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sexta-feira, outubro 20, 2006

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço

Um rico empresário estava diante de uma situação difícil, sua empresa estava com muitas dívidas e o futuro da mesma dependia da assinatura de um contrato com investidores internacionais, acontece que os canadenses declinaram da proposta, deixando Viriato de cabelo em pé, diante desta situação chamou seu melhor empregado para tentar resolver a situação e contata a secretária pelo telefone:
- Vitória, diga ao Flávio para vir aqui.
- Imediatamente senhor.
Logo, o telefone toca novamente:
- Diga Vitória.
- O Flávio está aqui senhor.
- Mande-o entrar.
- Flávio, meu melhor mediador de contratos, como vai?
- Algum problema, senhor Viriato?
- Todos Flávio, a nossa empresa estava toda centrada nesse contrato com os canadenses, eu não sei mais o que fazer, eles não querem mais negociar com a gente.
- Não querem mais negociar com o senhor?
- É parece que sim, só você pode me tirar dessa.
- Bem, senhor Viriato pra falar a verdade, eu não posso não.
- Ué, como assim?
- É que eu vim aqui para dizer para o senhor que eu estou indo trabalhar com eles.
- Com eles? Com os canadenses?
- Sim.
- Mas eles me passaram a perna, vão levar o meu melhor negociador, quanto te ofereceram?
- Senhor Viriato, não torne isto mais difícil.
- Quanto? Eu cubro qualquer oferta.
- Como o senhor vai cobrir qualquer oferta, a empresa está quebrando o senhor não irá conseguir me segurar.
- Diga quanto? Para você eu pago dos meus bens pessoais se for necessário.
- Na verdade me ofereceram 10 milhões de dólares por ano.
- Dez milhões, mas isto é um absurdo.
- Eu sei, já que o senhor me pagava cem mil. Então, eu vim para me despedir do senhor, foi um prazer trabalhar para a sua empresa.
Viriato totalmente desconcertado deseja boa sorte ao sortudo rapaz e não consegue ver uma saída viável para manter o grande império. Quando está indo para casa encontra um garoto que insiste em limpar o vidro do seu carro:
- Ô garoto, para com isso, não quero lavagem não.
- Ô doutor, deixa eu ganhar um dinheirinho, eu ainda não comi hoje.
Mas Viriato não dá bola e arranca o carro, no outro semáforo, um vendedor de laranjas tenta em vão oferecer o saco de laranjas a Viriato que também o ignora. A mulher de Viriato, Priscila, estranha ver o marido tão cedo chegando em casa:
- Ué, foi despedido?
- Gracinha você né?
- Eu tento, mas o que houve? Você não é de chegar cedo.
- Acho que terei de vender a firma.
- Eu iria adorar, assim você teria mais tempo para mim.
- Não é tão bom quanto você imagina.
- Não é? Por quê?
- Se eu vender a empresa, tenho que quitar as dívidas que são maiores que o preço desta mansão, se vender com as dívidas, além de eu não receber nada terei que dar uma quantia ao comprador, pois ninguém quer uma empresa falida para administrar.
- E por que isto é um problema para você?
- Nossa, achei que pelo menos você, entenderia?
- Já passamos por dificuldades antes Viriato, aliás, nós sabemos o que é dificuldade, já que chegamos a morar de favor com os nossos tios.
- Nem me lembre disso, até hoje não posso nem vê-los na minha frente.
- O que deu em você Viriato, quando o dinheiro se tornou tudo na sua vida?
- Desde que passamos a depender dos outros para sobreviver, queria que esta época nunca mais voltasse, eu não suportaria.
- Você está iludido, Viriato, dinheiro não traz felicidade.
- É manda buscar.
- Você sabe do que estou falando, adiantou você perder os melhores anos da sua vida nesta empresa e agora ela vai quebrar e você vai ficar sem nada.
- Você está ajudando muito falando assim.
- Você não quer entender, né?
- Se eu ainda pudesse contar com o Flávio.
- O que houve com o Flávio?
- Ele foi contratado pelos canadenses.
- Sério que legal.
- Legal, por quê? Eu que me estrepei nesta brincadeira.
- Ah, eu fico feliz por ele, ele realmente merece esta oportunidade. Mas vamos parar com esta discussão, vá tomar um banho e depois vamos jantar.
Enquanto Viriato toma banho, Priscila digita alguns números rapidamente no telefone:
- Alô, você está pronto?
- Sim, Estou saindo em dez minutos.
- Então a gente se encontra lá.
- Venha logo.
Priscila liga para o tele-taxi enquanto escuta o cantarolar de Viriato no banheiro, veste rapidamente uma roupa, pega uma mala que já estava pronta e vai embora. Quinze minutos depois, Viriato sai do chuveiro e pergunta ao Mordomo Dionísio:
- Cadê a Priscila?
- Dona Priscila saiu, seu Viriato.
- Não disse para onde?
- Não senhor.
Viriato tenta ligar no celular dela, mas para a sua surpresa ele toca embaixo das almofadas do sofá.
No aeroporto:
- Priscila, mas que demora mulher, onde você estava?
- Eu estava tentando despertar o Dalai Lama que existe dentro do Viriato.
- Sei, teve sucesso?
- É claro que não, ele é fechado como uma ostra nas suas opiniões. Sabe Flávio acho que a nossa vida será muito melhor no Canadá.
- Tenha certeza disso, Priscila, ainda mais que fiz um belo caixa enquanto trabalhava com o Viriato, além de fazer a caveira dele para os canadenses, eu ainda disse que o que mantinha a empresa, sem falsa modéstia, era eu, aí fui contratado, não é uma sorte danada.
- Se é.
Moral da história.
O discurso é muito fácil, mas é a ação que determina a índole das pessoas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito deste conto, ele retrata como algumas pessoas pesam realmente mesmo querendo parentar uma imagem falsa.
Fátima