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quinta-feira, junho 02, 2011

Vultos Históricos do Paraná - Emiliano Perneta

Emiliano David Perneta - Nasceu no século XIX em Pinhais, hoje município emancipado, antigamente zona rural de Curitiba. Este Perneta de seu sobrenome foi incorporado devido a um apelido de seu pai. Além de ter sido jornalista, advogado e professor de português, Perneta foi um dos fundadores do clube republicano de Curitiba e publicou, em livros, jornais e revistas, poesia e prosa poética simbolista. É considerado o maior poeta paranaense, foi influenciado pelo parnasianismo, também era abolicionista, fez palestras em defesa de ideais libertários. Publicou artigos políticos e literários, assim como passou a incentivar, em Curitiba, a leitura do escritor Baudelaire, fato marcante para o surgimento do simbolismo no Brasil. Publicou seus primeiros poemas em O Dilúculo, de Curitiba, em 1883. Mudou-se para São Paulo em 1885, onde fundou a Folha Literária, com Afonso de Carvalho, Carvalho Mourão e Edmundo Lins, em 1888. No mesmo ano publicou as obras poéticas Músicas, de versos parnasianos, a Carta à Condessa D'Eu. Foi também diretor da Vida Semanária, com Olavo Bilac, e colaborador do Diário Popular e Gazeta de São Paulo. Republicano no Império, tanto que no dia 15 de novembro de 1889 formou-se em direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, sendo escolhido orador da turma, fez um discurso inflamado em defesa da República, sem saber que a mesma havia sido proclamada horas antes no Rio de Janeiro. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1890. Lá, colaborou com vários periódicos e, em 1891, foi secretário da Folha Popular, na qual foram publicadas as manifestações iniciais do movimento simbolista, assinados pelos poetas B. Lopes, Cruz e Sousa e Oscar Rosas. De volta ao Paraná, criou a revista simbolista Victrix em 1902. Em agosto de 1911, ao retornar para Curitiba, foi aclamado “príncipe dos poetas paranaenses” em uma festa no Passeio Público. Em 1913 publicou o poema livreto Papilio Innocentia, para a ópera do compositor suíço Léo Kessler, sobre o romance Inocência de Visconde de Taunay. Sua obra poética inclui Ilusão (1911), no qual se faz presente a estética simbolista, Pena de Talião (1914), os póstumos Setembro (1934) e Poesias Completas (1945). Em 19 de dezembro de (1912) participou da fundação do Centro de Letras do Paraná, que até hoje exibe o seu busto na entrada, sendo seu presidente de (1913) a (1918). Pelo seu dinamismo e obras, foi homenageado por diversos contemporâneos, entre eles, Nestor Victor, Lima Barreto, Andrade Muricy. Tais homenagens aconteceram em vida e também após a sua morte, ocorrida no dia 21 de Janeiro de 1921 na pensão de Oto Kröhne, na Rua XV de Novembro, 84.
Principais poemas
Borboleta, Damas, Dor, Hércules, Canção do Diabo , O Brigue, Esse Perfume, Ovídio, De um Fauno, Setembro, Para um coração, Mors.
Segue uma poesia do poeta:
Ilusão (1911)


DOR


Ao Andrade Muricy


Noite. O céu, como um peixe, o turbilhão desova
De estrelas e fulgir. Desponta a lua nova.
Um silêncio espectral, um silêncio profundo
Dentro de uma mortalha imensa envolve o mundo
Humilde, no meu canto, ao pé dessa janela,
Pensava, oh! Solidão, como tu eras bela,
Quando do seio nu, do aveludado seio
Da noite, que baixou, a Dor sombria veio.
Toda de preto. Traz uma mantilha rica;
E por onde ela passa, o ar se purifica.
De invisível caçoila o incenso trescala,
E o fumo sobe, ondeia, invade toda a sala.
Ao vê-la aparecer, tudo se transfigura,
Como que resplandece a própria noite escura.
É a claridade em flor da lua, quando nasce,
São horas de sofrer. Que a dor me despedace.
Que se feche em redor todo o vasto horizonte,
E eu ponha a mão no rosto, e curve triste a fonte.
Que ela me leve, sem que eu saiba onde me leva,
Que me cubra de horror, e me vista de treva.
Emiliano Perneta


A poesia de Emiliano Perneta costuma ser vinculada ao Simbolismo. Segundo o crítico Péricles Eugênio da Silva Ramos, "Emiliano Perneta, dentro de sua corrente literária, tem personalidade e merecimento, podendo figurar, sem favor, entre os nossos mais típicos e notáveis poetas simbolistas".

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