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quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Um Conto Recontado

Meredith Simas era a segunda de quatro filhas, morou com seus pais por alguns anos, sempre muito sapeca, conseguiu várias escoriações durante sua infância, algumas com cicatrizes para toda a vida, viciada em TV, passava muitas noites vendo seriados, filmes e novelas. Sempre muito estudiosa e com facilidade de aprendizado, despertava muita inveja em seus colegas que viviam dando apelidos horríveis para ela, por óbvio, ela se ofendia, mas não deixava que isto interferisse na sua capacidade de fazer amigos. Sua mãe não trabalhava, seu pai cuidava de arrebanhar o erário para o sustento de todos, sacrificando sua convivência com a família, Meredith achava ele distante e bravo, também temperamental. Como toda boa adolescente, quis namorar, ação esta não recebida muito bem por seus genitores, mas o garoto por quem se interessara faria 18 anos em pouco tempo, ela, com 15, achava que já tinha maturidade para tomar as próprias decisões. Para não perder o controle da situação sua mãe convenceu seu pai que o melhor a se fazer era deixá-los namorando sob sua supervisão e assim foi feito. Por descuido, afã juvenil ou falta de informação apaixonou-se e engravidou criando uma situação que seu pai qualificou de vexatória, não obstante, disse que assumiria o neto se ela não se casasse com o seu "namorado". Meredith estava decidida, não queria ser conhecida como irmã do próprio filho, então resolveu que assumiria a situação e disse que se casaria com o namorado que se chamava Homero Juvêncio. Homero por sua vez disse que conseguiria através de seus serviços temporários cuidar da criança, mas o pai de Meredith não viu isto com bons olhos e disse para sua filha: "A partir de hoje está por sua conta Meredith, não te darei 1 só centavo do meu dinheiro para você cuidar de seu filho terá que fazer tudo com o suor do seu rosto ou com o suor deste aí" e, no maior estilo Javé, abandonou a filha a sua própria sorte, sua mãe com muita negociação conseguiu convencer seu pai que, se chamava Guilherme, a deixar Meredith construir uma casa nos fundos do terreno. Passados alguns anos Meredith já com 2 filhos percebeu a bobagem que havia feito, com a eterna mania de grandeza e empregos escassos Homero servia mais de móvel da casa do que de provedor do cofre da família. Ela que, estava em vias de iniciar a faculdade da qual não abriu mão, apesar das constantes ameaças do marido, resolveu deixá-lo e se mudar da casa dos pais. Passou muitas dificuldades, mas acabou se estabilizando, conheceu um novo namorado, mais madura e sábia, entendia que este namorado pelo menos deveria ter um emprego e traumatizada com o casamento, não quis fazer isto novamente. Seu novo namorado também tinha uma certa megalomania, mas ao menos era provedor, ciumento ao extremo, chegava a ligar 10 vezes ao dia só para perguntar onde ela estava, por um momento achou que era amor, mas com o tempo foi percebendo que era um sentimento de posse e até um tipo de controle, tempos mais tarde tinham adquirido alguns bens e Meredith finalmente percebeu do que se tratava o pseudo-amor de seu namorado que se chamava Bernardo. Em uma ocasião sem avisar entrou em um restaurante com suas irmãs e para sua surpresa Bernardo que havia dito que ficaria até mais tarde no escritório entrou com outra mulher no restaurante, depois de algumas tentativas de explicaçoes, Bernardo achou melhor não se expor em público e disse que conversaria mais tarde com Meredith. Ela aceitou de início, mas sabia que aquele relacionamento estava morto, chegou a ficar alguns meses longe de Bernardo que com seu charme que somente os experientes tem, conseguiu reconquistar Meredith, mas seu vício incontrolável foi mais forte e desta vez Meredith não deixaria passar. Muito anos mais tarde estava só, seus filhos já criados não passavam muito tempo com ela tinha uns poucos amigos através dos quais conheceu Apolo. Apolo tinha um nome grego, mas era muito simples, não demorou muito para perceber que este homem seria diferente dos outros e com o aprendizado das experiências anteriores evitou diversos mal entendidos, foi sincera e exigiu sinceridade, poucos meses depois já estava casada, Apolo queria ter um filho e ela que já estava próximo dos 40 anos, ficou um pouco preocupada, mas aceitou o pedido do marido, então tiveram mais uma filha, ter filhos na maturidade é muito melhor a nossa paciência não é a mesma, mas a condição financeira tornam as coisas mais fáceis. Apolo era trabalhador, fiel e sincero. Um dia Meredith está passeando pelo centro da cidade e uma cigana agarra as suas mãos, olha para as linhas das mesmas e diz:
- Um grande perigo, um grande escolha, história reescrita, cuidado com o que deseja.
Diz isto larga a mão de Meredith e desaparece na praça. Chegando em casa conversa com Apolo:
- Oi meu amor, como foi o seu dia? Pergunta Apolo.
- Foi estranho, uma mulher me disse, cuidado com o que você deseja.
- Uma cigana?
- Sim, como sabe disto?
- Acabei de ver no jornal que uma mulher tem parado pessoas na rua e dito coisas estranhas, mas não conseguiram identificá-la ainda.
- Não deve ser nada.
- Você não ficou impressionada, ficou?
- Não. - diz isto sem muita convicção.
No outro dia no trabalho de Meredith:
- Olá amiga.
- Oi Meredith, como vai o seu marido dos sonhos.
- Tira o olho, já tem dona.
- Desculpe Meredith, mas você fala tão bem dele que tenho vontade de ter um igual.
- Acho que não existe muitos como ele.
- A sua vida está perfeita agora não está?
- Acredito que sim.
- Você mudaria alguma coisa se pudesse?
- Claro, morro de arrependimento de ter casado cedo de ter tido a experiência com o meu primeiro marido, casei com ele quando tinha 15 anos, eu não tinha nada na cabeça e achava que era o certo a se fazer.
- Mas o que você mudaria, não se casaria com ele ou preferia não tê-lo conhecido.
- Acho que preferia não tê-lo conhecido.
Uma coisa estranha acontece, Meredith vê a imagem da amiga se dobrar e como num passe de mágica se vê com 14 anos no colégio do ensino fundamental conversando com Kate sua melhor amiga:
- O que está acontecendo?
- Não sei. Você está bem Meredith?
- Acho que não. - Passa mal e desmaia.



Continua

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