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sexta-feira, maio 05, 2006

O Negócio É Amar

Camila conheceu Jorge numa danceteria. Ele era jovem, radiante e dançarino, tinha apenas um pequeno defeito, imperceptível na época, era alcoólatra. “Ora, mas todos os jovens bebem”, pensou Camila. Começaram a namorar, aliás era só o que faziam. Ele trabalhava como pedreiro, ela era diarista. Estudar? Que estudar, cara? Estudar é coisa de velho e castigo de criança mal criada. O importante é ter uma profissão e Jorge tinha: pedreiro. Camila também: doméstica. Depois de muito namorarem, acabaram se estranhando. Aconteceu o famoso “arranca-rabo” como dizem na periferia. Camila disse: “Jorge, nunca mais”. O mesmo discurso ouvia-se de Jorge: “Camila, nunca mais”. Perguntavam-se os parentes o que teria ocorrido. As fofoqueiras de plantão diziam que Jorge era muito preguiçoso, não parava em emprego algum e gastava todo o dinheiro que ganhava em bebida, por outro lado Camila gostava muito de dinheiro e Jorge não tinha o suficiente para bancá-la. Mas o tempo é o senhor da razão e, inexplicavelmente, algum tempo depois de separados, Camila e Jorge voltaram a namorar e desta vez era prá valer, casaram-se e tiveram duas filhas ruivas. Os pais de Jorge ofereceram os fundos do terreno para que o mesmo construísse a sua casa e assim foi feito. Camila parou de trabalhar. Jorge continuou a viver desregradamente a única diferença é que não saía para as danceterias, ele sustentava a família com pequenos serviços, nunca respeitou patrões e nem horários, por isto não parava em serviço algum, o problema com o alcoolismo foi ficando mais grave, mas ao contrário do que se imaginava ele jamais foi violento, ele chegou a procurar ajuda se internou por duas vezes em instituições para alcoólatras e cada vez que isto ocorria era uma esperança para Camila, mas a abstinência era apenas por algum tempo, quase vinte anos se passaram desde o casamento e um dia Camila cansou de toda a incapacidade de Jorge. Voltou a trabalhar e ajudada por sua mãe começou a criar as filhas sozinha, acionou Jorge na justiça, mas ele fez o favor de ficar desempregado, só para não pagar a pensão. Todos acreditavam em Camila ela voltou a estudar e se mostrou interessada em subir na vida, quem podia ajudar financeiramente sempre ajudava, mas ela voltou a freqüentar a noite e a trazer vários namorados para casa, perdeu o respeito de todos e as ajudas financeiras também. A mãe de Jorge vendeu a casa dele para um parente que acionou Camila para que desocupasse a casa. Camila arrumou um advogado, mas ele pouco pode fazer. Camila estava ameaçada de despejo. E como “desgraça pouca é bobagem”, ela engravidou de um de seus namorados. Qual deles? Só com D.N.A., caro leitor. Ela acusou um que não assumiu, depois acusou outro e outro e por fim resolveu tomar um chá que uma amiga receitou e abortou. E a vida continua, não tão certa como a gente imagina, mas como diz aquela canção “... mas não interessa o negócio é amar”.


Ao final desta crônica o leitor poderia perguntar: “Mas que canção, cara pálida?” Prá quem não sabe, a canção é de “Jô e Tuco” e o nome dela é “O negócio é amar” se você ainda não ouviu esta música, vá ouvir! Ou tá me achando com cara de rádio.

2 comentários:

Marilda Confortin disse...

Epa! eu não conheço mesmo essa p...a de música. Mas a crÔnica ficou boa.

Anônimo disse...

Prefiro você escrevendo fatos cômicos, esta crônica é muito trágica, quero ler mais histórias. Beijos Fátima