais nas ruas e roubar de estacionamento é muito arriscado, então viu a chance de completar a sua cota, único carro estacionado de madrugada na esquina de um teatro, ele o abriu com facilidade, mas ao puxar a porta, não sabe exatamente o que aconteceu, tudo ficou escuro, acordou no hospital com uma dor de cabeça e com a mesma enfaixada, quando seu irmão Jamil foi visitá-lo, perguntou há quanto tempo estava no hospital e Jamil disse que Golias havia dormido cerca de cinco dias:
- Mas não é possível, Jamil, a última coisa que me lembro é de levar uma pancada na cabeça, mas não posso ter dormido tanto.
- Golias, apareceu uns caras lá em casa dizendo que você deve mais uma tampa para eles, faz algum sentido para você?
- É faltou um Astra.
- Você tá puxando carro?
- Estou sim, mas não fala nada para a mãe, ela vai se preocupar à toa.
- Engraçado você falar nisso, porque é tarde demais.
- O que quer dizer?
- Eles levaram a mamãe e disseram que só a devolveriam depois que você trouxesse a tampa.
- Mas esta agora.
- Vai piorar antes de melhorar.
- Por quê?
- A mulher que te deu a paulada, deu queixa na Polícia e tem uns guardas lá fora de plantão.
- É, desgraça pouca é bobagem. Você vai ter que fazer isto para mim Jamil.
- Você enlouqueceu, vou ficar puxando carro, nem que eu quisesse, não teria competência para isto.
- Eu vou te dar uns toques, é só para salvar a mamãe, faz isto por ela, porque eu não poderei fazer.
- Não sei se posso confiar em você, tentou roubar um carro e levou uma paulada.
- Cara, a nossa mãe depende disso, vai lá e resolva! Enquanto isto eu penso num plano de fuga, juro para você, será nosso último trabalho.
- Tá cara, vou ver o que posso fazer.
Depois de muito pensar Jamil percebeu que os planos de Golias eram muito bons e como não gostava do seu chefe e ele tinha um Astra, resolveu arriscar o roubo do carro do patrão, como todo principiante, teve sorte, abriu a porta o alarme disparou, ele cortou o fio que ia até o alarme, usou uma micha dada pelo irmão e levou o Astra ao endereço solicitado para buscar a dona Gertrudes, sua mãe. Para surpresa de Jamil o receptador era uma pessoa conhecida.
- Valdinei?
- Jamil? O que você está fazendo aqui?
- Eu é que pergunto.
- Você trabalha para estes caras? Aliás, eu estou reconhecendo este carro ele é meu, como teve coragem de roubar o meu carro.
- Pelo que posso ver ele não vai te fazer falta, já que está em uma concessionária do crime.
Nisso, chega o chefe do bando, o Cuíca:
- Vocês se conhecem?
- Não, Cuíca, acho que o confundi com um entregador de jornal lá da minha rua. – Disse Valdinei.
- E eu, o confundi com cafetão lá da minha favela. – Disse Jamil.
- Sei, sei, vocês estão muito confusos hoje, mas vamos aos negócios Jamil, então você trouxe a nossa tampa?
- Onde está a minha mãe?
- Trato é trato, tragam a véia.
Dois robustos senhores acompanham a dona Gertrudes e a libertam do cativeiro em troca do carro é claro. Jamil vai embora com a mãe, quando chega em casa:
- Ué, como conseguiu fugir do hospital, Golias?
- Subornei o guarda.
- Mas você não tinha dinheiro, mas o médico que eu desmaiei tinha. Vamos precisamos sumir desta cidade.
Eles fugiram na calada da noite, mas para a surpresa dos irmãos, nos limites da cidade havia uma blitz procurando pelos irmãos Brito, o carro deles foi parado e foram presos:
- Mas quem será que nos entregou?
- Foi uma senhora simpática chamada Gertrudes.
- Mamãe! – Exclamaram ambos juntos.
Às vezes é muito difícil ensinar os filhos a serem responsáveis e uma mãe genuína lança mão de todas as prerrogativas para colocar os filhos nos trilhos.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

