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segunda-feira, junho 08, 2009

O Chamado da Morte

O dia era promissor, tantos compromissos: havia uma videoconferência às 9h:00 com os japoneses, às 11h00min um almoço de negócios com a maior empresa têxtil do Brasil e logo depois as duas tinha que apresentar a sua estratégia para entrar no mercado americano, pois alguns representantes de distribuidores de malhas estariam lá para apreciar a proposta. Rodrigo estava tão ansioso que nem conseguiu tomar café. Seu filho veio lhe mostrar um desenho que havia feito na escola. O desenho mostrava um homem com uma mala, uma onomatopéia de velocidade indicando pressa enquanto uma criança, abria os braços atrás deste homem que sequer olhava para trás. Rodrigo olhou fixamente para o desenho e disse:

- Hoje à noite meu filho, eu vou brincar com você, vamos ter a noite toda para botar em dia nossos jogos tudo bem?

- Claro pai, não vejo a hora de chegar a noite.

A esposa vê a cena e diz:

- Não prometa o que você não pode cumprir.

- Desta vez vai dar certo, depois deste dia cheio vou adorar relaxar com o meu filho.

Com os japoneses foi um pouco difícil, eles são duros para negociar, o fato de ele não entender a língua atrapalhou em muito, embora os tradutores compensassem esta dificuldade, todavia todos os argumentos que Rodrigo usava para fechar a conta com eles eram sumariamente postos por terra, pela total falta de experiência da cultura japonesa, diante disto Rodrigo pediu um prazo para fazer um levantamento dos costumes do povo japonês e depois apresentar um novo projeto. Os japoneses torceram o nariz, mas aceitaram; seu chefe lhe perguntou:

- Tem certeza que pode dar conta disto, senão eu passo o serviço para o Gustavo.

- O Gustavo não sabe amarrar o cordão dos sapatos.

- Tudo bem, estou confiando em você.

No almoço, bons argumentos, boa margem de lucro no mercado e fixação da marca foram decisivos para a aceitação da "Vista-se Bem" com a empresa têxtil, os fornecedores estavam muito animados de poderem participar de um projeto de tamanha qualidade. Assim o projeto foi classificado pelo presidente Jocundino.

Com os americanos foi um pouquinho mais difícil, novamente esbarrando na questão cultural, mas como o idioma era muito mais claro para Rodrigo, a missão de apresentar um projeto plausível tornou-se menos trabalhosa e por conseguinte entrar no mercado americano tornou-se uma realidade.

Após o término da reunião, já atrasado para o jantar em casa que havia combinado com o filho, saiu em disparada para o carro, sem se despedir muito bem de ninguém. No caminho ele atende ao telefone:

- Alô.

- Oi querido.

- Joana, tudo bem?

- Sim, vou estar melhor quando você estiver comigo.

- Olha Joana, hoje não vai dar, eu vou pra casa jantar com o meu filho e a minha mulher, eles estão me esperando, eu não tenho dado muito atenção ao meu filho...

Nisto Rodrigo tem que fazer uma manobra de fórmula 1 para evitar uma batida de frente num carro que perdeu a direção. Mesmo assim retorna a conversa ao celular.

- O que foi isto?

- Não é nada é que eu estou dirigindo.

- Então é melhor eu desligar não quero que você sofra um acidente, espero você em 20 minutos.

- Joana você não...

Era tarde Joana já havia desligado, Rodrigo ficou muito intrigado totalmente confuso, sem saber o que fazer, será que poderia falhar de novo com o filho, será que seria novamente perdoado, o que diria a esposa que a reunião foi até muito tarde. Dúvidas terríveis o assolavam. Mas ele não teve muito tempo para dúvidas, era melhor visitar a Joana e chegar um pouco atrasado em casa.

Logo ao chegar ao apartamento de Joana, no horário marcado, encontra a porta arrombada, um quantidade imensa de sangue, Joana jogada num canto da sala e Juarez, seu marido com uma arma apontada para o visitante e a mesma é disparada.

Moral da História.

" Apesar de saber o que é certo fazer, às vezes não conseguimos resistir ao chamado da morte."

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