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terça-feira, maio 30, 2006

O caso do colchão

Como todos os seres humanos normais e urbanos, Fabíola precisou trocar o seu colchão e foi até a loja famosa por dar descontos e ótimas formas de pagamento, a ELOS DOURADOS. Encontrou o vendedor que se chamava Tobias:
- Pois, não.
- Olá, Tobias, não é? (viu em seu crachá)
- Sim, e você?
- Ahn Fabíola, eu vim comprar um colchão.
- Certo, venha comigo. Eu tenho todas as variedades, desde o de molas até os de espuma simples.
- Sim, eu quero este colchão que eu vi no encarte.
- Claro, já vi que a moça tem bom gosto. Este colchão é um dos nossos melhores, infelizmente não temos deste colchão na loja, mas temos no depósito e mandaremos entregar assim que possível. Enquanto isso, quer ver mais alguma coisa.
- Sim, também quero um jogo de quarto.
Depois de muito olhar, conversar consigo mesmo e fazer algumas contas quanto as prestações, Fabíola fechou negócio com Tobias:
- Quando o Senhor manda entregar para mim?
- Acredito que neste sábado deve estar chegando na sua casa.
- Ótimo, que horário?
- Entre 10:00 e 14:00 horas.
Fabíola passou a semana totalmente despreocupada e quando chegou o dia da entrega, esperou em casa, enquanto realizava alguns afazeres domésticos, como não chegava a encomenda no horário marcado, começou a preocupar-se, mas apenas meia hora depois o caminhão de entrega estava na sua casa.
- Senhora Fabíola?
- Apenas Fabíola, por favor.
- A senhora encomendou um jogo de quarto, não foi?
- Exatamente.
Mas para surpresa de Fabíola o colchão não fazia parte da entrega:
- Agora só falta o colchão.
- Bem, Fabíola, não enviaram nenhum colchão para senhora.
- Como é que não.
- Esta é a nossa última entrega, não tem mais nada no caminhão, é melhor a senhora ligar para a loja na segunda-feira.
Fabíola, não se mostrou tão preocupada, quanto a situação exigia e calmamente esperou o momento certo de ligar para o gerente da loja na segunda.
- Elo Dourado, Patrícia, bom dia.
- Bom dia Patrícia, o meu nome é Fabíola, eu estive loja de vocês terça-feira passada e comprei um jogo de quarto, mas na hora da entrega, o meu colchão não veio junto com o restante das mercadorias, gostaria de saber o que houve.
- A senhora lembra o nome do vendedor.
- Não me lembro infelizmente.
- Certo, eu vou passar a senhora para o gerente Marcos.
- Tudo bem.
- Marcos, Bom dia.
- Bom dia, Marcos, o senhor já está a par da minha situação.
- Sim, Dona Fabíola, ocorre que infelizmente, não temos este modelo de colchão no nosso estoque, tivemos um problema com a fábrica, que não entregou em tempo hábil, mas eu prometo para a senhora que tão logo resolvamos o caso, enviaremos o colchão ao seu endereço.
- E isto se resume à quantos dias?
- Ah no máximo até o próximo final de semana.
- Tudo bem, obrigado Marcos, então sábado que vem, o colchão está lá em casa.
- Com toda certeza, pode contar com isso.
Passada uma semana, o colchão não veio e novamente Fabíola se viu obrigada a ligar para a loja, desta vez falando com outro Gerente:
- Tem certeza, Dona Fabíola, ainda não entregaram o colchão para a senhora, mas que absurdo. Eu vou ligar agora mesmo para o estoque e verificar o que está havendo.
- Tudo bem, eu espero a sua ligação.
Logo:
- Dona Fabíola, aconteceu o seguinte o seu colchão é um tipo específico que ainda não temos em estoque, o imbróglio, com a fábrica ainda não foi resolvido.
E isto se perdurou por longos dois meses, com ligações semanais e até diárias, sempre trocando os nomes dos gerentes, mas as respostas sendo sempre as mesmas até que:
- Dona Fabíola, a senhora não acha melhor trocar por outro colchão, nós daremos um vale da loja, caso o valor seja menor.
- Não, não aceito. Eu quero o meu colchão, eu comprei aquele colchão e vocês vão me entregar aquele colchão, e olha minha paciência já se esgotou, meu primeiro cheque já vai cair e eu continuo dormindo no chão, se vocês não resolverem isto esta semana, eu vou na defesa do consumidor e se não resolver, eu vou para a imprensa, estou cansada de ser enrolada por vocês.
- Calma, dona Fabíola, também não é assim, a senhora sabe que temos feito o possível pa...
- O possível, o senhor acha normal que eu tenha que esperar dois meses para receber uma mercadoria, se eu soubesse que a sua loja era desse jeito, jamais teria comprado com vocês, olha que eu susto estes cheques e aí eu quero ver como fica.
- Tudo bem, dona Fabíola, acabei de receber uma boa notícia, o imbróglio com a fábrica foi resolvido e esta tarde, seu colchão será entregue.
- Esta tarde, mas não tem ninguém em casa.
- Alguém não pode receber pela senhora.
- Não, não pode, vocês não podem agendar outro dia.
- Quando a senhora vai poder estar em casa.
- Só no sábado.
- Ih, Dona Fabíola, então só vou poder entregar para a senhora daqui a 15 dias.
- 15 dias, você tá louco, mas 15 dias dormindo no chão, eu devo ter cara de palhaça.
- Veja bem, eu posso entregar para senhora amanhã, mas a senhora não pode receber, ou a senhora pode vir buscar aqui.
- E como é que eu vou carregar este colchão no meu carro.
- É vai ser difícil.
- Tá tudo bem, eu espero os quinze dias.
- Foi um prazer negociar com a senhora.
- Prazer é o cacete, você só faça o favor de entregar meu colchão no dia especificado.

E finalmente depois de longos três meses o colchão encontrou a sua fôrma na cama de Fabíola.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito da história, porém caso este fato acontecesse eu acredito que não teria tanta paciência. Você demonstrou ter muita facilidade em escrever esta crônica. Sou sua fã.
Beijos
Fátima