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quarta-feira, julho 08, 2009

Em busca do pé de coelho

- Eu gostaria de falar com o Jamil.
- O Jamil não trabalha com a gente, faz uns dez anos, quem queria falar com ele?
- É a esposa dele.
- É mesmo e porque esta voz de macho?
- Tudo bem, não é a esposa dele, é que eu não consigo encontrá-lo e tenho um trabalho importante para ele.
- Faz o seguinte, como é teu nome mesmo...
- Rui.
-...então Rui liga para o recursos humanos da empresa Ligadura, segundo o pessoal daqui, ele foi trabalhar lá quando saiu desta empresa, talvez eles possam te dar maiores informações sobre ele.
Em outro parte do estado:
- Ligadura, faz muito tempo que não ouço este nome, porque quer saber desta empresa?
- É o seguinte eu soube que ela faliu há uns cinco anos e estou escrevendo um artigo para um jornal sobre o porquê da bancarrota das empresas em nosso estado, como você trabalhou lá, achei que pudesse me dar subsídios para a história.
- Claro, porque não? Primeiro é necessário dizer que a administração era pífia, não havia fluxo de caixa, na verdade, o pessoal da indústria costumava chamar de "fluxo de bolso" porque o dinheiro não chegava a entrar na empresa ia direto para o bolso dos patrões e assim os funcionários ficavam meses a fio sem receber, mesmo quando a empresa ia bem.
- Uma empresa como esta não poderia durar, o que eles faziam para se manter no mercado?
- Algumas coisas, borderôs de empresas fantasmas com duplicatas da empresas, aplicações nos extintos open e over night, em suma a famosa, e graças a Deus extinta, ciranda financeira.
- Por que ninguém denunciava as falcatruas que aconteciam nesta empresa?
- Porque todos tinham o rabo preso, desde o fornecedor até o atacadista, todos faziam a mesma coisa, talvez de maneiras diferentes, mas era um bando corruptos, não tinha como um acusar o outro sem ser implicado; e ainda assim, vez por outra, a empresa era roubada em esquemas não conhecidos da alta cúpula.
- Você pode afirmar categoricamente porque a empresa Ligadura fechou as suas portas e abriu falência, mesmo antes do fim da ciranda financeira?
- Posso sim, com toda certeza foi o incêndio de 2004, coincidentemente em 11 de setembro, alguns atribuíram isto a cabala, outros a numerologia, mas a verdade é que foi imperícia de um funcionário mesmo, o seguro não quis pagar pelos estragos, em virtude de não considerar um acidente e sim uma inaptidão funcional. Não fosse por este incêndio, com certeza a Ligadura estaria aí até hoje, pois cimento é algo que foi, é e será sempre necessário.
- Obrigado pela entrevista senhor??...
- Coelho.
- Coelho, é sobrenome não é.
- Não, é nome, Coelho Martins.
- Então obrigado senhor Coelho Martins.
- Disponha.
Ao descobrir que a empresa Ligadura não existe mais, Rui se vê numa sinuca de bico, pois perdeu a sua melhor pista:
- Até quando a gente precisa achá-lo?
- Para ontem, só ele é capaz de realizar este trabalho.
- Então temos um problemão, porque não sabemos nem por onde começar.
Guaianazes adentro a sala:
- Rui, e o nosso homem?
- Sumido, senhor Guaianazes.
- Não esperava menos dele, você acha que pode localizá-lo.
- Sinceramente?
- Sim.
- Não.
- Então Rui, vou chamar um sujeito que acha agulhas em palheiros.
- Eu
conheço?
- Conhece sim, é o Vidigal.
- Aquele vigarista?
- Sim, o melhor vigarista investigador de que já tive notícia.
- Se quiser jogar seu dinheiro fora tudo bem.
- Você não me deu escolha Rui, eu preciso encontrar este homem no máximo amanhã.
Instantes depois:
- Vidigal?
- Fala Guaianazes, em que posso ajudá-lo?
- Um nome Jamil Martins, preciso dele aqui, na minha sala, até as 10 horas de amanhã.
- E estamos falando da cifra de???
- 200 mil reais, se prazo cumprido; a cada minuto de atraso, 10 mil de recuo na recompensa.
- Temos um acordo, ele estará aí amanhã de manhã, palavra de Vidigal.
Continua

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