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sexta-feira, maio 02, 2008

Mudança de ares

Num dia qualquer uma estrela cadente cruzava o céu, alheio a isto caminhava na noite João. João estava com um problema sério havia sido denunciado por um crime que não cometeu, não obstante, isto não o preocupava, ele estava realmente preocupado em como iria se estabelecer numa cidade do interior, o crime supostamente cometido tinha sido na capital; ao contrário do que possam pensar, ele não fugiu não, estava em visita à uma cidade vizinha quando soube da acusação, naturalmente que não retornou a capital pois poderia ser preso. João chega a uma venda da cidade:
- Ei garoto, me traz uma média.
- Como vai, amigo, já vou servi-lo, o senhor não é daqui, é?
- Não, mas como sabe?
- Bom, faz muito tempo que ninguém me chama de garoto por aqui.
- Bem, estou de passagem pela cidade.
- Pretende ficar?
- Não sei, se conseguir me estabelecer, por que não?
- Nossa cidade é ótima, não há muitas atrações turísticas, nossa maior atração é o Rio Santa Gertrudes que forma uma cachoeira.
- E no que exatamente o pessoal trabalha nessa cidade?
- Bem, os considerados classe A trabalham na empresa de refrigerantes.
- Sei, não me parece tão difícil o serviço numa fábrica destas.
- Se quiser se candidatar a uma vaga, pode ir lá agora mesmo, estão precisando de novos funcionários.
- Mas é pra já.
- Espera. – Diz isto bloqueando a passagem do forasteiro. – Você parece um cara legal, tem uma coisa que eu não mencionei.
- Ah é, e do que se trata?
- É bom que o senhor saiba que uma vez que você trabalhe para o senhor Johnson, você pertencerá a ele, e como posso dizer, ele nunca esquece de cobrar os favores que ele faz.
- Obrigado, pela dica, mas acredite a minha vida não pode piorar mais do que está.
- Tudo bem, quem avisa, amigo é.
Mais tarde na fábrica de refrigerantes Geralda:
- Então, o seu nome é João, mas diz que não tem documentos, que os perdeu quando vinha para cá e quer falar com o senhor Johnson pessoalmente, é uma história bem esquisita seu João.
- Eu sei, mas eu não tenho muita coisa a acrescentar ao meu currículo, sou basicamente o que você está vendo, preciso muito falar com o Senhor Johnson.
- Tudo bem, vou ver se ele se interessa pela sua história.
Mais tarde:
- Como é o nome dela, João?
- Maria Henriqueta de Assis.
- Sei, e ela diz que você furtou o carro dela?
- O furto do carro não é o problema maior, ela diz que eu assassinei a irmã dela a Soraia, mas eu não fiz nada disso.
- É claro que não fez. Que tipo de prova que ela tem.
- Senhor Jonhson, ela pegou as minhas digitais quando eu estava com ela no quarto e espalhou pela quarto da irmã onde esta foi encontrada morta.
- Puxa, você deve ter deixado esta mulher muita brava, em?
- Ela não agüentou o rompimento, eu quis lhe fazer uma despedida, mas ela não aceitou muito bem isto.
- Vamos fazer o seguinte João, você começa a trabalhar comigo amanhã, você vai ser meu motorista particular e também secretário, pode deixar que eu vou resolver esta história para você, bem vindo a cidade de Anéis dos Reis.
- Obrigado, senhor Johnson, o senhor não vai se arrepender.
Alguns dias depois na capital:
- Senhor Johnson, aqui está processo contra o João Adalberto Vicenzio.
- Tem certeza que este é o nosso homem.
- Absoluta senhor Johnson.
- Bem, isto é estranho pois aqui diz que quem entrou com processo foi Phillip Johnson, ou seja eu mesmo. Não me lembro de ter prestado esta queixa.
- É na verdade, não foi o senhor mesmo, fui eu que entrei com este processo.
- Tá brincando?
- Não, não estou.
- Então o que houve?
- Usei o seu nome senhor Johnson porque assim o julgamento seria mais rápido, mas esta mulher, a Maria é sua parente?
- Na verdade é minha esposa.
- Então estamos com um caso gravíssimo. Você acredita nela?
- Ela é a minha esposa senhor Johnson como não acreditaria.
- Não sei se posso resolver isto, ainda mais que o meu nome consta no processo, vamos fazer o seguinte, você está disposto a se encontrar com o João para resolvermos esta situação?
- Claro, só preciso consultar a minha esposa.
- Tudo bem, esteja aqui as duas horas, eu vou chamar o João para a reunião.
