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sábado, dezembro 17, 2011

LHB - Curupira

Um índio, Caiuá, morava em sua tribo brincando com as demais crianças, fazia muitos moldes com o barro que encontrava, seus pais achavam muito estranho que fizesse tantas caricaturas e estátuas, em sua maioria desconhecidas até mesmo dos antigos, mas achavam que era coisa de criança. Caiuá estava atingindo os sete anos, estava próximo de enfrentar o ritual que todos da família deveriam passar, os homens tinham que superar seus medos e a partir de então serem caçadores e provedores da família, o pai de Caiuá tinha certeza que seu filho lhe daria muito orgulho, porém no dia do ritual, ninguém conseguia encontrar Caiuá. Sua mãe, em desespero percorre a mata e encontra Tamborino:
- Você viu o Caiuá?
- Sim.
- Onde ele está.
- Sei onde ele estava. Onde está não sei.
- Você está brincando comigo, Tamborino?
- Não.
- Então me diga o que aconteceu?
- Acho que Tupã veio visitá-lo.
- Tupã, por que diz isto?
- Estava andando pela floresta procurando por ele como todos e o vi, quando cheguei perto, uma luz o envolveu e ele sumiu.
- Como era esta luz?
- Muito forte e vermelha, apareceu o envolveu e sumiu.
- Onde foi isto?
Tamborino leva a mãe de Caiuá ao local, ambos encontram uma marca côncava na terra como se uma enorme bola de fogo estivesse aparecido por ali. Sete anos mais tarde, quase ninguém se lembrava do incidente, quando aparece um rapaz desconhecido na aldeia:
- Mãe - grita ele.
- Caiuá, onde está você?
- Estou aqui mãe.
Ela corre para abraçá-lo, mas não o reconhece, só sabe que a voz é dele, seu cabelo vermelho e pernas viradas para trás assustam seus pares:
- Onde você esteve menino.
- Onde estive, estava procurando vocês, hoje é o dia da iniciação não é?
O pajé Murapuava diz:
- Aconteceu de novo.
- O que aconteceu de novo pajé?
- Este menino perdeu sete anos de sua vida, não se lembra de nada, mas foi levado por Tupã.
- Como sabe disto?
- Há muitos anos numa noite de lua cheia, Seremuel foi levado de sua tribo, voltou depois de sete anos e não conseguiu se adaptar ao lapso de tempo a que fora submetido, então se afogou no ribeirão, ninguém pôde ajudá-lo. Venha comigo meu rapaz acho que posso ajudá-lo.
Murapuava leva Caiuá ao sua oca e lá joga um pó no fogo, a fumaça entra nas narinas de Caiuá e ele entra em transe:
- Onde você esteve Caiuá?
- Com Tupã.
- Onde ele mora?
- Em uma estrela a Noroeste da aldeia.
- Como foram até lá.
- Estávamos aqui, de repente estávamos lá.
- O que Tupã queria com você?
- Ele disse para eu cuidar das matas.
- Por quê?
- Ele disse que retornaria e que eu deveria garantir que ele encontrasse tudo como ele criou.
- Como foi que o seu cabelo mudou.
- Tupã o mudou.
- Como?
- Um líquido mágico.
- Porque suas pernas estão viradas para trás.
- Tupã disse que me daria poderes, mas que para isto precisava inverter a direção da minha mente, ele disse também que quando minhas pernas voltassem ao normal ele retornaria.
Murapuava pega um recipiente enche de água e joga em direção a Caiuá, mas antes de ser atingido a água para no ar:
- Como fez isto Caiuá?
- Tupã me deu poderes.
Então a oca se transforma num jardim muito bonito com várias pássaros desconhecidos, uma sinfonia da natureza com som de cachoeira ao fundo, logo depois a imagem da oca retorna a água se desvia de Caiuá entra novamente no recipiente e Caiuá cai num sono profundo. Após quatro dias, Murapuava entra em sua oca e percebe que Caiuá não mais se encontra lá, avisa a todos na aldeia que organizam as buscas, depois de muito procurarem, Murapuava encontra Caiuá comendo uma manga sentado embaixo de uma árvore:
- Se queria comida era só pedir.
- Tenho uma missão Pajé, não posso permanecer com vocês, Tupã conta comigo.
Caiuá começa a correr e desaparece numa velocidade incalculável, vendo que as árvores passam muito rápido por ele, Caiuá se assusta e acaba caindo porque bate de frente com um javali:
- Você?
- Sim, me conhece?
- Claro, todos conhecem você.
- Eu o vi em meus sonhos, Tupã disse que viria.
- Você conversou com Tupã.
- Tupã fala comigo há muitos anos.
- Estive com ele por setes anos.
- Falou com ele cara a cara.
- Se é que se pode dizer isto, ele não tem um rosto como o nosso, mas posso dizer que sim.
- Venha comigo, como se chama?
- Eu sou o Caiuá e você.
- Me chamo Guivarra, mas pode me chamar de Caipora. Sabe, Caiuá não combina com você, você é muito pequeno parece uma criança, vou chamá-lo Curupira.
- Como me achou Guivarra?
- Tupã disse que somos meio parentes por isto eu deveria ajudá-lo.

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