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domingo, dezembro 17, 2006

O Quadro

Alfredo trabalhava num Museu de vigia, adorava uma pintura que era de um tal Juvenal Alísio. Sempre a reverenciava, a pintura ficava na sala principal do Museu, ela se chamava “Mulher em Conchas”, era um nu artístico. Um dia Alfredo foi trabalhar como de costume e fez a reverência à pintura, mas para a sua surpresa só havia o contorno da mulher ele ficou desesperado, pois não era um roubo, a não ser que quadro tivesse sido trocado, mas reconheceu a moldura, era a mesma, chegou a pensar em comunicar o roubo, mas logo desistiu, pois a garota da tela apareceu, mas não na tela e sim a sua frente:
- Onde é que eu estou?
- No Museu Aureliano.
- Como vim para aqui, eu me lembro de estar num estúdio e depois apareci aqui, onde estão minhas roupas?
- Eu não sei, eu trabalho aqui há dois anos, por coincidência desde que chegou esta pintura, aliás, você parece muito com a mulher do quadro, sempre amei esta pintura e sempre quis conhecer a mulher que foi pintada, foi você.
- Quadro, foi, mas ele acabou de ser pintado.
- Não foi pintado há dois anos pelo Juvenal Alísio.
- Eu me lembro dele, foi ele que me convenceu a posar para ele, pode parecer estranho, mas pode me arrumar umas roupas.
- Vou tentar, mas como é o seu nome?
- Eu me chamo Patrícia Baderna.
- Eu já volto Patrícia.
Logo, o vigia traz uma farda para ela se vestir:
- Você tem família?
- Sim, tenho uma irmã, a Sílvia.
- Me dê o telefone que vou chamá-la.
Mais tarde:
- Alô, Você é a Sílvia?
- Sim.
- Eu sou do Museu Aureliano, eu acho que tenho uma notícia estranha para você.
- O que houve?
- Você tem uma irmã chamada Patrícia?
Depois no Museu:
- Meu Deus Patrícia onde você esteve nos últimos dois anos?
- Dois anos, mas eu acabei de posar para o Juvenal Alísio e depois apareci aqui, não estou entendendo.
No dia seguinte no Jornal da Manhã duas manchetes de primeira página:
“Mulher desaparecida há dois anos, aparece misteriosamente” e “Obra-Prima de Juvenal Alísio é trocada por tela com contorno, Polícia não tem Pistas”. Juvenal lendo o Jornal corre para a casa de Patrícia e toca a campainha:
- O que aconteceu comigo Juvenal, como eu perdi dois anos da minha vida?
- Vou tentar explicar, mas não sei se vou conseguir é uma surpresa para mim também, pouco antes de chamar você para posar para mim, encontrei um sujeito na rua que me chamou pelo nome, estava bem vestido, se chamava Ruy Grey e sem mais nem menos começou a dizer o que aconteceria nos dois anos seguintes e disse para eu usar esta tinta especial que eu ficaria famoso no país todo e seria considerado o melhor dos pintores, mas apenas por dois anos, quando o encanto acabaria, no início não dei bola, mas não pude resistir à tentação de usar a tinta, então conheci você e pintei você com aquele nu artístico, mas quando terminei você havia sumido, achei que tinha ido embora, mas logo que liguei para a sua irmã percebi que havia algo errado, todos estavam te procurando, mas você sumiu da face da terra e por dois anos todos caíram aos meus pés, então quando você reapareceu me lembrei do Ruy e formulei minha própria teoria, para mim a sua essência ficou aprisionada no quadro e só foi liberada, agora, dois anos depois.
- E você sabe por quê?
- Ruy Grey me disse que ao cabo de dois anos o amor mudaria toda a minha história de vida, acho que alguém se apaixonou por você e isto quebrou o encanto.
Logo depois, Patrícia liga para o Museu:
- O Alfredo, por favor?
- Ele não trabalha mais aqui, senhora, o quadro que foi trocado, ocorreu no horário dele, ele foi responsabilizado e foi mandado embora por justa causa.
- Sei, mas tem algum lugar ou telefone onde eu possa encontrá-lo.
- Infelizmente não tem. Na verdade nem sei se ele se chamava Alfredo, ele dizia que era apelido, mas nunca tive curiosidade de perguntar o nome verdadeiro dele.
- Você me dá o telefone da empresa que o contratou?
- Sim.
Depois:
- Oi, o meu nome é Patrícia, eu queria saber do Alfredo que trabalhava no Museu Aureliano.
- Ah sim, o Ruy Grey.
- Ruy Grey?
- Sim, era o nome verdadeiro dele.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esta história é muito curiosa e interessante também, é uma bela hostória de amor.
beijos Fátima