Na hora marcada:
- Maria Henriqueta de Assis.
- João Adalberto Vicenzio, não esperava vê-lo livre e andando por aí, como se não tivesse feito nada.
- Você sabe que eu não fiz isto que está me acusando.
- Você me seqüestrou, roubou o meu carro e ainda matou minha irmã, como posso não estar indignada.
- Você sabe que não fui eu?
- Eu ouvi o seu nome quando conversava com seu comparsa, você estava encapuzado mas eu ouço muito bem, e depois antes de minha irmã morrer disse o seu nome, como ela poderia conhecê-lo se não a tivesse matado.
- Tudo bem eu roubei o seu carro, mas não assassinei a sua irmã, isto foi feito por outra pessoa, eu nunca conheci a sua irmã e sei muito bem como você conseguiu minhas digitais, você me levou aquele motel cheio de pulgas e roubou minhas digitais para espalhar pela cena do crime e sabe muito bem que não foi apenas uma vez, foram várias até que me cansei de você.
- Maria você transou com este delinqüente?
- Foi só para fazer justiça, ela havia assassinada a minha irmã o que queria que eu fizesse?
- Mas ele já havia roubado você, como teve o sangue frio de transar com ele e por tantas vezes como ele disse? Usou preservativo?
- Eu precisava fazer isto, achei que estava apaixonada mas sabia que ele precisava pagar pelo crime e usei preservativo sim.
Johnson interrompe todo mundo:
- Vamos parar com esta conversa de lavadeira. Maria quanto vale a sua dor?
- Não tem preço.
- 10 mil.
- Já disse não tem preço.
- 100 mil.
- Fechado.
Então problema resolvido a queixa será retirada e o João será meu empregado.
Alguns anos mais tarde:
- Ei Joca, aquela média de sempre.
- João, você realmente conseguiu se estabelecer, em? Quem o viu chegar aqui há alguns anos, não diz que é o mesmo sujeito.
- Ora Joca, se um homem tem trabalho, tem dignidade e era só isto que eu precisava naquela oportunidade só tenho a agradecer a você e ao senhor Johnson.
- Não esqueça daquele conselho que te dei, ele não esquece dos favores que faz, se não te cobrou ainda, com certeza ainda irá cobrar e como diz a lei de Murphy, será no pior momento, na pior hora e de maneira a causar o maior estrago possível.
- Você em Joca, deveria escrever um livro, tem uma imaginação muito fértil.
Mais tarde naquele mesmo dia:
- João, há quanto tempo você trabalha para mim.
- Creio que seja 3 anos senhor Johnson.
- Bem então está na hora de pagar a sua dívida.
- Ta falando dos 100 mil reais.
- Sim.
- Eu ainda não tenho todo o dinheiro senhor Johnson talvez em seis meses eu possa pagá-lo, mas posso lhe dar 80 mil por enquanto.
- João, não seja ingênuo, sabe que não se trata de dinheiro.
- E do que se trata senhor Johnson.
- Esta noite haverá uma quermesse na nossa cidade e três pessoas irão morrer acidentalmente, o pároco, o delegado e um rapaz chamado Joca.
- Sei, mas como sabe disto.
- Você vai matá-los.
- Eu? Mas eu nunca matei ninguém.
- Não é o que dizia aquele processo.
- O senhor seria capaz de desarquivá-lo?
- Sem pestanejar.
Na quermesse, enquanto o maior nome da cidade faz o seu discurso, João está escondido atrás de um pé de gabiroba, terá que dar três tiros certeiros e ainda assim conseguir escapar sem ser pego, coisa de cinema. Johnson está ocupado com os seus papéis, falando de como a cidade foi importante na sua vida e como ela mudou depois da instalação da fábrica Geralda. Está na última folha do discurso, quando ouve-se três tiros. E cai o senhor Johnson com três balaços no peito, todos se jogam no chão, mas não há mais disparos.
Anos mais tarde um guia turístico da cidade de Anéis dos Reis conta:- Senhores agora estamos na Igreja do Vaso Quebrado onde segundo a lenda há quatro anos, o Senhor Johnson, maior industrial da cidade até então, simulou sua própria morte, ninguém sabe ao certo o que houve, mas ninguém viu o corpo dele no caixão estava lacrado, muitos acreditam que ele virou santo, ou que foi arrebatado, mas incrédulos têm certeza que está por aí escondido pela cidade; no dia 15 de julho todos na cidade encenam a morte do senhor Johnson, depois o enterram simbolicamente e a festa vara a madrugada, eita gente animada, mas ali na frente nós temos a ....

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