A proposta

Ele era um excelente jogador de futebol, se apaixonou perdidamente por uma cantora amadora de rock, se encontravam de vez em quando, quando ele estava na cidade. Ele jogava num time de uma cidade do interior de Rondônia chamado Ji-Paraná, como o seu futebol saltou aos olhos, um olheiro do Barcelona gostou do seu futebol e conversando com o seu procurador acertou os detalhes do contrato. Julião, quando soube do ocorrido ficou felicíssimo e ligou para Lígia para contar a novidade:
- Oi, Lígia, é o Julião, ce num vai acreditar?
- O que?
- Tem um cara do Barcelona aqui e ele quer me levar com ele para jogar com o Ronaldinho Gaúcho, se acredita?
- Nossa Julião e quando você embarca?
- Acho que a semana que vem, porque?
- Peça para ele esperar mais um pouco, pois no fim do mês nossa banda vai pra lá.
- Tá brincando, mina.
- Não é sério, Os Hijos Doidos vão tocar em Barcelona, não é incrível?
- Isto é mais do que incrível, é uma excepcional coincidência.
Tudo conversado e acertado, Os Hijos Doidos e Julião embarcaram para Barcelona.
Já na cidade Catalã:
- Nossa Lígia que legal, conseguiram colocar a gente no mesmo vôo, não é ótimo?
- Sim, mas isto não pode estar certo, nossos ramos são diferentes, não sei, estou com uma intuição ruim sobre isto.
No Hotel, aparece o mesmo empresário para os integrantes do grupo e para Julião.
- Então,pessoal, este é o último dia de vocês no hotel, a partir de hoje, vocês terão que pagar a estadia de vocês, a viagem e tudo o que consumirem, lógico. Vocês trabalharão para isto e 25% do que ganharem ficará para vocês, o restante será nosso, destes 25% é que sairá os cem mil dólares que nos devem.
- Quem é você? Eu sou uma artista, sou vocalista de uma banda de Rock, eu não devo nada para você, estou aqui para uma turnê. – Diz Lígia.
- Eu vim para jogar no Barcelona, também não devo nada para você. – Diz Julião.
Com uma gostosa gargalhada, Fabiano diz:
- Ai meu Deus, as coisas que eles inventam para trazer vocês para cá, não existe vaga em Barcelona, coisa nenhuma, não existe turnê de banda de rock, vocês agora me pertencem e só sairão daqui depois de pagarem a dívida, ou mortos, vocês escolhem.
Os calouros são levados a seu novo local de trabalho, uma boate chamada: "Tempero Brasileiro" e lá conhecem o seu novo ofício, serviços sexuais por preços extravagantes. Julião entra em desespero e não sabe o que fazer para sair desta confusão. Lígia está inconsolável e não pára de chorar, arrependida da decisão precipitada, na verdade ninguém leu os contratos que assinaram, estavam tão entusiasmados com a Europa que se deixaram levar, mas Julião estava enfezado era com seu empresário:
- Maldito Leonel, nem para defender meus interesses ele prestou, só quis saber do meu dinheiro, garanto que levou um por fora.
No cativeiro muito bem guardado, aparece todo tipo de gente, desde ciganos até personalidades importantes da Espanha.
Uma semana mais tarde, uma trupe de brasileiros, resolve arquitetar um plano de fuga, as mulheres se apoderam das armas dos guardas sem que os mesmos percebam através da sedução, os homens dominam os guardas já desarmados e todos fogem, através de ligação direta roubam dois carros e vão direto a embaixada brasileira onde são socorridos e enviados a seus lares no Brasil.


Moral da História:
Quando está muito fácil, desconfie, pois pode ser a sua única defesa.

domingo, janeiro 21, 2007

Contrastes

Tinha sido o pior dia de sua vida, Reginaldo havia sido assaltado, demitido, despejado e abandonado pela esposa e isto aconteceu apenas em duas horas, ou seja, tinha acordado às 8:00 e ainda eram 10:00, o que mais poderia acontecer para aquele dia se tornar mais horrível? Ou será que aquele ditado “depois da tempestade a bonança” iria se realizar?

- E aí, cara, como vai?

- Nada bem, Zacarias, se eu te contar o que me aconteceu hoje, seu dia ficaria pior que o meu.

- Bem, se o encontrei na rua às 10:00 da manhã, obviamente você teve algum problema com o seu emprego, o que para mim é providencial.

- É mesmo, por quê?

- Cara, você não vai acreditar, mas lembra daquela banda “Cérebros”?

- Claro Zacarias, eu adorava aqueles caras, se pudesse, tocaria com eles, sabe que toco alguns acordes.

