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sexta-feira, abril 15, 2011

Entrevista Coletiva

- Boa noite, eu sou Mariana Villas Boas e inicio o programa "Entrevista Coletiva" desta noite com o conhecidíssimo cineasta Jaéder Cordeiro de Araújo.- A imagem de Jaéder aparece na tela com um sorriso um pouco forçado - Ele que ganhou o Prêmio Internacional de Cinema na mostra de Manchester, e tem 5 estatuetas do kikito todas como diretor de filmes regionais; ele estará lançando em menos um mês dois filmes "A lavoura das azeitonas pretas" e "Valsa: Locomotiva". Boa noite, Jáeder, é um prazer imenso tê-lo conosco e podemos iniciar com a sua impressão do programa o que você espera da entrevista e faça a sua apresentação inicial antes de começarmos a falar sobre o seu trabalho.
- Boa noite Mariana, é uma honra estar aqui nesta cadeira, onde tantas personalidades foram agraciadas com a sua capacidade e sagacidade em entrevistar, a sua apresentação foi perfeita não sei se tenho algo a acrescentar, gosto da atmosfera do programa, acredito que foi o melhor ambiente que já estive, inclusive internacionalmente falando, acontece que há um certo preconceito na Europa com os diretores brasileiros, somos tratados como 2ª divisão, se é que me entende, mas teremos tempo para falar disto mais tarde.
- Então vamos começar pelo básico, de onde você é natural? Como você despertou para o cinema e por que cineasta? A maioria das pessoas prefere estar a frente das câmaras e você, diga-se de passagem, brilhantemente, prefere estar atrás das mesmas, conte um pouco da sua história.
- Bem, eu nasci...- alguém diz na platéia "...há dez mil anos atrás" - Não, não sou tão velho assim - diverte-se Jaéder - Como eu ia dizendo, eu nasci no interior do Piauí, na cidade de Jerumenha que fica ali no centro do Estado. Meu pai não era natural de lá, na verdade era de Curitiba, foi para o Piauí e se apaixonou pela cidade acabou ficando por lá e está lá até hoje, aliás quero mandar um abraço ao seu Tomé Araújo, meu querido pai, que já deve estar com seus 75 anos ou mais, faz tanto tempo que não o vejo, ele deve estar me assistindo agora lá em Jerumenha. "Pai, eu vou aí visitar o senhor, pode esperar", a paixão pelo cinema surgiu justamente com ele, ele adorava me contar histórias de como ele passava muitas tardes apreciando os filmes nos cinemas da cidade de Curitiba. Um dia o meu tio Horácio passou pela cidade de Jerumenha e foi nos visitar, eu já contava com 15 anos, e disse que, como eu gostava de cinema, havia um curso lá no Paraná que eu poderia frequentar e havia um projeto de cinema amador na cidade e assim a minha carreira se iniciou, como deve ter notado, não sou de parar o trânsito, então nunca sequer me passou pela cabeça em atuar a frente das câmaras, é muito melhor dirigir,se perguntar aos atores, você vai se surpreender em ouvir as respostas sobre como é melhor dirigir do que atuar, eles sempre querem participar da direção, alguns são bastantes intuitivos, mas muitos atrapalham o andamento por achar que estão melhorando a obra, quando na verdade só estão atrasando a produção do filme.
- Certo, eu vou pedir para que você fale das suas produções atuais, mas primeiro eu quero saber como foi ganhar o primeiro kikito?
- Foi com o filme "Porcelanas e Pratarias", não esqueço até hoje, pois a indicação para o kikito já foi surpreendente, ganhá-lo foi mais ainda, foi como o Oscar que a Marisa Tomei ganhou em 1993, mesmo porque, "Porcelanas e Pratarias" era para ter sido um documentário, ganhou feições de longa-metragem com a ajuda dos atores então acabou sendo um trabalho conjunto que deu certo, agradeço muito ao Fábio de Azevedo ator principal daquele filme que enxergou um potencial na história e o filme ficou maior que a idéia do seu criador.
- Acontece com frequência isto, Jaéder, você tem uma idéia e ela vai tomando corpo e de repente você não tem mais controle sobre o que criou?
- Evidente que sim Mariana, eu costume dizer que as idéias são como filhos: você os têm, os cria e num determinado momento, você não consegue mais controlá-los, eles tomam as suas decisões e vão enfrentar a vida, a única diferença neste caso é que você é reconhecido por criar a história, nem sempre isto acontece com relação aos filhos.
- Então vamos em frente, você teve algum ídolo, alguém que você quis seguir os passos ou mesmo um mestre?
- Olha, mestre, efetivamente, eu não tive, mas eu sempre admirei o Glaubér Rocha, o Arnaldo Jabor, o Cacá Diegues, alguns autores de novela, Janete Clair, Cassiano Gabus Mendes, Dias Gomes, dos internacionais vou na esteira de todos, George Lucas, Spielberg e como diria-se as chamadas dos filmes "e grande elenco". Se fosse nominar todos, talvez precisássemos de um programa maior, mas quero citar também alguns nomes que eram de minhas relações, teve os meus colegas de curso de cinema o Alexandre Filho, o Kiko Sales, o Fernando Lontra, este era o sobrenome dele mesmo e muitos outros; admiro tantos que tenho até medo de esquecer alguém.
- Jaéder, o papo tá muito gostoso, mas vou ter que fazer um intervalo, você está assistindo ao "Entrevista Coletiva" aqui na TV Âmbar, voltamos depois do intervalo com mais histórias de Jaéder Cordeiro de Araújo. Não saia daí.

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