- Alguns acordes? Você poderia substituir o Keith Richards e ninguém sequer notaria senão o enxergasse no palco.

- Bem, sem falsa modéstia, você tem razão, mas cara eu preciso trabalhar.

- Não parece ser problema agora.

- Tá, mas o que tem a banda Cérebros?

- Eu os conheci há alguns dias e virei empresário deles.

- Sim, e daí?

- E daí que exatamente hoje, aconteceu alguma coisa com o guitarrista deles e, coincidência ou não, quem eu encontro na rua? O melhor guitarrista que já conheci na vida. Reginaldo, você precisa vir comigo e ajudar o “Cérebros” a gravar este álbum.

- E não vai dar cara, eu estou com agenda lotada.

- Tá brincando, né?

- Lógico que estou, você tem uma guitarra?

- Claro.

- Demorou.

No estúdio:

- E aí, Zaca, quem é o Bro.?

- Pessoal este aqui é o Reginaldo, o novo guitarrista do Cérebros, vamos passar o som.

Depois de 5 horas a fio:

- Zaca, onde você encontrou este cara? Ele é show, maluco.

- Um bom mago, jamais revela o seu segredo, Lucas, acho que desta vez vamos arrebentar.

- Cara, ele até inventou uns solos novos e incrementou a nossa música, ele não tem nenhuma outra banda tem?

- Não, ele é totalmente nosso cara.

- Beleza.

Mais tarde:

- Reginaldo arrebentou, o Lucas quer que você faça parte da banda.

- Sempre foi meu sonho tocar com uma banda, mas de quanto estamos falando?

- Ainda não sei, temos que ver como será a aceitação do mercado, se tudo der certo, todos seremos sócios.

- Ótimo.

Alguns dias depois:

- Ei Lídia, venha aqui ver isto, rápido!

- O que foi Lúcia?

- Este cara, não é Reginaldo, aquele seu ex-marido?

- É sim, numa banda de Rock? Na maior rede de TV do país? Eu tô passada!

- Se eu fosse você, não deixaria o peixe grande escapar, por que vocês brigaram mesmo?

- Eu não agüentava mais sustentar aquele boa vida e depois que ele perdeu o emprego pela décima vez seguida eu não agüentei.

- Pois é, parece que ele arrumou um excelente emprego agora.

Depois:

- Reginaldo, tem uma tal Lídia, lá no camarim, disse que é sua esposa.

- Eu já vou Jessé.

- Reginaldo, esta não é aquela que te chutou?

- É ela mesmo, Zacarias.

- E você ainda vai falar com ela.

- Claro que vou, não tenho mais idade para ter medo de mulher.

- Não é isto Reginaldo, ela passou semanas sem um telefonema e por pura coincidência quando o seu clipe passa na TV, ela como o Jaga (personagem do desenho animado Thundercats dos anos 80, apesar de morto aparecia e desaparecia para a personagem Lyon) aparece do mundo dos mortos.

- Zacarias, deixa que eu resolvo isto.

- Tudo bem.

Logo:

- Reginaldo.

- Lídia o que veio fazer aqui?

- Nossa você está tão bem, mais elegante, mais feliz, sorriso fácil.

- Lídia, não enrola, já sei precisa de dinheiro?

- Credo, Reginaldo, por quem me tomas?

- Olha, nós temos uma gravação daqui a alguns minutos, portanto dá pra agilizar?

- Claro, eu só queria saber se ainda há alguma possibilidade de voltarmos a ser um casal.

- Entendo, então de uma hora para outra, deixei de ser um vagabundo, para me tornar um marido exemplar, é isto que está dizendo?

- Marido exemplar também não, né? Só quero dizer que agora você pode sustentar uma família e este sempre foi o nosso problema, nunca faltou amor.

- Olha Lídia, não sei se compreendo.

- Sem dinheiro, não há como manter uma relação, o homem precisa trabalhar e manter a sua família, você falhava demais neste quesito, agora parece que tudo pode mudar.

- Você nem imagina como Lídia, vai tudo mudar mesmo, se eu estou numa banda de rock, eu terei que ir onde a banda for, não tem como manter um casamento e não esqueça que foi você que me descartou.

- Mas, Reginaldo...

- Não, Lídia, a conversa acabou.

Moral da História

“O amor supera tudo, até a falta de dinheiro, amar na dificuldade é que faz ele ficar eterno”.